A nutrida comunidade galega de Euskal Herria tem, desde há quase um lustro, um referente no seu idioma nas ondas. Trata-se de Ireki Gaiola, um programa de rádio no nosso idioma no que tenhem cabimento algumhas das dinámicas sociais, políticas e culturais que sedesenvolvem na Galiza interior e na diáspora. Falamos com Davide Seném, um dos membros do programa, que nos conta polo miúdo as origens e objectivos do projecto.

Como nasce Ireki Gaiola?

A ideia nasceu no seio dumha associaçom cultural chamada Galizaleak, na que galegas e galegos que residimos em Bilbo começamos a reunir-nos com várias motivaçons. Pretendíamos estar juntas para nom perder o idioma, organizar actos em dias sinalados do calendário galego, convívios…através da Cátedra de Língua Galega da Universidade de Deusto, com a que colaboramos, lançamos obradoiros de leitura de livros galegos, comemoramos datas históricas…e foi entom quando jurdiu entre nós a ideia de fazer um programa de rádio. Tivemos a sugestom de fazê-lo na estrutura radiofónica do Euskaltegi do Café Antzoki, onde existe também um programa em língua catalá. Umha vez que se nos fai este oferecimento, um grupo de pessoas reunem-se e ponhem-no a andar no interior do projecto Bilbo Hiria Irratia.

Qual é o funcionamento interno do grupo promotor?

Eu nom participei desde o início, polo que nom podo falar das origens; sei que foi modificando o seu formato ao longo destes quatro, quase cinco anos: houvo jeiras mais dominadas pola parte musical, outras com mais presença da literatura, isto sempre em funçom dos recursos com que se contava.

Arquivo de Ireki Gaiola

Acho que o mais destacável do funcionamento do programa na actualidade é a utilizaçom das novas tecnologias, trabalhamos organizativamente na rede, e através dela fazemos propostas de temas a tratar, repartimos os contactos, e elaboramos um roteiro que se vai revisando até que fica pronto para o dia de gravaçom da emissom. Todas as pessoas que elaboramos o programa, nas tarefas prévias e na própria intervençom do dia, somos voluntárias, se bem os técnicos que nos fornece o Euskaltegi som profissionais.

Que salientarias do que levades conseguido até agora?

Desde um primeiro momento plantejamos o projecto como umha espécie de embaixada cultural galega em Euskal Herria, e penso que conseguimos sê-lo. Conseguimos ter umha difusom ampla, conseguimos que os galegos e as galegas destas terras -e em geral todas as pessoas amantes da nossa cultura- acedam a conteúdos aos que de outro modo é difícil de aceder. Cumpre levar em conta que aqui, em Euskal Herria, nom é doado chegar a fazer-se umha ideia da realidade galega, pois o papel dos grandes meios de comunicaçom é determinante na hora de dar umha visom sesgada.

Neste tempo de comunicaçom volcada nas redes sociais, que pensas que pode achegar ainda a emissom radiofónica?

Achega algo tam importante como poder escuitar a palavra; personaliza os conteúdos, dá pé a escuitar os matizes da língua, as pausas, as entonaçons…todo o que um se perde na escrita, em síntese. De algumha forma, a rádio tem mais cercania emocional. Para além disso, se as redes sociais som muito absorventes, a rádio permite umha atitude mais relaxada do receitor, permite escuitá-la mentres se fam outras tarefas, mentres se vai no carro, ou mentres se folga. Por isso penso que continua a ser insubstituível, a pesar de todas as outras inovaçons tecnológicas.

Arquivo de Ireki Gaiola

Qual é a vossa relaçom com a comunidade emigrante galega?

As comunidades galegas de Euskal Herria tenhem umha longa tradiçom de organizaçom de base, e sempre foi um colectivo enormemente implicado em dinámicas colectivas, nomeadamente culturais. Há muitíssimas Casas da Galiza, e ao longo das décadas tenhem dado um pulo importante à língua, à música e à literatura. Nós incluimo-nos nessa tradiçom.

Nos últimos tempos tenhem acontecido dous processos: as geraçons mais novas desta comunidade emigrante vam-se desligando das estruturas associativas, por umha causa mui lógica: nom nascêrom na Galiza, aderem à identidade de pais, maes ou avôs, mas elas já estám instaladas na identidade basca. Assim, por exemplo, numha entrevista com um responsável da Casa da Galiza de Donosti, este contava-nos que se há décadas a sua banda tinha sobre 70 pessoas, hoje ficam 17 ou 18.

Arquivo de Ireki Gaiola

Mas há ainda um outro processo: desde há sete ou dez anos, está a dar-se umha nova emigraçom galega cara Euskal Herria, com um perfil distinto ao das décadas de 70 e 80. Aqui chegam galegas e galegos com umn perfil alto de formaçom académica, muito conscienciados da razom pola que emigram, e que se instala sem problema na sociedade basca, identificando-se com muitas das reivindicaçons que existem aqui. E isso também ajuda a dar umha outra visom em Euskal Herria da nossa Terra.

Parte desta nova emigraçom vides dos movimentos populares galegos. Como foi o vosso encontro com os movimentos populares bascos?

A verdade é que muito doado. Se nos organizamos de partida em Galizaleak, por umha parte, era para manter vivas as inquedanças políticas e culturais que nos motivavam na Galiza; mas também para tender pontes com as inquedanças que rebolem aqui. E assim encontramo-nos com movimentos similares aqui, anti-repressivos, plataformas pro-língua, feministas…aqui é muito doado que as pessoas de fora topemos a área onde queremos desenvolver os nossos anceios activistas, de ajuda à sociedade, porque os movimentos som amplos, plurais, e além disso muito abertos para receber novas incorporaçons.