Nos últimos meses som habituais as novas sobre a escassez de mão de obra na Galiza e também nos países da nossa contorna. A imprensa comercial dá voz a numerosos empresários que se queixam da falta mão de obra para as suas empresas. Segundo eles faltava mão de obra na vindima, falta mão de obra para a campanha de Natal, falta no setor da madeira, falta em bares e restaurantes, falta no setor do transporte e também no da construçom… Semelha que a carência de trabalhadores e trabalhadoras é geral, mas a realidade é que a taxa de paro na Galiza excede o 10 % e o paro juvenil mantem-se no 21,8 %, com umha taxa de inatividade que ultrapassa o 50 % nesta franja de idade

É difícil casar as queixas dos empresários com os dados reais de ocupaçom e do paro. Em qualquer caso, parece que as queixas da falta de mão de obra se restringem aos setores que sofrérom um processo de precarizaçom mais acusado nas últimas décadas. A precarizaçom laboral extrema de muitos elos da cadeia produtiva provocou que as condiçons de trabalho de muitas pessoas chegassem a limites intoleráveis, feito que provocou a fugida de muita gente destes setores. Parece que em realidade do que se queixam os empresários é da falta de mão de obra escrava.

Por que acontece agora?

Como já se apontou neste portal, o sistema produtivo mundial está a encontrar-se com certos limites físicos. Em primeiro lugar, a mineraçom de muitas matérias primas essenciais está a alcançar o seu pico de extraçom, feito que provoca que a oferta nom satisfaça a demanda e, portanto, estas matérias se encareçam. Estamos a falar de prata, magnésio, níquel, chumbo, cobalto, manganésio, índio, lítio, cadmio, platino, cromo, zinco ou cobre, todos eles imprescindíveis para a fabricaçom de equipamento electrónico, automóveis, eletrodomésticos, materiais para a construçom,… Tratam-se de limites geológicos, polo que dificilmente se poderá incrementar a produçom da maioria destes minerais.

Pola sua vez, algo similar está a acontecer com as fontes de energia primária, nomeadamente o petróleo, o gás natural e o carvom (entre os três somam mais do 80 % da energia primaria mundial). As três fontes de energia mencionadas superárom ou estám próximas a superar o seu pico de produçom, feito que está a aumentar os preços da energia a nível global. Este incremento repercute no custe de todo o transporte mundial, além de incrementar o valor dos minerais mencionados mais arriba, pois a mineraçom é muito dependente dos combustíveis fósseis.

Este encarecimento de matérias primas e energia é o motivo principal polo que a inflaçom interanual alcançou na Galiza a cifra do 5,7 %, o dado mais elevado das últimas três décadas. Incremento que se acentuou como era previsível na energia (eletricidade, gás e gasóleo de calefaçom no 24,2 % e o transporte no 12,5 %).

Nesta conjuntura de incremento dos custes produtivos (da energia e das matérias primas) reduz-se a taxa de lucro das empresas, polo que o Capital cada vez tem maior dificuldade para reproduzir-se. Para compensá-lo, e tratar de manter os benefícios, o Capital pressiona o elo mais débil do sistema produtivo (a mão de obra): Os empresários devem baixar os salários se nom querem falecer ante a competência polo que determinados setores já nom som compatíveis com os direitos laborais.

Esta é umha clara manifestaçom da Lei da tendência da queda da taxa de lucro. A exploraçom e precarizaçom laboral nom é o fruto da avareza dos empresários, ou polo menos nom só, mas umha condiçom do próprio sistema económico vigente.