Reflexons globais sobre a situaçom geral, vivenda e okupaçom
Nos últimos meses assistimos a um constante bombardeio mediático onde desde a imprensa alertavam do “monstro” da “okupaçom” e dos perigos que isso supunha, tentando criar a ideia de que qualquer pessoa podia ficar sem vivenda por culpa de “okupas”. Mas muitas jovens perguntamo-nos: isso que nos contam é realmente assim? Esse relato corresponde com a nossa realidade como jovens? Quando olhamos à nossa contorna mais próxima a situaçom semelha bem diferente e difcilmente nos vam quitar algo ao que cada vez temos mais difícil aceder, como é umha vivenda:
A juventude em situaçom de emergência
Como se apontava, a realidade das jovens difere notavelmente desse clima que vende a imprensa. E é que nos últimos anos podemos ver como o nosso futuro está em riscoainda mais com a irrupçom da pandemia cujas consequências e cuja má gestom agravárom umha crise que já estava à porta.
Os dados de empregabilidade juvenil som dessoladores: segundo o IGE a finais do ano passado 36,9 % de jovens entre 16-29 anos estám no desemprego e das pessoas que nom o estám, a metade dos contratos som temporais. Isto indica que a taxa real de desemprego é ainda maior e que os salários devido à temporalidade som mais baixos, aumentando a precariedade quase estrutural à que nos vemos submetidos.
De facto o Índice de desenvolvimento juvenil realizado em 2019 entre 46 territórios europeus situa a juventude galega nos últimos postos no relativo à taxa de emancipaçom juvenil e ao emprego, ademais de supor isto o aumento de emigraçom.
Em relaçom à citada taxa de emancipaçom, ademais de toda este preocupante panorama sócio-económico, junta-se a questom da vivenda, que nos últimos meses estivo mui presente a raiz dessa campanha do medo e distorsom realizada polos principais meios de comunicaçom.
E é que cada vez é mais difícil aceder a umha vivenda, tanto pola precariedade em que estamos instaladas como polos abussivos preços dos alugueres. Na Galiza os dados som claros ao respeito: no último lustro deu-se um aumento 30 % de média no preço (por volta de 130 € mensais). Deste modo as contas som claras: os preços sobem, os salários som inferiores e há que dedicar boa parte dele ao pagamento da vivenda. Os números nom dam.
Por que acontece isto?
O ministro Ábalos deixou-no claro quando justificava a enéssima “bomba de fumo” do PSOE ao incumprir um acordo sobre a regulaçom dos preços do aluguer a que eles próprios chegárom. Isto é, a vivenda tem mais peso como bem de mercado para especular que como direito. Para entender as razons temos que remontar-nos à década de 60, onde o crescimento do capitalismo baseado na reconstruçom da Europa da pós-guerra chegava à sua fim, de modo que as taxas de ganho se desplomavam e se produzírom movimentos baseados no abandono dos setores industriais e o começo dumha viragem ao setor serviços, privatizando os públicos e deslocando os investimentos aos setores financeiros.
No caso do Estado espanhol evidenciava-se que o modelo económico do franquismo tinha difícil encaixe nos novos modelos europeus de modo que se começou a caminhar nas seguintes décadas cara a um modelo baseado na desindustrializaçom, a terciarizaçom e o fomento dos serviços. Isto provocou um endividamento permanente. É assim que se buscou “soluçom” na construçom. Deste modo transformou-se o setor imobiliário no principal motor económico e a especulaçom no “combustível” que mantém o seu funcionamento. Todo isto gerou um novo ciclo de acumulaçom que acabaria por estourar em 2008, com as consequências que todas conhecemos: aumento da turistificaçom, despejos, dificuldades de aceder a umha vivenda, aumento de preços…
Assim, a insuficiência para cobrir a demanda de vivenda aumentou, nomeadamente em pessoas idosas e em jovens com dificuldades para pagar os preços dos arrendamentos. (na última década só 10% das vivendas novas estavam dedicadas a ser vivendas protegidas).
Que é realmente a okupaçom?
E é por isto que temos que falar também da demonizada prática da okupaçom. Umha prática que, longe da imagem interessada e manipulada que tentam vender na imprensa, constitui umha farramenta política para remediar as dificuldades de emancipaçom. A okupaçom nom é entrar na casa dos teus vizinhos quando vam de férias, destrozar todo e criar conflito nos bairros como querem fazer crer.
A okupaçom é um movimento social e político no Estado espanhol vê o seu auge ná década de 1980 é umha forma de entender a emancipaçom como umha luita coletiva, tanto na procura dumha vivenda como para a criaçom de espaços autogeridos onde construirmos a nossa prática cultural alternativa e o nosso lezer. É, portanto, umha aposta política. Nom tem a ver com que nom se quera pagar um alugueiro, que a juventude seja preguiceira e nom queira trabalhar. Ao contrário, serve precisamente para denunciar que nom podemos mentres os especuladores enchem os seus petos à costa das trabalhadoras. A defesa da okupación nom só significa umha chamada de atençom a respeito das dificuldades de cobrir umha necessidade básica como é ter um fogar. Significa luitar contra a mercantilizaçom da vivenda e defender umha forma diferente de relaçons sociais, longe de máfias que eles mesmos geram pola dificuldade das famílias humildes de aceder a umha vivenda.
Que medidas exigimos?
E as respostas dos principais poderes diante disto quais som?
A nível estatal promover benefícios fiscais para quem se lucra com a especulaçom e incumprir os acordos orientados ao regulamento do preço do alugueiro. E mentres isto acontece, quando nom há opçom de ficar na casa familiar, temos que ver como ainda por riba se tenta edulcorar a situaçom ao estilo Mr Wonderful disfarçando a precariedade com termos “modernos e inovadores”: o co-living (partilhar casa) nom é umha moda, é um sintoma das dificuldades económicas das geraçons mais novas. Por nom falar de que nas vilas pequenas é difícil até conseguir partilhar vivenda, existindo um acesso ainda mais complicado a umha morada.
Por isso nom precisamos que pintem de cores umha realidade que nos abafa. Sabemos que esta problemática estrutural nom se vai solucionar neste sistema, mas mentres precisamos medidas efetivas: precisamos que se fixe um preço máximo do metro quadrado, que se regulem os preços do aluguer tanto em vivendas residenciais como turísticas. Precisamos a despenalizaçom da okupaçom mentres nom se poda garantir a vivenda como direito. Precisamos que se garanta umha oferta pública digna de vivenda mediante os alugueres sociais ou compra com informaçom clara, acessível e sem travas burocráticas.
Estamos diante dum modelo onde se defendem os interesses do capital imobilário por riba dos interesses gerais da populaçom e mentres pioram as expetativas de futuro das jovens.
Sem vivenda para a juventude, o país morre. Esse é o modelo que o PPdeG defende, a gestom dos pedaços que ficam dumha Galiza que esmorece.
Combatamos a precariedade! Conquistemos os nossos direitos!