O petróleo Brent, umha mistura de quinze tipos de cru procedentes da regiom do mar do Norte que é usada como referência para os mercados de cru na Europa, cotiza desde que começou o mês em valores que beiram os 70 dólares por barril. Este preço multiplica por quatro o que se registrava nos meses de abril e maio do passado ano, cousa compreensível porque aqueles fôrom os meses com maiores restriçons, mas já é superior também ao que se cotizava nos meses prévios à chegada do COVID e moi próximo aos máximos do último lustro. Na gráfica inferior pode ver-se a subida meteórica da sua cotizaçom desde a primavera passada.

A atividade industrial ainda nom recuperou os níveis prévios da pandemia, e outros setores mui dependentes do petróleo, como é o caso do turístico, estám a níveis mínimos, polo que a demanda nom pode ser a causa deste encarecimento. Tampouco existe nenhum motivo geopolítico que explique este incremento.

Será que começa a escassear?

As reservas de petróleo som enormes, e as firmas do setor energético nom perdem oportunidade para fachendear com este dado. Mas que existam muitas reservas nom é relevante, o que importa é o ritmo ao que pode ser extraído o petróleo, e quanto custa extraí-lo, claro. De que serve que existam bilhons de metros cúbicos de reserva no subsolo se é impossível ou demasiado laborioso aproveitá-lo? As dificuldades técnicas para extrair o cru som crescentes e chegará o momento em que será necessário gastar tanta energia para extrair um barril de petróleo como a própria energia que contem essa mesma quantidade de petróleo. É dizer, terá umha TRE (Taxa de Retorno Energético) negativa. Chegado esse momento nom seria energeticamente viável continuar a extrair petróleo por muitas reservas que houvesse.

O consumo mundial de petróleo é atualmente de 96 milhons de barris diários (15,3 milhons de metros cúbicos), que para fazer-se umha ideia, seria suficiente para encher um depósito do tamanho do estádio de Riazor mais de 20 vezes. Esta quantidade é consumida cada dia. Manter este ritmo de extraçom é insustentável e a própria AIE  (Agência Internacional da Energia) reconheceu que o petróleo convencional alcançara o seu pico no ano 2006 e a produçom de petróleo conseguiu manter-se por causa da contribuiçom de petróleos nom convencionais como o fracking, os petróleos de águas profundas ou as areias asfálticas de nula ou mui baixa rentabilidade, pois trata-se de petróleos mais difíceis de extrair. Pola sua vez, o pico do petróleo (o cru convencional mais os petróleos nom convencionais) atingiu-se em dezembro de 2018 e o pico da produçom de diesel foi já no ano 2015, de aí as restriçons tomadas nos últimos anos para limitar o seu consumo.

O castelo de naipes do fracking derrubasse

O fracking, ou fratura hidráulica, é a indústria que extrai o petróleo que está localizado dentro de pedras e nom pode fluir a partir dumha perfuraçom inicial. Para conseguir extraí-lo é necessário injetar água e areia a alta pressom com impulsos bruscos que provocam explosons que fraturam a pedra. Para que o petróleo flua à superfície também se injetam produtos químicos que facilitam a drenagem do cru. Como se pode imaginar, o processo de extraçom é muito mais custoso e energeticamente menos eficiente que a extraçom do cru convencional. Polo tanto, o petróleo produzido deste jeito é rentável unicamente se se pode vender mui caro.

Como é conhecido, a queda repentina na demanda por causa da pandemia fixo cair de golpe o preço do cru e alguns tipos de petróleos chegárom a cotizar em cifras negativas. Isto provocou que a indústria do fracking fosse a primeira em derrubar-se. Na realidade, nunca nenhuma empresa de fratura hidráulica foi rentável, apesar das ajudas públicas, dos benefícios fiscais e outras prerrogativas. Assim, entre 2015 e 2019 mais de 190 empresas estadunidenses dedicadas ao fracking fôrom à quebraacumulando umhas perdas que ultrapassavam os mil milhons de dólares.

Ponto de nom retorno

A pandemia fixo que a demanda de energia durante o 2020 se reduzisse, mas o que se avizinha nom vai ser um problema de demanda, mas de oferta. Aproxima-se umha caída da produçom causada por fatores físicos como é a falta de rentabilidade energética e econômica dos jazigos existentes. Portanto nom será umha queda temporária como a atual, mas uma queda permanente e definitiva que só pode piorar.

O que fixo a pandemia foi simplesmente acelerar um processo que já estava em marcha. Já se ultrapassou o pico do petróleo e nunca mais se produzirá tanto petróleo como foi produzido no passado. Nom há “recuperaçom econômica” possível, quando menos no seu sentido clássico.