A vida, dim alguns, que é umha viagem contínua tratando de encontrar paraísos perdidos. Eu, nas viagens que pudem fazer nom cheguei a nengum paraíso, tampouco fum trás deles. Após dar algumha que outra volta, cheguei a conclusom que a metáfora leva ao engano. Todas as terras tenhem o seu aquele. Os paraísos de existir nom se perdérom, nem se perderám, temos que construi-los nas terras de cada quem, coa nossa gente achegando-nos o mais que podamos a um ideal maioritário e polo tanto coletivo, num processo dialético e onde as ideologias jogam na sua concreçom.
Ainda em tempos dumha globalizaçom com concentraçom parcelária para mui poucos, dumha revoluçom tecnológica para fazer-se coa bolsa desprezando a vida, de soberania alugada, de estados de mal-estar, de liberdades espremidas, do choio dos mercados, da paz guerreira, das fronteiras de tirar e pôr segundo convenha, de farmacéuticas jogando ao monopoly coas maozinhas, do internacionalismo chauvinista e da democracia a tempo parcial, o cosmopolitismo é refúgio e credo das elites de toda caste, vivedores de 3,1416 vidas, piratas com Smartphones de oito núcleos mas sem papagaio, mercenários a soldo base, politicólogos apolíticos e defensores dumha abstracta cosmocracia (para que todo siga igual), porque acreditam que nom chegarám marcianos invasores, outra cousa é, que aterrara alguém da estrela Ka51ra5lho, com vontades de moinhada, daquela nacionalistas da galáxia.
Hoje, sinto o frio e a humidade desta manhá às portas do inverno, e protejo-me dela, com umha chaqueta boliviana. A verdade que é bem abrigossa e tem muito colorido. Parece que chegou a primavera sobre as minhas costas. A sua cor, é coma o “jardim do paraíso”. Se algum dia vos achegades a Bolívia, lembrade-vos da kantuta, a flor nacional cos mesmos cores da bandeira que representa o País, a terra dos Aymaras e Colhas. Imagina centos destas flores derramadas sobre mim, pois assim me vejo hoje. Foi um agasalho dos amigos deste país.
Nas suas altitudes vivem e malvivem as suas gentes afeitas a tal situaçom e os que somos de longe, e nos achegamos por alô, padecemos das exigências dessa terra, ainda que naquela ocasiom umha infecçom na gorja agás outras doenças coas que convivo, ajudárom a umha pequena desfeita na saúde.
Da minha derradeira estância no Altiplano Boliviano, berce das civilizaçons antigas, Wankarani, Chiripa e Tiwanaku e outras que vinhérom depois, ainda lembro algumhas cousas das que me acontecérom quando me ponho esta peça de abrigo: a baixada do aeroporto de La Paz até a cidade com umha friagem pouco poética; a folha de coca (menzinha popular) oferecida no alojamento pensando que vinha co mal da altura; aquele Primeiro de Maio combativo, e logo, só queria deitar-me, véu umha doutora e… Nom vou fazer desta escrita, um parte medico.
Umha vez mais, após a apresentaçom, o balbordo da gente, exigia de novo, clarificaçom,…, nada tenho a ver coa chegada dos primeiros espanhóis, nada na minha mente e na minha prática cos conquistadores Francisco Pizarro e Diego de Almagro, aliás som galego. A minha estadia foi dumhas jornadas e a dominaçom imperialista espanhola tivo umha duraçom de tres séculos. Talvez, eles, se vinhessem trás dum paraíso perdido, mas nom para ficar senom para levar. Seguim a falar a minha maneira da primeira lei da termo-dinámica: a energia nem se cria nem se destrói só se transforma, (hoje em dividendos para as empresas elétricas privadas e privatizadas),…, e mais adiante, engadim, jamais participarei nalgures com intençons imperialistas, nem agachado detrás de nengumha representaçom com interesses espúrios ou económicos, venho como amigo, irmao, orgulhoso do ser humano, ainda que dalguns nom tanto, disposto à solidariedade e ao respeito pola chamada da terra a gente de cada território nacional. Assim rematei o meu falar, lembrando a Vladimir Maiakovsky, “a terra coa que partilhache a friagem, nunca poderás deixar de amá-la”.
E depois o agasalho da chaqueta, que sempre ponho quando tenho que fazer-lhe frente a dias como os de hoje. Que formoso sentir a chamada da nossa terra que ainda segue fria, mas é a minha, o meu paraíso.