Num documento que recebemos nesta redacçom, representantes da comunidade de historiadores do nosso país venhem de expor certas consideraçons sobre o momento político que vivemos, e que resultaria dificilmente compreensível sem levar em conta as raízes da actual arquitectura jurídico-política. ‘O Regime actual -afirma o manifesto- nom é fruto da livre vontade da cidadania e dos povos deste Estado, senom que está condicionado polas ameaças do persistente estamento militar franquista e polos compromissos coa ditadura’
Os e as assinantes do manifesto, todas elas especialistas no estudo da guerra civil e ditadura, salientam que é impossível reduzir as consequências do regime anterior ‘à desapariçom física da figura que o encabeçava.’ A continuidade na restriçom de direitos e liberdades, nestes passados dias patenteada especialmente com casos como o recurso da fiscalia contra a absolviçom de Causa Galiza e Ceivar, ou o encarceramento de Pablo Hasel, tenhem que entender-se, como ‘lastres que arrasta o quadro legal actual, agravados pola poluiçom franquista do aparelho de Estado.’
Longe da habitual cesura que os estudos históricos maioritários estabelecem entre pessoas retaliadas no franquismo e aquelas que padecêrom cadeia e perseguiçom desde 1978, o manifesto afirma que ‘também consideramos repressaliados, presas políticas e exiladas todas as que por estes ideários democráticos proscritos fôrom e som vítimas destes acordos na chamada transiçom, e que servírom para perpetuar o franquismo.’
Sabedores das muitas dependências que a comunidade historiográfica tende a padecer em relaçom ao poder, o documento afirma que os e as assinantes nom se resignam ‘a cingir-nos às limitaçons dos que desenhárom este regime a gosto dos do anterior.’ No texto reivindicam a vigência de conceitos como o ‘direito a decidir’ e as ‘aspiraçons republicanas’, que eles próprio tenhem abordado nos seus estudos sobre a legalidade gorada polo golpe de 1936. Além do mais, solidarizam-se com ‘todas as pessoas repressaldias como consequência dumha legislaçom e dum poder judicial herdeiros dumha ditadura ilegal e criminal.’
Os assinantes do manifesto som as e os historiadores Xoán Carlos Garrido, Xosé Ramón Ermida, Dionísio Pereira, Pepe Álvarez, Carlos Méixome, Antón Mascato, Eliseo Fernández, Carlos Velasco, Manuel Monge, Carlos Babío, Carlos Parrado, Montse Fajardo, Carlos Nuevo, Antón Somoza, Celso Milleiro, Manuel Igrexas, Xesús Torres. Todos eles, cada um nos seus estudos específicos, tenhem deitado luz sobre importantíssimos episódios da história contemporánea da Galiza, como o genocídio nos ámbitos local e comarcal (dando nome às vítimas e os verdugos), a génese do movimento obreiro e o republicanismo, e a conformaçom do nacionalismo galego e a sua resistência na jeira ditatorial. As suas achegas tenhem sido aproveitadas polos movimentos sociais para actos de vindicaçom das e dos repressaliados, ou para a sinalizaçom de lugares de memória da Galiza em luita.