O círculo íntimo de Dario Xohán Cabana despide estes dias numha cerimónia íntima o escritor chairego, enquanto o mundo associativo e militante, os espaços da cultura e as redes sociais choram umha das figuras mais senlheiras das nossas letras, que soubo junguir como poucos qualidadade e compromisso.
Laureado e incontestável
Xohán Cabana foi, entre outros muitos aspectos salientáveis, o escritor mais premiado da nossa literatura, e um criador polifacético que cultivou a novela, a poesia e a traduçom. Começou muito novo na nossa literatura, plenamente instalado no monolinguismo em galego, como ele manifestou, ‘por patriotismo.’
Parte da sua obra prosística recriou a tradiçom artúrica, céltica e histórica dos nossos clássicos de inícios do século XX, com obras tam marcantes como ‘Galván en Saor’ ou ‘Morte de rei’, que resgatou o silenciado Reino da Galiza.
Perfeito conhecedor de línguas como o francês ou o italiano, cabe-lhe a honra de verter para o galego a ‘Divina Comedia’ de Dante, feito polo que foi galardoado mesmo pola cidade de Florência.
Independentista e comunista
Filho da Galiza que resistiu na longa noite de pedra, descendente de família republicana do rural, foi dos milhares de moços e moças nascidas nos 50 e 60 que se incorporárom à luita antiditatorial em coordenadas inequivocamente patrióticas. Militou na UPG de Moncho Reboiras antes de este cair em combate, e na década de 80 aderiu ao independentismo explícito na FPG, partido que o representaria de por vida. Foi militante activo do sindicalismo galego desde a Reforma política, e participante das Redes Escarlata na viragem de século.
Conscienciador e animador
Junto com poetas como Manuel Maria -ao que o vencelhava, além do compromisso nacionalista, o amor pola Terra Cha natal-, Xohán Cabana foi dos poetas capacitados para ganhar enorme eco popular; alguns dos seus versos, musicados polo grupo A Quenlla, como ‘Compañeiro Daniel’ ou ‘Manifesto de Lugo’ virárom hinos nacionais e populares que se extendêrom muito além do seu autor e animárom várias geraçons integradas na militáncia política.
O nosso país perde um dos vultos fundamentais da sua cultura resistente, mas mantém na memória e no pulso dos movimentos populares um referente imorrente de lealdade nacional e compromisso.