Estado de shock global ou ao menos estado de shock primeiromundista. Ante o apocalipse, clamam novas teorias da salvaçom, fugidas para adiante, filosofias da supervivência e do “salve-se quem puder”… Como em toda situaçom limite, a perceiçom do tempo cambia: de súpeto todo semelha permanente e eterno, nom se vê o final do túnel, ninguém pisa solo duro. Quem até fai dous dias viajava em low cost a países como Tailândia ou Turquia está agora a odiar o sistema até que lhe deixem voltar a ser guiri; quem se emborrachava cada sexta-feira até as 8 da amanhã esta agora a odiar o sistema se nom substitui já essa droga polo lorazepam. Já todo o mundo se reconhece baixo a máscara, aprende e reconhece caras do mesmo jeito que polícias e entidades bancárias, e reconhece também as suas misérias mais baixas, necessidades que nom coincidem com as da pirâmide de Maslow.

Como adoita acontecer nestas situaçons a imaginaçom paralisa-se e surge a obediência cega; o autoritarismo é normalizado mais que nunca e tendemos à repetiçom de esquemas que já nom servem. Metaforicamente falando, a praia enchoupada de chapapote impede ver a inevitável volta à praia massificada e ao seu vermouth com máscara ou sem ela. Colheremos a estrada da via rápida, porque ainda há muito petróleo que gastar, e muito interesse em que o gastemos.

Mas, que ao menos, sejam estes tempos de reflexom.