Desde 26 de novembro, milhares de agricultores indianos agitárom o país contra as novas leis agrícolas do governo de Narendra Modi, que eles consideram “pró-corporativas” e “exploradoras”.

Esse tsunami de protestos salientou um novo tipo de figura revolucionária para o mundo: as mulheres agricultoras, essenciais para a manutençom e fortalecimento da agricultura na Índia. No entanto, mesmo sendo as responsáveis por 15,4% da economia nacional, nem o setor agrícola nem o arcabouço da política macroeconômica reconhecem seu trabalho.

O setor agrícola indiano é caracterizado por estruturas feudais e patriarcais profundamente arraigadas que impõem restriçons significativas, deliberadas e inadvertidas às mulheres. Normalmente, em sociedades patriarcais agrárias típicas, mulheres e homens nom têm igual acesso a aquisiçom de terras, o que tecnicamente as desqualifica para receber apoio institucional de bancos, seguros, cooperativas e programas governamentais.

De acordo com a Pesquisa de Desenvolvimento Humano na Índia de 2018, 83% das terras agrícolas no país som herdadas por membros masculinos da família e menos de 2% por mulheres. A comunidade agrícola feminina indiana será afetada ainda mais caso de que as três novas leis agrícolas aprovadas polo governo em setembro sejam implementadas.

Contra esse pano de fundo, agricultoras indianas estám levantando as suas vozes com força total nos protestos, aproveitando essa oportunidade para reivindicarem publicamente essa identidade.

Em 18 de janeiro, no Dia das Mulheres Agricultoras na Índia, uma série de organizaçons realizárom manifestaçons em todo país, mobilizando ativamente a opiniom pública em vilas e cidades, indiferente de classes e castas.

Além de se manifestarem, as agricultoras assumírom toda a responsabilidade de administrar suas fazendas e famílias enquanto os homens protestam nas fronteiras de Deli. Fazendo malabarismos entre cuidar da casa e alimentar os seus filhos, as mulheres também estám garantindo que haja um fornecimento contínuo de alimentos, cobertores e outros itens essenciais e necessários nos locais de protesto. Sem esse apoio logístico delas, certamente os acampamentos nas fronteiras de Deli, por exemplo, nom estariam de pé até hoje.

O número de mulheres em vários locais de protesto nas fronteiras de Deli e em outras regions da Índia aumentou constantemente, o que mostra que o levante dos agricultores e agricultoras da Índia se tornou nom só um espaço de luita, mas também de empoderamento para a comunidade agrícola feminina do país, que demonstra nom voltar atrás em suas demandas de igualdade para trabalhadoras do campo.