Quando comecei a militar em Causa Galiza, um dos companheiros perguntou-me a razom da escassa participaçom de mulheres. Nesse momento pensei nos horários das assembleias, na falta de identificaçom das companheiras com as campanhas e o discurso de certas organizaçons, na educaçom que recebemos as mulheres quanto à participaçom política…

Levo 23 anos a militar no independentismo, com algumha interrupçom por maternidade ou por outras circunstáncias pessoais, e sempre me sentim no sítio onde tinha que estar. Desde Estudantes Independentistas, Assembleia da Mocidade Independentista, ou Que Voltem, e ainda sendo mui pouquinhas mulheres nos meus primeiros anos de militáncia, nunca presenciei nem vivim discriminaçons ou agressons machistas por parte dos companheiros. Sei que muitas vezes as próprias mulheres nom somos cientes destas conjunturas, mas o meu trabalho e formaçom como ténica de igualdade e preparaçom para intervir em situaçons de violência contra as mulheres fam que esteja especialmente atenta a este respeito.

E é desta posiçom desde a que vou realizar umha análise do acontecido no último mês e meio na organizaçom da que formava parte até o passado 7 de março. Acho importante sublinhar que antes ca mim marchárom outras mulheres, sem que a nível organizativo se desse nenhum debate ou reflexom, nem interna nem pública. Este aparente silêncio, tratando-se dumha organizaçom que se di feminista, nom apontava problemas estruturais relacionados com dinámicas e atitudes machistas. O pouco que trascendeu destes abandonos mais bem assinalava motivos pessoais, ou de grau de compromisso com a causa.

Tenho que dizer que foi necessário que transcorressem uns dias desde a minha marcha para poder assimilar e organizar na minha cabeça todo o que aconteceu. Analisar com certa perspetiva temporal ajuda a arrefriar e distanciar-se emocionalmente dos feitos, favorecendo a objetividade que precisa esta tarefa, que realizarei de jeito cronológico. Irei assinalando os feitos, a má praxe efetuada desde a organizaçom, e finalmente proporei umha alternativa construtiva desde a perspetiva de género.

O dia 3 de março, trás a minha reincorporaçom à atividade após sofrer um aborto, formulei objeçons na Executiva quanto ao desenho dumha palestra prevista para a comemoraçom do 8 de março. A encarregada de moderá-la, como em todas as anteriores ocasions, era eu. Esta palestra foi pensada pola Comissom de Comunicaçom e Propaganda, comissom da que nom fazia parte nenhumha mulher. Para solucionar este problema, apresentou-se umha proposta alternativa, mas nom se tivo em conta. Pola contra, comecei a receber ataques por parte de alguns companheiros da Executiva. Acusou-se-me, entre outras cousas, de falta de compromisso e seriedade, e de nom querer moderar umha palestra por intui-la polémica. O que foi o incorreto desde um enfoque feminista? Em primeiro lugar, que nom se lhe propugesse à Comissom Feminista o desenho dumha palestra em que se vai falar de feminismo. Em segundo lugar, questionar a través de ataques pessoais os motivos alegados por umha das componentes da Comissom Feminista para nom realizá-la tal e como estava prevista; o cariz destas acusaçons redunda em estereotipes que nos afastam da participaçom socio-política às mulheres. A dialética é necessária, mas nom nesses termos destrutivos e que nada tenhem a ver com o político. Pôr em dúvida a nossa formalidade, dar por feito a nossa covardia à hora de afrontar situaçons de conflito só pode ter duas explicaçons: a total asimilaçom dumha cultura e educaçom misóginas ou o absoluto desconhecimento da nossa realidade. O resultado é o mesmo. Obstáculos para a igualdade real.

Neste mesmo dia, denunciei ante a executiva a agressom verbal dum -daquela ainda- companheiro, e também membro da Executiva, polo que marchei deste grupo em que se atopava ele. Quais fôrom os erros da organizaçom neste ponto desde umha perspetiva feminista? A Executiva nom tomou nenhuma medida neste momento. So recebim mensagens privadas de companheiros deste órgao, uns para dar-me ánimos e recomendar-me que me “refrescasse”, outros para minimizar a agressom e seguir acusando-me de falta de seriedade, esta vez por abandonar o grupo. Nos dias posteriores algum companheiro comentou que se a agressom fosse tam evidente, “como quando um homem bate na sua companheira”, todo o mundo se posicionaria. Duplo erro: nem todo o mundo se posiciona quando algo assi acontece, nem a violência é so física. Levava anos pensando, equivocadamente, que nestes ámbitos essa ideia tam simplista e errónea da violência já estava superada.

Enviar mensagens do grupo da executiva -sem prévio consentimento- a pessoas alheias à organizaçom com o objetivo de difamar e criar conflito é umha agressom. Asseverar que as mulheres mentimos para ganhar posiçons políticas também o é, na linha de quem argumenta com relaçons sentimentais ou sexuais para explicar o espaço que ocupamos no ámbito público. Este tipo de agressons -em maior ou menor medida normalizadas- som habituais numha sociedade misógina. Dam-se, sobre todo, quando ocupamos determinados postos políticos, e acentuam-se quando sinalamos um agressor em concreto. Estas atitudes e a sua minimizaçom e normalizaçom, como o resto das agressons machistas, som exemplarizantes. Som algumha das ferramentas que emprega o patriarcado para manter-nos submissas e obedientes, ocupando a posiçom que o sistema considera que nos corresponde: servir, satisfazer, calar.

No 4 de março, após falar com umha das mulheres que abandonara a organizaçom no 2017, constato que o que está a acontecer agora já ocorrera antes. Agressons e acoso por parte do mesmo home, e o silêncio e inaçom organizativa. A continuaçom, dou conta no grupo da Comissom Feminista dos feitos do dia anterior e partilho as provas das agressons das que disponho: as minhas e as anteriores. Na Comissom Feminista acordamos por unanimidade a nossa autodisoluçom e enviar um escrito à Executiva explicando os motivos da mesma.

O dia 7 de março enviamos o escrito interno de autodisoluçom da Comissom Feminista em que, ademais de dar conta das razóns que nos levárom a esta decisom, apelamos aos nossos companheiros homens para que se manifestassem e tomassem posiçom a este respeito. Qual foi o erro da organizaçom desde um enfoque feminista? Ignorar o escrito e nom reagir. Só obtivemos a contestaçom dum membro da Executiva, negando as agressons, qualificándo-nos de exageradas e afirmando que com estas atitudes “lijamos o feminismo” e danamos o independentismo. Ademais, acusou-nos de querer fazer campanha contra “este companheiro” (o agressor). O único membro da Executiva que se preocupou por informar-se do acontecido, deu-se de baixa na organizaçom após receber as provas das agressons aportadas pola Comissom Feminista.

No 12 de março, ante a falta de mais resposta organizativa que a citada, comunicamos-lhe ao responsável de organizaçom que de nom tomar medidas o escrito ia-se fazer público. O dia 13, o responsável comunica que nom se tomou decisom nenhumha na reuniom da Executiva da noite anterior, já que havia 2 posturas “encontradas” entre a militáncia. Nesta altura, o incorreto desde o enfoque de género é formular as continuas agressons machistas por parte do mesmo homem (com todas as provas acima da mesa) como um debate entre a militáncia, legitimando assi a postura de quem perpetra e de quem defende este tipo de violência. Nesta reuniom participou o agressor, mas nom se chamou a vítima para poder defender-se.

O dia 16 de março, finalmente a Comissom Feminista decide externalizar o problema e buscar apoio no feminismo galego, dado que entendemos que este tipo de conflito é extensível ao resto das organizaçons mistas. O escrito fijo-se público, e o respaldo do movimento feminista foi contundente. Decontado e por primeira vez, muitos dos companheiros da organizaçom começárom a dar-lhe a este problema a importancia que merecia. De novo, há que assinalar erros no procedimento baixo umha análise feminista: a organizaçom segue sem tomar medidas. O agressor demitiu trás a publicaçom do escrito, nom foi expulso.

No 22 de março, um membro da Executiva, o mesmo que acusou a Comissom Feminista de exageradas e de lijar o feminismo, enviou a sua carta de demissom a um grupo público. Esta carta, ademais de ser um claro exemplo de misoginia e de atitudes recalcitrantemente machistas, foi umha segunda agressom contra a mesma vítima. Sem entrar a fundo no conteudo desse escrito, sim devemos sublinhar algum dos aspeitos mais graves:

  • Arejar a relaçom sentimental da portavoz dentro dum escrito que pretende ser “político”, insinuando que ela age exclusivamente em concordância com o que o seu companheiro decide.
  • Questionar e deslegitimar a sororidade que amostrou o feminismo galego com a disolta Comissom Feminista descrevendo-a como se dum rabanho de ovelhas se tratar.
  • Minimizar até o ponto de negar a agressom perpetrada polo seu amigo.
  • Clasificar as agressons, distinguindo entre umhas “graves” e outras “menores e toleráveis”, sem especificar em nenhum momento ao que se refere.
  • Dar-lhe a razom ao agressor questionando o compromisso da agredida, sementando dúvidas sobre os seus impedimentos de saúde. Porém, conhecia de primeira mao a verosimilitude destes, dado que foi informado diretamente dos abortos consecutivos que sofreu ela. No colmo do paroxismo, o confinamento dum mês por positIvos em COVID, do que também é informado, doadamente comprovável, serve-lhe para reforçar a fantasia do agressor sobre umha suposta conspiraçom fraccionalista, encabeçada pola vítima. Quer dizer, para justificar a violência exercida sendo consciente da mentira.
  • Do mesmo jeito, incide na irresponsabilidade assinalada polo agressor, reprochando-lhe à vítima que nom comunicara “que deixara de ser delegada sindical”, quando sabia que a empresa nom lhe renovara o contrato por estar ela de baixa. A vulneraçom de direitos laborais que implica o despedimento encoberto dumha delegada sindical por motivos de saúde reprodutiva para ele foi o de menos. Nom duvida em aproveitá-lo para corroborar a razom da agressom do seu amigo: a suposta falta de compromisso da vítima.

Qual foi a má praxe da organizaçom desde umha óptica feminista? Após a publicaçom desta “carta de demissom”, os únicos pronunciamentos por parte de membros da organizaçom -algum deles da Executiva- fôrom a favor dos agressores nesse mesmo grupo público. Só denunciam o que está a acontecer nesse grupo duas mulheres que nom estám na organizaçom. Como resposta, som sistematicamente minorizadas polo grupo de defensores masculinos do agressor. No pior dos excessos, o agressor manda calar umha delas com chamadas de madrugada e mensagens ameaçantes que depois apaga para nom deixar provas.

O dia 24 de março, após estas demissons, a Comissom Feminista solicita a sua recomposiçom de novo na organizaçom para continuar com o seu trabalho e pór em marcha diferentes iniciativas que, à vista do acontecido, consideravam urgentes e necessárias: a elaboraçom dum protocolo de atuaçom ante agressons machistas interno à organizaçom e implementaçom de formaçom em igualdade, feminismo e violências machistas (entre outras medidas). Mais umha vez, há que assinalar erros importantes se submetemos os feitos a umha análise feminista: a organizaçom nom respondeu a esta petiçom. A Executiva convocou umha Conferência Nacional para o dia 1 de abril para tratar de solucionar a “crise”, e veta a assistência tanto ao agressor como à vítima, estabelecendo assi umha equidistancia entre ambas posiçons. Mas antes da Conferência Nacional desenvolvem-se diferentes assembeias comarcais para “informar” dos feitos. O 28 de março é a assembleia da comarca de Vigo, e um dos membros da Executiva (um dos que se posicionara publicamente vitimizando o agressor) convida a participar nela o agressor e também o autor da carta de demissom pública. O dia 30 de março, o agressor visita também Lugo e o 31 de março Ponte-vedra, sempre acompanhado do membro da Executiva que o convidou a participar na de Vigo. Ademais de reunir-se com membros da organizaçom, contatam com pessoas que nom militam nela, solicitando-lhes que acudam à Conferência Nacional do 1 de abril, o que é possivel posto que a organizaçom nom conta com umha listagem de militáncia. Outro dos grandes erros cometidos neste ponto é o de incluir na ordem do dia desta Conferência a eleiçom dumha nova Executiva, clara mostra do medo e a incapacidade da organizaçom para fazer frente a umha situaçom destas características. Nom se deu umha reflexom profunda para analisar as razons da “crise” e nom se lhe permite à agredida falar com a organizaçom nem defender-se. Mas o agressor tem audiência em todas as comarcas e mobiliza outros homens que nom estám a militar -e que desconhecem os feitos acontecidos- para participarem nesta Conferência.

No dia 1 de abril celebra-se finalmente a Conferência Nacional. Após 7 horas de debate, em que se amostrárom de novo condutas agressivas e negacionistas da violência machista, e mália ter decidido o plenário “apoiar” à disolta Comissom Feminista, a nova Executiva eleita conta com 4 pessoas claramente posicionadas do lado do agressor e 3 que defendem a posiçom das componentes da Comissom Feminista. Destas 7 pessoas, só umha é mulher, e um dos homens elegidos é o que convidou ao agressor e ao autor da carta de demissom pública à assembleia comarcal de Vigo. Também foi quem enviou mensagens à agredida após a sua marcha do grupo da Executiva acusando-a de falta de compromisso e seriedade, quem se posicionara públicamente defendendo a carta pública de demissom, negando a agressom e vitimizando o agressor, e pedindo públicamente que voltassem à organizaçom estes dous homens. Mas a agredida estava vetada para esta Conferência. É importante lembrar que a este ato acodem homes que nom militaram nunca na organizaçom, e com os que o agressor falara pessoalmente nos dias anteriores. A partir deste ponto já nom é preciso apontar os erros desde umha análise feminista, dado que o erro de base é convocar a Conferência Nacional nesta tesitura, tendo em conta todos os fatores condicionantes assinalados.

A nova Executiva eleita tem como principal tarefa a redaçom dum comunicado oficial da organizaçom, posicionando-se ante os feitos acontecidos no último mês. Ainda que a Comissom Feminista estava disolta, e seguia à espera de resposta organizativa para entrar de novo, as mulheres que faziamos parte dela seguiamos em contato e tratando de dar umha soluçom real aos problemas estruturais evidenciados neste período. Para isto propugemos uns pontos mínimos que devia conter o comunicado oficial, que fôrom debatidos arduamente na nova Executiva em duas longas reunions. Finalmente censurárom-se vários apartados que as mulheres da organizaçom consideravamos imprescindíveis. O resultado foi um comunicado eivado, que na realidade nom incluia nenhumha medida contundente, e que tem mais a ver com um “lavado de imagem” para sair adiante que com umha aposta polo feminismo dentro da organizaçom e umha clara determinaçom para rachar com estas atitudes que impossibilitam a igualdade real dentro dela.

Reproduzem-se a continuaçom os pontos do comunicado que fôrom censurados polos defensores do agressor, contrastando o comunicado oficial com o proposto polas mulheres da organizaçom:

COMUNICADO OFICIAL:

(…) A conclusom que extraemos desta análise é que as dinámicas denunciadas neste último caso venhem repetindo- se dentro da organizaçom sem que em nenhum momento se figesse umha reflexom profunda. Recentemente a organizaçom tivo conhecimento de casos anteriores nos que até três mulheres abandonaron a organizaçom a raiz do acosso machista. Nom se trata, logo, dum feito anedótico, senom de dinámicas fortemente assentadas e com as que neste momento decidimos rachar de jeito rotundo.

COMUNICADO CENSURADO:

(…) A conclusom que extraemos desta análise é que as dinámicas denunciadas neste último caso venhem repetindo-se dentro da organizaçom sem que em nenhum momento se figesse umha reflexom profunda. Nos últimos 6 anos verificárom-se, com provas de todo tipo, até três casos anteriores, em que as vítimas abandonárom a organizaçom a raiz do acoso machista cometido sistematicamente por este mesmo agressor. Nom se trata, logo, dum feito anedótico, senom de dinámicas fortemente assentadas e com as que neste momento decidimos rachar de jeito rotundo.

O censurado neste parágrafo é, por umha parte, o que pode comprometer a membros da organizaçom que já estavam nela quando as mulheres que marchárom denunciárom o que lhes estava a acontecer, aportando provas de todo tipo. E por outra parte, a frase na que se sinala que o acosso e a violência sempre foi perpetrada polo mesmo agressor, tratando de diluir deste jeito responsabilidades, tanto a do agressor como a de quem militou com ele e nom exigiu que se tomaram medidas desde a organizaçom.

COMUNICADO OFICIAL:

(…) Em Causa Galiza entendemos que há que abordar o problema de fundo, que nom está resolto: a necessidade de formaçom em feminismo, igualdade e violências machistas. Estas atitudes nom som anedóticas; som a reproduçom, dentro dumha organizaçom política, de práticas e dinámicas habituais na sociedade machista e androcéntrica que queremos transformar.

COMUNICADO CENSURADO:

(…) Em Causa Galiza entendemos que há que abordar o problema de fundo, que nom está resolto: a necessidade de formaçom em feminismo, igualdade e violências machistas. Este aspeito fica em evidéncia após fazer-se pública a carta de demissom doutro excompanheiro, claro exemplo de misogínia e atitudes recalcitrantemente machistas. Que se figesse pública essa carta implica a inconsciência e interiorizaçom destes jeitos de pensar e agir. E que conte com o apoio e a validaçom pública de companheiros da organizaçom supom que estas atitudes nom som anedóticas; som a reproduçom, dentro dumha organizaçom política, de práticas e dinámicas habituais na sociedade machista e androcéntrica que queremos transformar.

Neste parágrafo, de novo, o que se censura é a parte que afeta a alguns dos homens que ainda seguem na organizaçom, um deles na nova Executiva, e evita-se o posicionamento sobre a carta de demissom que se fijo pública. Nom se entende esta censura, posto que a carta, ademais de ser um ataque pessoal contra a agredida, dá nomes e dados concretos da organizaçom fazendo umha análise totalmente subjetiva e manipulada da sua situaçom interna.

COMUNICADO OFICIAL:

(…) Causa Galiza, entre outras medidas, acorda:

– Invalidar este companheiro para qualquer tipo de responsabilidade interna, externa, ou de representaçom da organizaçom.

COMUNICADO CENSURADO:

– Invalidar estes companheiros para qualquer tipo de responsabilidade interna, externa, ou de representaçom da organizaçom.

No comunicado que se publicou finalmente só se invalida o agressor que já está fora da organizaçom, algo que nom tem muito sentido posto que sem ser militante dificilmente vai poder ter nenhum tipo de responsabilidade dentro da mesma. O que se censura é a parte na que se invalida os homens que legitimárom e apoiárom públicamente a carta de demissom do outro exmilitante, carta na que se vitimizava o agressor e se atacava de novo a agredida.

COMUNICADO OFICIAL:

(…) Ou construimos um espaço habitável para o independentismo ou a nossa existência carece de sentido; disso trata o Processo Trevinca. A exemplaridade da nossa resposta com os agressores fora da organizaçom, envia umha mensagem clara a todas aquelas que queiram construir um Pais no que pague a pena viver.

COMUNICADO CENSURADO:

(…) Ou construimos um espaço habitável para o independentismo ou a nossa existência carece de sentido; disso tratava o Processo Trevinca. A exemplaridade da nossa resposta com os agressores fora da organizaçom, envia umha mensagem clara a todas aquelas que queiram construir um Pais no que pague a pena viver.

Semelha um cambio de pouca importáncia, mas tendo em conta as medidas adoptadas pola organizaçom ante estas agressons e o que passou com o comunicado, Causa Galiza nestes momentos nom é um espaço nem habitável nem seguro para as mulheres. O Processo Trevinca, quando desde a própria organizaçom se protegem e legitimam as atitudes descritas ao longo deste artigo, nom nos inclui às mulheres, ou polo menos nom em igualdade de condiçons. Chama à atençom que no comunicado oficial mantenham o plural ao referir-se aos “agresores”. Considerando a carta de demissom mais umha agressom (entendemos que esse é o plural, dado que é a outra pessoa que abandonou a organizaçom), nom se entende que protejam a quem a validou publicamente.

Desde umha óptica feminista, todo o relatado obedece por umha parte, a umha dinámica habitual dentro da sociedade machista que queremos transformar: a fratria, o pacto entre homens que se protegem quando vem perigar os seus privilégios. Por outra parte, responde também à incapacidade e covardia dentro dumha organizaçom política à hora de afrontar as agressons machistas às que nos vemos submetidas aquelas que nos negamos a cumprir com o modelo ideal de vítima que impom o patriarcado.

Ao começar este artigo comentava que ao finalizar realizaria umha proposta construtiva desde o enfoque feminista. Neste caso, ao nom contar a organizaçom com um protocolo interno para abordar as agressons machistas, o lógico e recomendável seria que a Comissom Feminista se figesse cargo do assunto umha vez denunciada a agressom. Os passos que habitualmente se seguem nestas circunstáncias som:

– Afastar ao agressor -como medida provisória- da organizaçom quando se recebe a denúncia.

– Iniciar um processo de investigaçom, recadando as provas e dando audiência tanto à pessoa acusada como a agredida, sem que tenham que estar estas em contato.

– Realizar umha análise das provas (neste caso nom só havia provas da última agressom, também das acontecidas nos anos anteriores) e das conclussons extraidas das conversas com o agressor e a vítima.

– Tomar umha decisom baseada nas provas analisadas. De constatar a agressom, o agressor deve ser expulso da organizaçom de jeito definitivo.

Quanto à carta de demissom que se fijo pública, as medidas seriam:

– Expulsar da organizaçom a quem valida publicamente esta carta, por constituir esta umha nova agressom contra a mesma vítima e dar dados internos à organizaçom.

– Vetar definitivamente a entrada na organizaçom a quem publica a carta.

– Emitir comunicado oficial público, que deveria ser redigido polas mulheres da organizaçom, dando conta do processo e rejeitando todas as agressons acontecidas.

O que se fijo na realidade foi vetar a vítima, que nom tivo oportunidade de defender-se em nehum momento ante a organizaçom, e dar audiência tanto ao agressor como aos seus defensores, tendo estes maioria na nova Executiva eleita na Conferência Nacional do 1 de abril.

À vista do relatado, a conclussom principal que extraio é que para rachar com estas atitudes e práticas machistas dentro das organizaçons mistas devemos ser as mulheres as que estabeleçamos as bases e dinámicas que permitam a nossa participaçom em igualdade. Do contrário, as relaçons que construamos dentro destes ámbitos nom farám outra cousa que seguir as inércias sociais aprendidas, impossibilitando assi a criaçom de espaços seguros para nós. A formaçom em igualdade, feminismos e violências machistas que reclamávamos desde a Comissom Feminista nom serve de nada se dentro da organizaçom segue a dar-se cobertura a quem age protegendo agressores e legitimando estas práticas.

Outra das conclussons de todo este processo é que umha Comissom Feminista numha organizaçom que afronta deste jeito as agressons machistas só serve para encobrir e disfarçar a violência contra as mulheres no ámbito público/político. Por isto, a nossa autodisoluçom foi a decisom mais coerente que pudemos tomar. Nom queremos que outras mulheres tenham que sofrer estas situaçons, nem que tenham que renunciar à sua participaçom socio-política após militar em espaços que permitem e legitimam este trato connosco.

É de justiça relatar todo o acontecido, já nom pola indefensom que sentim ao longo deste mês e meio, senom polo silêncio que rodeou os abandonos anteriores doutras mulheres da organizaçom. Este silêncio, que agora se tornou atronador, foi um silêncio cúmplice da violência que sofrérom.

Para construir a sociedade que queremos há que começar já a agir entre nós como esta sociedade exigiria. Nom existem atalhos nem justificaçons ideológicas ou táticas que invalidem esta máxima aplicável a todos os ámbitos: feminista, nacional, de classe, anti-racista, democrático… Ceder num é reforçar a inércia aprendida no capitalismo patriarcal e supremacista, perder. A resposta à pergunta que me realizou aquele companheiro ao começo deste artigo é clara: as mulheres nom militamos convosco porque sodes umha organizaçom machista. Precisamos outras ferramentas para liberar-nos, umhas que podamos empregar contra o regime espanhol e o capitalismo sem ter que cuidar as costas da violência com a que defendedes os vossos privilégios de género. Chegarám.