A XVII assembleia do BNG, decorrida o passado domingo, serviu para dar boa fé da bonança que atravessam na formaçom. Levam o vento na popa. A inercia dos acontecimentos vai o seu prol. E semelha que, quando menos até agora, sulcam umha maré de rosas…

O evento, que decorreu no Coliseu d’A Corunha, congregou, segundo os dados da imprensa e da própria formaçom, a 3 000 militantes e a 27 delegaçons doutras organizaçons que fôrom a apoiar o evento. Os planos eram formosos. As câmaras recolhiam umha assembleia ateigada, e as imagens rápido encomeçárom a vogar polas redes. Cumpria amostrar músculo. Visibilizar o aumento da militância e deixar ver, fisicamente, o bom estado de saúde que atravessa o seu corpo social mais achegado.

Ora, a ocasiom também serviu para traduzir os dados dos inquéritos. Para baixar a terra a ilusom que estes deixam ver ao seu redor. Para fazer de carne e osso a determinaçom altista que se infere nas suas tendências eleitorais. Amais de que com todo o material que tiraram dessa jornada também vam poder seguir fornecendo o discurso positivista e de conquista do poder que lá se intuiu. Para assim seguir termando da psicologia ganhadora coa que levam um tempo caminhando, e que na competiçom política, ao igual do que acontece no desporto, também joga um papel importante à hora de poder atingir os resultados aguardados.

As cousas, pois, marcham-lhe bem. Vivem tempos doces. Nom há maior confirmaçom disto que o tratamento que os grandes meios oficiais, os agentes propagandísticos do Estado espanhol, figérom da própria assembleia. Porque a cobertura da TVG, que já nos tem acostumados a reduzir ao máximo possível o tempo que lhe dedicam ao principal partido da oposiçom, nom deveu dar encontrado a localizaçom da assembleia. Nem a mentárom. Ainda que sim tivérom a petulância de anuncia-la, na sua véspera, com umha intervençom do pp atacando o próprio BNG, a sua líder. Para depois, o dia após a assembleia, dar umha cativa cobertura à primeira comparência da nova Executiva Nacional do BNG. Com umha entrada na que só aparecia um plano da Executiva e umha pequena intervençom da própria Ana Pontom, e que foi a escusa perfeita para dar entrada a umha nova intervençom doutro membro do PP. Para que os demonizasse chamando-lhes mentireiros. Já que eles, os do PP, nom acreditavam nisso de que os nacionalistas disseram na sua assembleia: que nom eram independentistas! Umha frase que lhe serviu também à La Voz de Galicia para intitular o artigo que levava na sua capa informando do devandito ato. Igual que também figérom outras imprensas como El Diario, Agencia EFE e até o ABC nas suas ediçons na rede.

O alvo destas formas de empregarem a informaçom, cousa doada de intuirmo-nos, e que nom há de surpreender já a ninguém, nom é outro que a de tentar quebrar a paz e a unidade que atravessam no BNG. Pretendendo que foram as próprias consciências independentistas as que lhes figessem o trabalho sujo. As que se dedicassem à auto-boicotagem da única força com consciência de país que há no panorama institucional. Procurando assim os ataques dos essencialistas da definiçom. Dos que preferem, lembrando agora a Ricardo Melha, “ficar de anacrônicos gritadores de oficio, que se entusiasmam e embelezam com o grotesco, com o vulgar e o néscio das verbas.” Mas, que ganharia a nossa naçom se se definissiem como independentistas? Que vantagens estratégicas suporiam para a nossa briga? Assim nom estariam a outorgar-lhe ao espanholismo, da maneira mais parva, umha arma coa que atirar-nos doadamente?

Assim é tudo, nom deve esquecer-nos que a consequência final do nacionalismo, a sua maduraçom lógica rematasse na independência. No pleno exercício do direito natural que temos para governarmo-nos nós na nossa terra, para dispor dos nossos recursos sem tutelas alheias e para sair ao encontro do resto do mundo coma umha naçom de seu… sem intermediários!

Mas as palavras som isso: palavras! Som o de menos. Leva-as o vento. Incluso podem chegar a ser um estorvo; e de abusarmos delas até chegam a desgastarem-se. Porque se fugimos destes sensacionalismos, o certo é que, o que dixérom lá, naquele Coliseu, foi o de sempre. Nada novo. Nada estranho. Simplesmente o que já levam dito desde a sua fundaçom. O que indicam as suas mesmas siglas. Porque tampouco se lhe pode pedir ao Bloco, quer dizer, a essa reuniom de vários grupos políticos em torno de um objetivo comum, Nacionalista Galego, quer dizer, a essa doutrina política que reivindica o direito do nosso povo a se constituir em naçom; a ir mais alô! A casarem-se publicamente com umha única póla das que conformam a árvore do galeguismo. Mais quando esta corrente, e mais ala das próprias palhas mentais que queiramos fazer-nos, nom conta com grande respaldo. Nem sequer é visível davondo para o grosso da massa social da terra.

Por isso cumpre nom cair em engados. Sermos práticos. Sermos pragmáticos. Olhar de fronte a realidade pola qual caminha hoje em dia o nosso povo. Porque ele nom só é o que mais ordena, se nom que é o que marca a ordem dos discursos. Já que do contrario estaríamos a falar tam só para os nossos egos. E aí reside, ou isso acredito eu, a sabedoria do planejamento que figérom. A força da sua estratégia. Porque o próprio do saber nom é nem ver nem demostrar, senom interpretar! E hoje fai-se necessário, muito mais que a simples acumulaçom de votos, acrescentar as bases dum pensamento e dumha açom propriamente galega. Que a populaçom seja consciente das capacidades do país. Para que nos alicerces da nossa sociedade volvam a germolar os anseios dumha Galiza ceive.

Precisamos, pois, falar para obrar! Fica-nos muito por brigar, abofé. Mas, como podemos olhar com as contínuas aldragens que desde as profundidades do espanholismo mais franco nos dedicam, nos coraçons das nossas gentes ainda lateja, apesar de tudo, esse nacionalismo defensivo do que nos falaram antano. Ainda alumie-a no seu ser o reflexo instintivo da identidade galega, o agir do amor próprio ferido, que se defende perante as suas investidas. Nessas faíscas é aonde devemos ir soprar, se queremos avivar o facho soberanista. Essa é a força que temos que trabalhar. Aí é onde todas as forças conscientes desta terra teríamos que apontar os nossos azos. Para que a nossa vizinhança tire de riba todos os complexos coloniais que levamos imbuídos. Porque só poderemos começar a falar de independência quando tenhamos atingido isso. Porque ninguém despolitizado, ou com umha visom folclórica da sua própria cultura, do seu próprio ser, passa de súpeto a embarcar nas hostes do independentismo.

Mas, para isto, também fará falha que os representantes perante o Estado deixem de dançar ao rimo que lhes impom o progressismo espanhol. Que nom sejam como aqueles parlamentários irlandeses, aos que fazia referência James Connolly, “que tratavam a Irlanda, ao seu país, como a umha velha prostituta que vende a sua ialma pola promessa de favores futuros e levam a cabo a sua campanha politica co espirito desta conceiçom”. Basicamente porque avonda com botarmo-nos a vista atrás, com olhar o que figérom com o Beirismo, para percatarmo-nos de onde nos leva o caminho da boa fé, da mansedume incondicional. Mais quando o único que demostrou até agora a coligaçom do governo espanhol, cara a nossa terra, e após quase dous ano de governo, foi o de sempre. Calotes e fungalhas!

Contudo, nom quero eu debuxar aqui a estratégia do BNG coma um maná. Coma um caminho de rosas que, dumha jeira para outra, vaia trazer-nos a liberdade plena e efetiva que anelamos. Nem, moito menos, a negar a necessidade dumha praxe independentista forte. Ou a insinuar que esta se tenha que afazer à beira. Procuro, mais bem, fazer um chamamento ao mutualismo. A nom fazer-nos a cama uns aos outros. A nom pôr-nos mais atrancos dos que já temos, dos que já nos porám. A avantar chanço a chanço. A encontrarmo-nos no caminho, e a semeá-lo para a muitedume. Para que quem recolha os frutos seja toda a nossa paróquia. Porque o avanço do Bloco será umha oportunidade para o resto das forças vivas do país.

Emporisso é polo que se faz preciso sacar a ideia da independência das pochancas na que se encontra. Porque só os rios e as ondas do mar tenhem a força suficiente coma para alterar a paisagem ao seu antolho. Eis polo que os e as independentistas devemos criar um espaço comum. Um ponto de encontro próprio, heterogêneo e mais aló dos eidos da institucionalidade. Que também sirva como refúgio para aqueles descontentes com a simplificaçom do discurso e com as incongruências nas que, previsível e inevitável terá que cair o BNG nessa procura de ampliar as bases; e que se acrescentaram quando este, aguardemos que aconteça, colha poder. Porque é necessário fornecer umha vanguarda que aproveite esses conflitos para agir na rua, com o fim de naturalizar e de assentar na sua fala, as inquedanças, as necessidades e os porquês que nos empurram a bulir cara a independência. Porque quando este ideal afinque nos pensamentos e no atuar da populaçom pouco importaram as palavras. Entom falaram os feitos!