Quando a língua se converte em marcador dumha comunidade racializada, nom serve o marketing prestigiador que tente negá-lo equiparando-a coa da etnoclasse dominante nesse espaço. Resulta tam absurdo como pretender convencer um tímido de que deixe de sê-lo com razoamentos em vez de com umha terápia apropriada. A comunidade segue a perceber qual é o código que identifica o poder e o ascenso social e o papel molhado dos formalismos do politicamente correcto.

Porém, estas tesituras facilitam a apariçom de grupos intermediários que se beneficiam da gestom desses formalismos inúteis enquanto administram e dirigem a conflitividade a vias de representaçom indoloras para o statu quo. Velaí o papel de “sociolinguistas” como Monteagudo ou Anxo Lorenzo, de técnicos como Núñez Singala e das diferentes instituiçons que os lucram. Pode parecer incrível, mas há quem pensa que investir imensas quantidades de dinheiro público em sondagens, inquéritos (e a sua interpretaçom e publicaçom daquela maneira) ou campanhas de prestígio favorece o estado do nosso idioma. Em realidade, sabemo-lo no fundo todas e todos, a quem ajuda é aos petos dos que controlam como um lóbi o negócio da “normalizaçom”, tam dependente ele dum projecto nacionalista espanhol moderado e consentidor das autonomias.

Qualquer pessoa que olhe para o galego com honestidade, confirmará que nom existe “normalización” possível dentro dum projecto espanhol que nos inclua. A língua sempre é companheira do poder, como repetem inutilmente os manuais citando a Nebrija. Qualquer defesa do nosso idioma que nom se encarreire pola via da nossa autoafirmaçom colectiva através de processos de livre decisom e de reconhecimento explícito da nossa inferiorizaçom secular e vigente, há errar. Pola mesma, abrir caminhos democráticos sem um discurso e umha práctica liberadora neste sentido só conduz a umha pobre mudança formal que camufle a desigualdade real.

À pessoa tímida insufla-se-lhe confiança em si própria mediante a exposiçom paulatina a cenários de autoafirmaçom. Do mesmo jeito, a única normalizaçom do galego possível aparece inseparavelmente unida à tarefa colectiva de arrapanharmos-lhe o poder sobre nós a quem no-lo usurpa, à destruiçom dos dispositivos que agem sobre a nossa existência como habitantes de Galiza. Ao cabo, nom se trata do idioma, trata-se de termos vidas livres e dignas. E sim, só funciona quando se fai por nós mesmas, ninguém voa de verdade com asas emprestadas.