A seis dias da cadeia humana de estreleiras na nossa capital mais antiga, no Projeto Estreleira pensamos que é acaído fazer um pequeno balanço do caminho andado; pois anda que curtíssimo ainda (apenas uns meses) está cheio de ensinanças.
Todas e todos arelamos ver rodeada a muralha, esse monumento único no mundo, com pessoas unidas de maos dadas com a bandeira nacional. E com 1745 metros cobertos hoje com pessoas pre-inscritas (16 de novembro), temos a esperança que um último pulo cívico nos permita fechar o círculo. E porém, com ainda 475 metros pendentes de atingir, imos partilhar com vós alguns logros que hoje temos acadado, e que estimamos mais importantes que a distáncia física.
Ánimo. Nom se nos escapa que vivemos tempos duros. Um virus fijo abalar muitas das nossas certezas vitais, e os tempos pandémicos som também de curtes de direitos, fascismo à alça, ameaças à identidade galega, e um colapso ambiental que sobarda o que temos conhecido. Com isso e contodo, num panorama de introspecçom, tristura, cepticismo, pensamos que este acto abriu umha pequena fenda: a gente transmite-nos vontade de mobilizar-se, alegria, esperança numha viragem das cousas. O mesmo figérom os nossos devanceiros que, há 103 anos, se organizárom numha pavorosa epidemia de gripe, numha Europa que saía da posguerra mundial, e no corrupto regime espanhol da Restauraçom borbónica. No pior dos panoramas, a Galiza abriu caminho, desafiando o pessimismo crónico.
Cooperaçom. Numha sociedade enclaustrada e de indivíduos que contam com salvar-se a si mesmos, parimos um acto produto da cooperaçom: sem bilhetes partidários e sem exigência de pedigrees. Geraçons diversas, geografias diversas, militáncias diversas, pessoas que nalguns casos nom se conheciam pugérom a andar esta engrenagem cara a muralha de estreleiras. Só a cooperaçom explica que um projecto sem pessoas liberadas, sem apoio empresarial, silenciado polos grandes grupos mediáticos, conseguisse os milhares de euros necessários para toda a infraestrutura da cadeia humana.
Visibilidade. Nom há nada mau em ser umha minoria (ainda que obviamente, aspiremos a virar maioria social). Mas si que é negativo ser umha minoria acovardada, auto-silenciada, auto-censurada e acomodada no ostracismo. A visibilidade do autoritarismo espanhol e os seus símbolos nom se deve apenas aos seus ingentes recursos económicos e políticos, senom a um estado permanente de fanfarronaria consubstancial ao seu ideário. Nós somos modestas, mas nom por isso renunciamos ao orgulho: e desde que no aniversário do Plebiscito triunfante de 1936, no passado mês de Junho, nos decidimos a inçar a nossa Terra, de Ortegal ao Minho, de bandeiras nacionais, demonstramos que somos muitas, que temos capacidade, que temos força; e que isto só é um antecipo de muitas ideias e projectos com vontade de erguer Galiza.
Emoçom. A nossa cidade mais antiga, um monumento único no mundo, o Pai Minho, a urbe que foi um centro suevo, e que atesoura o símbolo que figura na bandeira do Antigo Reino, a localidade que acolheu um dos grandes processos constituintes do movimento galego. Nada é por acaso. Sobram-nos as razons frente à imposiçom, mas quanto nos temos esquecido das emoçons…esta e é foi umha campanha para emocionar-nos com o nosso passado, o nosso património, a beleza da nossa luita, e para carregar-nos assim de energias pra o futuro.
Talento e competência. Por trás da construçom da muralha de estreleiras há obreiros, há trabalhadoras precárias, há estudantes, há gandeiros e comuneiras, há desenhadores gráficos, há professores, há engenheiros, há músicos, há desportistas profissionais e amadoras, há militantes de activismos variados, há jubiladas e há crianças do ensino convencional e das Escolas Semente. Cada um achega o seu particular talento profissional, criatividade e saber fazer, porque as habilidades pessoais som um bem social a canalizar polos movimentos populares.
E para que o talento se exprima, precisa haver competência. Quigemos também que esta campanha fosse um nom rotundo à negligência e à perguiça, aos receios à participaçom social e ao ‘fazer por fazer’ e por cobrir o expediente. Por isso achamos que os nossos actos devem ser, ademais de justos, formosos: e com o vosso talento e a vossa responsabilidade, fazemo-lo possível.
Adiante a muralha de estreleiras!
Xavier Sánchez, Noélia Outom e Jorge Longueira