Umha das primeiras notícias que temos do empoderamento das mulheres no seio do movimento soberanista-independentista galego das últimas décadas tivo lugar depois da petiçom de amnistia para as mulheres repressaliadas da UPG. Desde o exílio criticárom essa petiçom por considerá-la patriarcal e por nom colocá-las ao mesmo nível que os seus companheiros homens. Apesar da UPG contar com a primeira presidenta mulher do soberanismo galego contemporáneo, Elvira Souto, as cousas nunca estivérom fáceis para as militantes galegas. Num cartaz de um acto político da altura, em que se denunciava a situaçom de prisom das militantes da UPG na cadeia da Corunha, a única presa política da altura acompanhava o nome do seu companheiro: “Manolo Rodríguez e a sua mulher Marisa Vázquez”. Na documentaçom interna do partido galego, nos seus 10 famosos pontos programáticos, nom aparece nem um só deles dedicado ao feminismo ou à luita das mulheres.

Tampouco Galicia Ceibe contará com quadros femininos. Porém, começarám a aparecer temas dedicados à mulher e certa apertura de textos. Assinado por Teresa Barros, aparecerá um artigo na revista Espiral dedicado a Rosalia. Nos textos da sua VIII aparecerám também umhas das primeiras mençons sobre o teor a nível interno por parte do independentismo moderno a respeito da necessidade de “ criar organizaçom de mulheres e participar em feminismo”.

Seguindo o modelo de organizaçom de frentes de corte marxista-leninista, será a extinta APU a que incorporará a finais dos 80 e principios dos 90 a luita feminista como um principio fundamental.

Sem dúvida, produto do influxo das MNG, o feminismo nesta altura começa a tomar corpo dentro das organizaçons da esquerda independentista galega: incorporám-se militantes mulheres e também as suas reivindicaçons som colocadas no espaço público. Na altura umha convocatória da FPG no dia da pátria, que aglutinava todas as expresons de esquerdas à margem do BNG, contou com umha única mulher como interviniente.

O EGPGC entendeu a necessidade de integrar a luita feminista dentro do seu ideário,e a Nova Poesia Galega assi o reflectiu num dos seus pontos. Os tempos eram duros para aquelas mulheres que se organizavam politicamente e assi que eram detidas, ao igual que acontecia no franquismo com as guerrilheiras, eram riscadas de amantes deles ou, em ausência de homens, directamente de putas.

Chegamos à decada de 90, avançamos até as organizaçons mistas mais actuais que a todas nos som conhecidas: AMI, BRIGA, AGIR, PL. Nós-UP, Causa Galiza… As mulheres militantes destas organizaçons entenderom a necessidade de se dotar de órgaos de decisom próprios no seio delas.

Nom sem polémicas e luitas de poder, criárom-se comissons de mulheres que levárom avante trabalho específico feminista dentro das organizaçons em sintonia com o movimento feminista do que formavam parte boa parte das militantes. Esta geraçom de mulheres recolheu o trabalho feito por outras mulheres e, sem lugar a dúvidas, derom um passo adiante dentro das organizaçons mistas asumindo portavozias e trabalhos em igualdade de condiçons com os seus companheiros.

Este brevissimo resumo pode servir para lembrar de onde vimos as militantes independentistas e entender cara onde vamos. Também para lembrar o enorme esforço das que estivérom antes e abrirom tantos e tantos caminhos: Elvira Souto, Margarida Ledo, África Leira, Natividade Grandal, Josefa Rodrigues… Só por citarmos algumhas delas, o relevante foi o feito colectivamente.

Existe um antes e um depois do ano 2011 a muitos níveis, mas vamos centrar-nos apenas no ámbito feminista. O feminismo, em avanço claro e incisivo, chegou a converter-se no movimento social mais influiente e com maior empuxe no panorama político actual. Da luita feminista entendida como algo sectorial nas organizaçons mixtas, as mulheres começárom a entender a necessidade de converte-la em algo transversal. Nom existe até o de hoje nada que lhe despute a sua já hegemonia a nível social e político, até chegar analistas a assinalar que estamos perante umha verdadeira revoluçom. Qualquer organizaçom política e social que pense que pode fazer política ou umha leitura acertada do contexto histórico em que vivemos sem ter presente o feminismo ou sem integrar mulheres no seu seio, nom só está errada, mas sobretodo e principalmente está condenada ao fracaso. Muito mais na Galiza, um País onde o seu feminismo organizado conta com saúde e potência social reconhecida e bem sabida. O futuro vai ser em lilá, pesar a quem lhe pesar. As mulheres estamos preparadas para liderar os cámbios que ham vir e para enfrentar o fascismo.