Neste ano estranho, de seguro que todo o mundo experimentou vivências novas. Acontecimentos pouco freqüentes e comportamentos insuspeitados de gente próxima. Quiçais ao enquadrar o que me passou a mim nesse cenário seja mais doado entender os feitos e relativizar o que puder semelhar evidente neles.
A começos deste ano tivem que falar com companheiros da executiva de Causa Galiza para renunciar a fazer parte desse organismo. Até aí todo normal e pareceria que vou começar com outra infumável história de liortas ínfimas no minúsculo eido organizativo do soberanismo além do Bloco. Advirto que nom é a minha intençom em absoluto, aborreceria até eu mesmo. Bem, o caso era que um dos componentes do órgao de direçom levava um ano inteiro enviando mensagens a militantes e nom militantes nas que me difamava às costas acusando-me mesmo de falcatruadas contraditórias. A uns dizia-lhes que eu queria levar o independentismo para o BNG, a outros que preconizava a volta à luita armada, a outros que atacava os sindicatos galegos… Com essa linha suja de atuaçom estava familiarizado desgraçadamente. Mesmo chegou a exigir em várias reunions que pedisse permisso antes de publicar artigos. Um pavero. Porém, quando deu em enviar capturas de ecrá do grupo da Executiva a pessoas alheias à organizaçom para injuriá-la ou a dedicar mais folgos a boicotar o trabalho que eu propunha que a construir em positivo, achei que era a linha. Dum dia para o outro, por exemplo, chegou a apresentar um texto e um dossier de seis páginas para sabotar um acordo tomado o dia anterior a proposta minha. Justo denantes do juízo da Jaro, também procurara insistentemente o enfrentamento entre os acusados propondo um acordo coa Fiscalia que nos encarou ainda mais. No canto dum juízo político, haveria umha negociaçom claudicante. De se produzir, hoje a vitória coa absolviçom total dos acusados transformaria-se numha assunçom da atividade política independentista como delito e penas de cadeia reduzidas para os companheiros. No futebol, quando um jogador está tam coberto que nem se pode mover, é a hora do troco. Em nengum momento, contodo, me dei de baixa da militância nem nada parecido. Solicitei simplesmente umha mudança de labor. Quem me conhece sabe que prefiro o trafego prático e imediato às delongadas reunions improdutivas. Por suposto, ninguém contemplava a possibilidade de expulsar ou punir o responsável de anular a minha participaçom na direçom e empucharcar o ambiente. E isso que nom era a primeira vez e umha aura de espantalho da militância percorria o ronsel político deste “camarada” desde a sua apariçom aló polos noventa. Mas as suas achegas económicas e logísticas canda o tempo do que dispunha mercê ao seu trabalho convertiam-no em imprescindível. Sim, ainda que enzoufasse qualquer espaço até escorrentar a gente e empecesse toda medra. O peixe a trabar na cauda, nada infrequente.
Assim que desaparecim do taboleiro, o ataque dirigiu-se agora à portavoz nacional. Tal e como ela mesma relatou aqui, o método da difamaçom às costas foi fundamental para que estoupasse o escândalo das agressons machistas desse mesmo “companheiro”. No processo que se iniciou a resultas, aparecérom até três casos anteriores em que o indivíduo repetia ao ponto o mesmo comportamento. Tal era o grau de evidência, que até se forneceram conversas inteiras com ameaças e insultos de todo tipo contra as companheiras vítimas. Todas elas mulheres em posiçons dirigentes e díscolas à sua voz. No último, o deste ano, mesmo há mensagens de voz cos insultos e malquistados a terceiros. Sim, os receptores das calúnias enviavam-mas a mim decontado.
Por suposto, em nengum momento figem nada público do que estava a acontecer para nom mancar a organizaçom nem o movimento em geral. Já avondos ridículos reforçavam de velho a imagem cainita e marginal como para acrescentar um mais. Mas velaí que Abraám Pinheiro, umha recentíssima incorporaçom à organizaçom e à Executiva, publicou umha carta da demissom e apoio fechado ao agressor machista num grupo de duascentas pessoas em que sabia que eu nom estava. Ali nomeiava-me e acusava-me de várias canfurnadas e conspiraçons radicalmente falsas. Desde cumplicidades com violadores a intrigas armamentistas ou ameaças de filme de Bruce Lee a partir dum meme. Em fim, nada contra o que nom estivesse curado de espanto em 25 anos de militância. Porém, houvo algo que me pareceu especialmente grave. A poucos meses do juízo da Operaçom Jaro, felizmente ganhado polo independentismo, ele detalhava num escrito público a composiçom da Executiva dumha das organizaçons julgadas, a nossa, com nomes e apelidos. Mas nom só, também a sua versom dos debates que ali existiam e até das fraçons que ele percebia. Talmente um informe pormenorizado das dinámicas da direçom que a Audiencia Nacional acabava de situar no alvo quatro meses antes. Evidentemente, seguim mantendo silêncio contra as provocaçons, intuindo um desejo de resposta no grupo emissor que lhes desse o pé para demonizar-me e agrandar o cristo notoriamente. Porém, quigem falar pessoalmente co Abraám para pedir-lhe explicaçons do que ali tal dizia. Nom só se desculpou por me atribuir o de encobridor de violadores, senom que reconheceu que nem sequer escuitara as provas das agressons do seu compinche à Portavoz nacional. E isso que as tinha no correio. Mas o importante, difundir informaçom interna da estrutura dirigente, justificou-no dizendo que umha organizaçom legal tem que ser transparente com esses dados. Sim, aí comentei-lhe que ou era idiota ou trabalhava para a Guardia Civil e que eu apostava polo primeiro. Mas ele seica anda a contar agora que lhe chamei polícia e nom sei que mais. Bendeito de gravar toda conversa.
Suponho que a raiz de que nom reagim ao estímulo da difamaçom pública, tivérom que recorrer à tática mais lamentável que vim em tempo. Procurárom nas minhas publicaçons no Facebook qualquer elemento que permitisse intuir umha resposta às provocaçons. E assim chegamos ao ponto que me levou a escrever este artigo. Javier Cervantes, militante juvenil e responsável das redes sociais de Causa Galiza, publicou no mesmo grupo de duascentas pessoas em que eu nom estava, capturas de ecrá do meu perfil de Facebook. Com elas como prova, acusava-me publicamente de ser a mao que orquestrara umha purga no independentismo com ele como um dos alvos principais. Disque se abrira um processo na mocidade, ainda nom sei em que organizaçom, para o denunciar como infiltrado policial. Que era o que me implicava a mim nessa escura manobra? Pois que duas semanas antes partilhara umha cançom no meu perfil chamada ¿Dónde está el secreta? que me passara um amigo de Briga. Com isso na mao, já avondava para me responsabilizar da demissom do agressor machista e do que lhe estivesse a passar a ele. Combinei também com Javier Cervantes para que se explicasse e amostrar-lhe o meu abraio por semelhantes conclusons, mas nom soubo achegar mais argumento que o da cançom. Ah, sim, reforçou-no com que o significado da publicaçom banal lho explicara alguém “da minha máxima confiança”. Abofé que sei a quem se referia coa intençom de encerelhar. Também se petrificou quando se lhe requerérom as informaçons que ele assegurou possuir em vários grupos de redes sociais e que seica demonstravam toda a conspiraçom. Obviamente, também gravei toda a parola.
Emporisso, aquilo do infiltrado fijo-me remoer o caletre como um cadoiro do Úmia. A verdade é que nom me estranhava rem que alguém nalgum momento o assinalasse como tal. Foram várias as pessoas de diferentes organizaçons que me comentaram as suas desconfianças de determinadas atitudes do rapaz. Também eu tinha as minhas desde que teimara em publicar três manifestos a favor da luita armada no Galiza Livre que seica lhe passaram a ele conhecidos. Daquela, tivem mesmo que me citar co raparigo duas vezes para repetir-lhe a negativa em pessoa. Já só faltava que lhes servíssemos em bandeja umha nova operaçom contra o independentismo com proclamas estúpidas sobre fantasias armadas inexistentes. E tate que esta cisma do moço me trouxo à mente outra em sentido contrário coa que o agressor machista insistiu em quando menos quatro reunions da Executiva. Condenas públicas à luita armada inexistente. Parecia como que padeciam umha mesma obsessom com um tema desfasado, ainda que em sentidos contrapostos. Abofé que realizar condenas ou reivindicaçons de violências inexistentes fai que nos identifiquem com elas convertendo-as em reais para os efeitos repressivos. Mas semelhava que eles nom o entendiam assim. O seu aparente confronto chegou mesmo a discrepâncias entre a mocidade e Causa Galiza em reunions em que eram representadas polos dous. Porém, velaí que a sua uniom absoluta se manifestou quando o escândalo do agressor machista transcendeu. Até tal ponto, que Javier Cervantes sequestrou as chaves das redes sociais de Causa Galiza como ameaça frente a qualquer denúncia pública da organizaçom contra o agressor. Mas nom só. Às portas dumha Assembleia Nacional para tratar o tema e escolher umha nova direçom conciliadora entre cúmplices do agressor e aqueles que os criticavam mas dispostos a entender-se, facilitou a publicaçom dum comunicado falso nos perfis oficiais desautorizando o conclave. Nele, repetiam a ladainha da conspiraçom purgatória assinalando-me de esguelho. Porém, a mim nem sequer me convocaram a essa reuniom nacional.
Mas o caso é que o tema dos infiltrados tira e, já que saíra, pugem-me a ler. O cesamento da luita armada de ETA em 2011 provocou que ficassem sem cometido mais de 600 agentes do CNI (Centro Nacional de Inteligencia) e muitos mais do Departamento de Informaçom da polícia, num momento de recortes orçamentares. Assim no-lo conta o jornalista Fernando Rueda, perito na espionagem e considerado entendido e colaborador do CNI, num programa de Onda Cero em 2012. Rueda também é coautor da biografia de Mikel Lejarza, o Lobo, canda o próprio biografado. Na rádio, o jornalista explica como esses agentes estavam especializados no combate contra o movimento de liberaçom nacional basco, nom contra o yihadismo em auge. Eram galáxias diferentes. Que foi de todo esse quadro de pessoal? Para onde os enviárom? Nas mobilizaçons do 15-M, o coletivo Queda la palabra denunciava a presença de infiltrados do CNI nas manifestaçons. Diziam que o seu objetivo era “desmontar cualquier intención de construcción colectiva del Pueblo”. “Son personas de cualquier edad o sexo e incluso nacionalidad y de cualquier aspecto físico en su forma de vestir que se hacen pasar por indignados”. Cinco anos depois, deputados de Junts pel Sí, desvelavam que vários agentes do CNI estiveram participando na última Assembleia Nacional da CUP para condicionar o voto. Resistência Galega segue a constar como a única organización terrorista ativa no Estado espanhol a dia de hoje. Situaçom que permite a aplicaçom da doutrina do entorno a todo o independentismo, como na Jaro. Cuidar que o CNI tem gente às suas ordens no movimento galego pode ser paranoide ou assissado segundo a perspetiva de cada quem, mas os dados som os dados.
Porém, para além do CNI, o Informe Buesa ressaltava: <<En 2010, tanto la Policía Nacional como la Guardia Civil se quejaron de la escasez de los medios de que disponían para enfrentarse a RG y, por otra parte, la Asociación Profesional de la Guardia Civil reclamó una «renovación de la cúpula del servicio de información en Galicia» debido a su «ineficacia». Tal vez como fruto de estas quejas, en ese mismo año se incrementó en un 20 por ciento la dotación de la policía destinada a la lucha contraterrorista; y en marzo de 2011 se organizó un grupo específico para combatir a RG dentro de la Unidad de Intervención Policial de Galicia, formado por 50 agentes del Cuerpo Nacional de Policía.>> Cinquenta polícias, e vaites que na operaçom Jaro as testemunhas da acusaçom eram guarda civis. Qual será em realidade o volume despregado polo Estado contra o soberanismo galego entre CNI, Policía Nacional e Guardia Civil? O que está claro é que a sua presença, ainda que invisível, é real. Tal e como aparecia neste artigo de La Voz de Galicia sobre a detençom de Asun e Toninho há dous anos: “Basta decir, para dimensionar el alcance de la discreta investigación, que se intervinieron decenas de teléfonos, ya fuesen móviles, de línea fija o públicos. Lo mismo ocurre con otras conexiones a la Red en edificios de uso abierto, muy demandadas en el pasado por militantes de Resistencia Galega. Pensaban, erróneamente, que esquivaban a la Guardia Civil. Subestimaron la paciencia y la invisibilidad de los Servicios de Información del instituto armado en Galicia. Un trabajo pausado, discreto, pero sobre todo organizado y coordinado desde hace años”.
Mas como se realiza esse trabalho pausado e discreto? Pois depende. Por umha banda cumpre entendermos que os diferentes corpos de inteligência, o CNI, o da Policía Nacional e o da Guardia Civil agem por separado agás ocasions mui especiais. Mesmo chegam a rivalidades e enfrentamentos entre eles como evidenciou o caso Villarejo. Depois, o jeito de agir varia muito de encontrarem-se no marco dumha operaçom oficial, judicial, ou nom. Nesse caso falamos de agentes em nómina das instituiçons e cujo trabalho aparece registado sempre no marco dumha intervençom legal e concreta. Som os que nos tiram fotos nas mánis, os que nos seguem e escuitam. Falamos de membros dos organismos policiais em toda regra, agentes formados para essa especialidade. Como os guardas civis que no juízo da Jaro rastejavam as redes sociais soberanistas. Mas, a seguir, batemos cos informadores e cos antenas. Estes nom som membros dos corpos nem figuram em registos. De facto, nom recebérom nengum tipo de treino militar ou policial agás, só às vezes, um específico para a sua funçom. Fôrom captados por um agente pola sua proximidade ou encaixe no núcleo considerado perigoso em troco de dinheiro, de favores judiciais ou administrativos. Jamais passárom pola academia nem por nengum formalismo de entrada a corpo nengum. Todos os antenas começam sendo informadores e estes encontramo-los de toda caste, desde vizinhança que dá “chivatazos”, conhecidos que se fam amigos ou militantes hiperativos e perguntons. O que os une é que só mantenhem contato com umha única pessoa que os recrutou. De feito, o habitual é que nem se conheçam entre eles ainda no mesmo espaço.
No livro El agente oscuro, memorias de un espía infiltrado por el CNI, o autor relata como o contatárom quando era um estudante universitário progre para o inserir num grupo de esquerda. Ele descreve-nos o seu labor segundo as diretrizes que lhe impugérom: “Infiltrarse en una organización es siempre una carrera de fondo. No hay que tener prisa alguna ni el corredor debe provocar jamás una situación irreversible de desconfianza por culpa de un esprint innecesario y a destiempo. La única manera de conseguir el éxito de la misión es caminar muy despacio, conforme a un plan establecido pero siempre muy lenta y pausadamente. El menor apresuramiento puede generar sospechas indeseables, y anular por completo y para siempre, de manera irreversible, cualquier posibilidad de éxito.” Eis as penetraçons verdadeiramente perigosas e que atentam contra toda miragem de pluralismo político, as que lhes leva anos consolidar. O mesmo autor acabou por resultar peça fundamental na organizaçom esquerdista em que se inserira e responsabilizando-se até do seu local como liberado. Em troca, recebia gorentosas quantidades de dinheiro em metálico segundo a informaçom que lhe achegasse ao seu enlace, um agente com vários informadores mais desconhecidos entre si, canda novas ordens de pesquisa com conselhos: “Me había recomendado que siempre recurriera en estos casos al menor número posible de mentiras, que ofreciera detalles reales e inequívocos sobre mi vida y mis gustos, y que la parte fingida y fantástica de mi relación com el grupo se limitara exclusivamente a mis opiniones políticas. Era la forma de evitar incurrir en errores o contradicciones.” Outra medida que se viu forçado a adotar foi simular que nom sabia conduzir para empregar essa capacidade como recurso de fuga em caso de perigo, algo habitual entre os infiltrados. Endebém, a adaptaçom ao grupo espiado supujo-lhe mesmo conflitos de personalidade: “Reconozco que en determinados momentos sufría crisis agudas de ideología sin saber ya cúal era mi percepción sincera sobre las cosas y cúal era pantomima. (…) el resultado era una desmesurada y placentera atención hacia mí por parte de cada uno de los socios de aquel anacrónico grupo de izquierda radical cuya actividad política no acababa todavía de parecerme sospechosa de nada. (…) esa estraña vida de desdoble que llevaba, encajada en una gaveta hermética y secreta llena de activistas y manifestantes, era infinitamente más divertida y honrosa que mi vida real. (…) Sentía a veces, que yo me convertía también en un auténtico agitador social a favor de la paz, la solidaridad de los pueblos, la ecología radical y la igualdad de los sexos. Es más, llegué a la conclusión de que sólo implicándome emocionalmente en las causas abiertas del grupo conseguía dar a mi personaje la credebilidad necesaria para inspirar la indispensable confianza del entorno.(…) Me volví un auténtico militante del marxismo-leninismo más tropical, un personaje trasnochado que bebía calimocho y hasta fumaba habanos sin estolas en las ocasiones especiales.”
Assim e todo, a metamorfose pagou-lhe a pena: “Pasó el tiempo y llegué a ocupar el puesto de secretario de la asociación aragonesa amiga de los cubanos revolucionarios. Redactaba las actas de las reuniones y las archivaba, no sin antes fotocopiarlas para el Centro. (…) Aprendí a simultanear bien mis estudios de Económicas com mi falsa militancia en la izquierda más zurda (…) tuve incluso que poner freno a mi fraudulenta carrera política zaragozana, pues empezaron a lloverme propuestas de todo tipo para intervenir en debates públicos universitários y liderar movimentos de protesta, huelgas de hambre, manifestaciones desautorizadas, sentadas populares y acampadas urbanas.(…) Dejé de frecuentar ciertos foros de amistad universitaria porque no casaban de ningún modo com mi nueva ideología . (…) Empecé a vestirme de outra manera y a relacionarme com chicas de lo que ahora se llama look alternativo, com minifaldas de cuadros y medias rotas a propósito. Tuve que asumir poco a poco profundos cambios de conducta.”
Mas que informaçom lhe interessava ao CNI? Pois, decerto, “la identidad y la descripción de los miembros de la asociación investigada, a los que iba poco a poco conociendo, sus profesiones, familias y amigos íntimos, los locales de ocio que frecuentaban, sus viajes políticos, las personas que venían de otras ciudades y hasta de otros países a apoyar com charlas y conferencias”. Sim, mas: “Y, sobre todo, lo que más interesaba (…) las conspiraciones entre unos y otros, los rumores malsanos y el destino de los dineros recaudados. Las intrigas entre los miembros de estas comunidades y sus peleas personales resultaban tremendamente jugosas para los servicios de información: era importante saber quién detestaba a quién, pues sólo así podían conocerse confesiones verdaderamente sustanciales de unos contra otros. Los enemigos siempre hablan mal de aquéllos a los que aborrecen y, com el objetivo de hundir su prestigio, cuentan de ellos muchas más cosas de las que deben darse a conocer. Las enemistades son una fuente maravillosa de información: lo saben bien todos los espías del mundo.”
No seu livro Infiltrados, Afonso Eiré coincide na descriçom das práticas: “Desde um primeiro momento situam gente dentro. Militantes que lhes passam informaçom. O jeito de captá-los é mui diverso. A maior parte das vezes valem-se das suas debilidades e chantajeam-nos. Algo semelhante a como fam cos soprons na delinquência. Se lhe dam ao movimento verdadeira importância, já infiltram gente mais preparada, que nom só passa informaçom, senom que tem a capacidade de agir internamente. A estas pessoas ajudam-nos a promocioná-los dentro do partido. Nom só recebem consignas de atuaçom, senom também informaçom, dados e análises que os convertem, internamente em necessários, quando nom em imprescindíveis.” Velaqui umha definiçom perfeita dos antenas. A diferença cos informadores é que estes intervenhem nas decisons da organizaçom objetivo influindo na sua linha e acirrando os enfrentamentos internos: “os infiltrados nom se conhecem entre si. Assim podem verificar melhor as informaçons que recebe a central, mas, também, agir ajeitadamente quando se decide provocar um conflito. E cada antena reporta-lhe a umha só pessoa e só essa pessoa está em contato com ela.” De novo aparece também o ritmo lento das jogadas: “Um conflito, umha disensom interna, nunca aparece da nada em qualquer organizaçom. Senom que se programa com tempo. Às vezes com anos, para que seja efetiva. Pom-se em marcha quando as causas objetivas o requerem (…) Controlo. Essa é a palavra na que gira a atividade dos serviços secretos nas organizaçons políticas. E para ter o controlo, primeiro há que ter umha boa informaçom e logo os elementos ajeitados dentro para os ativar quando convenha. (…) Num conflito interno, quando se desata a mao-tenta ou quando se incentiva o já existente ou larvado na organizaçom, sempre há, polo menos, duas pessoas que jogam papéis opostos. Cada um situa-se num dos bandos. Som, quase sempre os mais intransigentes. Os que lhe botam lenha ao lume. Os que acusam os demais. E fam-no com dados que lhes proporcionam desde a central. Dados reais que lhes achegam poder e fam dano. Mas que, sobre todo, alporizam as discusons e dificultam o diálogo e os acordos.” Eiré também cita um manual da CIA para suster as suas palavras. Nele, aparece claro um dos princípios fundamentais da infiltraçom política: “Utilizar as rivalidades autóctones ou internas naqueles assuntos nos que se vaia intervir. Patrocinar o inimigo interior, acirrar os demos familiares”.
O que foi diretor d’A Nosa Terra também expom um interessantíssimo caso acontecido na UPG compostelá dos oitenta: “Rafael Tirado pedira o translado da sua vaga de funcionário. Homem dumha provada capacidade organizativa e de trabalho, de trato cordial frente ao círcio que proliferou sempre na maioria dos cargos da UPG, tinha todas as tardes livres e dedicava-lhas por inteiro ao partido. Aliás, pola sua profissom e idade, estava numha situaçom económica muito melhor que a maioria dos militantes. Pouco a pouco foi-se convertendo em imprescindível na organizaçom de Santiago, sobretodo para os seus dirigentes, e, já que logo, assumindo mais e mais responsabilidades.” Todo normal até que um militante emigrado a Euskal Herria soubo pola gente de Herri Batasuna que “Rafael Tirado nom só pertencia ao SIM (Servicio de Inteligencia Militar), senom que ainda continuava ligado à polícia. Que por isso tivera que sair fugindo de Euskadi.” Eiré compara o seu jeito de agir co inefável Mikel Lejarza, o Lobo infiltrado em ETA P-M que entre outros muitos danos ao movimento basco também foi o causante do assassinato do nosso Moncho Reboiras: “Infiltrado em ETA-PM, fora medrando na organizaçom proporcionando-lhe pisos francos por todo o Estado. Pisos que conseguia por meio do Ministério do Interior. Pisos que nem sequer pagavam e que, logicamente, estavam todos controlados…”. Um dos personagens de Eiré na narraçom conclui categórico: “Os infiltrados som bons militantes, manejam informaçom, boa informaçom, contatos, dinheiro. Fam-se necessários e rematam por ser imprescindíveis. Aí reside a sua força destrutiva.”
Em fim, poderíamos pensar que o independentismo político galego é alheio a todo este tipo de práticas e que só se empregárom quando existírom suspeitas de delitos polas autoridades. Mas o fenómeno noutras organizaçons do soberanismo em tempo recente manifestou-se com claridade. Avonda com perguntar-lhes por Fran aos de Anova de Vigo ou por Xavier aos do Bloco do Salnês. Por isso, como dizia Manuel Moreno, um dos pais da pátria argentina: “La moderación fuera de tiempo no es cordura ni es una verdad.” Nom deixa de surprender que nom exista nengum tipo protocolo de segurança frente à infiltraçom nas organizaçons políticas galegas nem coordenaçom estável para as detetar. Longe de toda paranoia radicaloide, dam-se evidências mais que consideráveis para tomar medidas. Nom se pode ganhar umha partida coas cartas marcadas polo inimigo. Exemplo, um botom.