Os anos vam passando e muito do vivido já é, nalgum caso nebuloso . A escolha das nossas lembranças é um bom exemplo das lagoas mentais que fazemos co nosso percurso vital. Pese a todo, somam e fam conjunto como os graus de area dumha praia ou da vegetaçom dum anaco de terra. Hoje tocou dar-lhe umha volta à película da que fomos e seguimos a ser protagonistas . Precisamos da soidade, dos espaços valeiros de gente e com fundo azul, verde ou com misturas de cores, abaneados polo ar e da  existência animal e do inumano para compreender a Sartre e o que está acontecendo na nossa terra e noutros territórios. Quando era mais novo nom gostaba da curiosidade dos demais por mim e depois, tampouco. Reconheço a sua valia e aginha comprendim que é umha habilidade que os humanos necessitamos para sobreviver e para aprender —como o medo ou a dor— mais também é certo que  tem moitas facianas. Gosto da curiosidade dum neno metendo a testa no porta dumha lavadora para mirar o que se agocha no furado, ou a dum adulto para aprender como se fai qualquer choio ou a dum velho por saber como vam as obras públicas ou quando che espetam, e ti… de quem vés sendo?. Mas algumha outra curiosidade, à vezes, mata o gato, e aos humanos pode levarnos a cometer imprudências. Nom todo vale para chegar à informaçom que desejamos .

Vou-vos falar um pouco dalgumhas curiosidades da minha geraçom na sua andadura da cativaria à mocidade (umhas fase necessária para chegar à idade adulta). Som dumha geraçom, daquele jeito, porque cada geraçom das que habitamos nesta Terra somos devedoras dum tempo de vida. Dito tempo tem algumhas características em comum como pode ter qualquer música. Ainda que a interpretaçom individual é um valor importante dentro do grupo, quase que tanto  como na vida, nom quigem nesta escrita, desbotar a importância do coletivo, da agrupaçom, da pertença ao comum dumha geraçom.

Som dumha geraçom que foi à escola a pé e volveu caminhando e quase sempre, na companha das amizades moças. Umha geraçom da lousa e do pizarrilho para aprender a escrita e as contas com uns mestres com vara de acivro e pontaria para mandar-che um aviso certificado, quando saías do rego. umha geraçom à que chegou ajuda humanitária em espécie de leite em pó e queijo em lata pola banda dos norteamericanos a prezo de bases militares mas coa propaganda, todo grátis. Umha geraçom sem guardaria que passou em pouco tempo da teta materna ao leite de vaca e mais aginha que tarde, alindou os animais nalgum erval ou polas beiras dos caminhos, ajudando-se do cadelo da casa. umha geraçom que aprendeu da pedagogia do castigo quando fijo algumha que outra falcatruada como guindar as pedras de carburo nas poças de água para mirar como fervia ou estoupavam.

Sim, sim, som dumha geraçom que fijo as tarefas da escola soa e como soubo para sair quanto antes a jogar na rua e volta para a casa quando os candis ou a planta nos fornecia com umha luz morna na “overtura”das noites. umha geraçom que, de quando em vez, e depois de cear jogava a agochar-se aproveitando a negrura das ruas, caminhos, árvores, covas, alpendres,…, porque naqueles cenários era mais doado nom deixar-se olhar. umha geraçom que amassou no barro e no pam numha copeta e ajudou a prender lume e a cozer no forno, que fijo arcos, tira-balas, monecas de trapo e aprendeu a andar na bicicleta da casa (o transporte daquela), moitas das vezes por debaixo do quadro e torcendo o corpo para colher o guiado. Umha geraçom que jogava, enrriboifaco, avevelo( as lombas noutros territórios), a bilharda e colecionava as bolas de barro, mármore ou vidro, numha saqueta que levavas como exposiçom por todas as partidas.

Umha geraçom que fijo joguetes de papel e doutros materiais coas suas próprias maos, enfarinhou-se no moinho e que gostaba das malhas, das feiras e festas, e aginha compreendeu os benefícios para o autosustento, da corte, a horta, mesmo de cuidar os porcos e de ter galinheiro próprio.

Sim, som dumha geraçom que para falar por telefone  tivo que aguardar bem tempo nom que nom faltou comunicaçom e tivo que esperar  pola chegada dalgumha tecnologia em que nom restava outra que contar-lhe à pessoa que geria a centralinha telefónica, com quem desejavas falar (em segredo), e volver aguardar a que houvesse “lina”.

Sim, sim, som dumha geraçom que tivo pais chamados velhos, nom anciaos, e já que logo este rol, foi reservado os avôs. Umha geraçom que ria baixinho antes de dormir, para que os maiores nom escuitassem que ainda estávamos espertos e daí aprendemos a ser  algo cucos e também a espelir. Umha geraçom que tivo que enfrentar a dinâmica do amor e do sexo  coas alforjas valeiras numha dialética pouco igualitária entre homens e mulheres que vai sendo tempo para que remate.

Sim, umha geraçom dos veraos do todo incluído, banhando-se no rio em “coiros”, tomando-lhe os primeiros copelos, abraiado com algumha cativa, com permisso para chegar à casa quando rematasse o baile ou a festa e sentindo por primeira vez a liberaçom verdadeira. umha geraçom do “coche de linha” e do trem que sonhava desperta no cinema e com este método viajou polo mundo sem sair da sua aldeia,vila ou cidade. umha geraçom que quando se juntava para socializar na taberna ou para jantar , permitia algumha que outra licença para esbardalhar de qualquer assunto na barra, mais quando sentava à mesa, exigia um mínimo de argumentos, explicaçons e justificaçons pola banda dos falantes.

Sim, umha geraçom que a pesar dos pesares, luitou por umha vida melhor e que ainda está disposta a segui-lo fazendo pese à engurras, canhas, calvície e que quando temos medo ou a saúde nos dá um baixom, a nossa alternativa nom é a rendiçom. Umha geraçom com um modelo da vida sustentado basicamente no esforço, na família e na amizade, quase a única maneira de sair adiante. E para rematar, umha geraçom para a que os melhores agasalhos som algumhas destas lembranças. Seguramente   botaremos um sorriso,  porque sabemos que, a felicidade nom é fazer o que um quer, senom querer o que um fai, parafraseando a Jeam Paul Sartre. Avonda ou queres saber mais  da minha geraçom?