(Ilustraçom de Lola Díaz num livro da Editorial Nós) Num dia como este, há 134 anos, nascia um grande líder político galego que foi também um excelente ilustrador, e constutor das imagens mais icónicas da nossa Terra. É por isso que, desde 2014, a Associaçom Galega de Profissionais da Ilustraçom escolheu esta data para recordar umha figura importante das nossas artes plásticas. Desta volta foi Lola Díaz Baliño, corunhesa adiantada ao seu tempo que fijo parte dumha estirpe de artistas comprometidos com a Terra, embora no seu caso se situou no lado oposto do espectro político.
Na jornada de hoje vários actos institucionais, monopolizados pola direita espanhola (é a Conselharia de Cultura e Turismo a que apadrinha a efeméride) recordárom Lola Díaz Baliño. No caso que nos ocupa, praticamente todas as informaçons publicadadas decidírom omitir as lealdades da artista com a extrema direita, tema considerado um tabu incómodo.
Todo galego ou galega orgulhoso do país conhece Camilo Díaz Baliño, um dos ilustradores de referência do nacionalismo de posguerra, assassinado polo fascismo impunemente, e cujo cadáver apareceu numha gávia em Palas de Rei; o seu filho, Isaac Díaz Pardo, nom precisa tampouco apresentaçom. Porém, pouca gente sabe que Camilo tinha umha irmá e Isaac umha tia, mulher de avanguarda que se abriu passo num mundo totalmente monopolizado por homens, como acontecia em todo o espaço público até há bem pouco. Certamente, a sua adesom ao bando que assassinou ao seu irmao e perseguiu o seu sobrinho dificultou recordos mais amplos.
Lola Diaz era filha dum empresário de Ortigueira e dumha ferrolá, Camila Baliño. De muito nova, na década de 20, debuta com sucesso na fotografia, e em plena ditadura de Primo começa a ganhar celebridade polos seus debuxos nas revistas Mariñana ou Céltiga. As obras, fundamentalmente desenhos e aquarelas, seguiam o estilo costumista com que se representavam as imagens da Galiza na altura, intercalando a representaçom mais clássica da mulher do país com a recuperaçom de símbolos históricos e patrimoniais. Suas som também algumhas das capas da Editorial Nós, umha das grandes apostas do galeguismo corunhês naquela jeira. Embora foi umha mulher de posiçons conservadoras e procedente dum estrato social alto, demonstrou certo achegamento à galeguidade e ao nosso rejurdimento nacional. Em 1926 topamo-la como umha participante da Exposiçom de Arte Galega, e participou em homenages a Cántigas da Terra.
Em tempos em que a mulher estava condenada ao trabalho nom pago do lar, ou, no caso da mulher burguesa, à actividade improdutiva, Lola Díaz trabalhou como ilustradora becada pola Deputaçom já a finais da década dos 20, labor que combinou com a docência. Em 1938, vai ser a segunda mulher admitida na Real Academia Galega de Belas Artes.
Controvérsia
Nas redes sociais galegas, a polémica sobre a pertinência de homenagear Lola Díaz estivo presente. Em termos gerais, houvo umha divisom marcada entre pessoas partidárias de reconhecer o seu valor como artista e como mulher, e aquelas defensoras de esquecer a sua figura por cúmplice com o genocídio. É óbvio que a sua nula adscriçom à reivindicaçom política galega, e as suas simpatias falangistas, em contraposiçom com o seu irmao e sobrinho, a condenasse a umha zona mui secundária da nossa memória colectiva. Mas também é muito provável que a sua condiçom de mulher impedisse reconhecer os seus logros, que tenhem a ver com a conquista de espaços, profissons e protagonismo antes vedados à metade da populaçom. De facto, as lealdades políticas de Lola Díaz na ditadura fôrom as mesmas que as de Vicente Risco, Álvaro Cunqueiro, Correa Calderón ou Noriega Varela, que porém si som vindicados continuamente polo galeguismo. A discriminaçom de género aparece aqui muito visível.
No album ‘a Corunha das Mulheres’, editado pola Associaçom Cultural Alexandre Bóveda, pode ser consultada umha biografia artística e profissional desta figura chave da nossa arte.