Ao abeiro mediático do litígio polo Paço de Meirás e da entrada no centenário da morte da condesa de Pardo Bazán loce nas luas das livrarias o seu epistolário a Galdós, Miquiño mío: cartas a Galdós, do que o título já é um reclamo, mais que a literatura, a monlho rosado. Nom digo eu que rejeite este género literário. Cicero, indo mais longe, deixou-nos quase um milheiro de cartas que nos levam à vida quotidiana da Roma de há mais de dous milénios. Graças a isso, historiadores, filósofos, políticos e gente do comum podemos abranger um conhecimento mais profundo sobre a cultura clássica e sobre a espécie humana sem que por isso estejamos a violentar a Marco Túlio nem os seus descendentes.
Do mesmo jeito temos de louvar A obra emascarada, o epistolário cruzado entre Ricard Salvat e Luís Seoane em que preparam a montagem da obra de teatro Castelao e a sua época, um alegado contras as guerras coloniais e na defensa dos vencelhos entre Galiza, Portugal e as culturas ibéricas com textos de Rosalia, Curros e a própria Pardo Bazán entre outros. Obra pantasma que só bulrou o salazarismo nas baiucas de Coimbra.
Mas que classe de morbosidade pode despertar que dona Emília figesse o amor com Galdós polas ruas de Madrid numha carruagem e botasse as bragas pola janela? Compensa este saber, talvez provatório dumha sexualidade desacomplexada, traspassar eticamente o limiar da privacidade?. Ou é que os mortos nom tenhem direito à intimidade?. Nom quero com isto dizer que só se deveram dar ao prelo os livros de epístolas canónicas ou as aparências haxiográficas da condessa, pois o mais escuro e mórbido dos santos nom passaria a licença vaticana. No entanto, resulta suspeitoso que nestas festas solsticiais nengum escaparate locisse La Tribuna, magnífica novela de Pardo Bazám sobre a líder das cigarreiras da fábrica de Tabacos de A Corunha (temática de mulheres trabalhadoras a se organizar que nom acaxoma co pensamento reaccionário) ou Insolaçom, obra feminista onde transloce a fé ingénua do povo nas reformas políticas. Por nom falar de La cuestióm palpitante, que em plena pandemia, coa fenda de género e a feminizaçom da pobreza, segue a palpitar.
Nom vou ser eu quem me some a umha louvança acrítica de dona Emília, em sendo que umha condessa tem limitaçons de título para exercer um feminismo coletivo, digamos. Como tampouco penso que literariamente dona Emilia e Rosalia sejam excluíntes, ainda mais se consideramos que sendo as duas galegas, a condessa pertence à literatura espanhola, nom assim a obra principal de Rosalia. mas si apontar que Pardo Bazán também tivo certa ousadia a se enfrentar ás mulheres e homens da sua classe e a sua hipocrisia moral. Além de que o seu passado carlista, o seu conservadorismo católico e o seu regionalismo cultural nom empecessem que às vezes se posicionasse na defensa de parte da obra de Curros ou de Rosalia. Mália que comparar Folhas Novas, como fijo, co lirismo enfermizo da poesia novecentista castelhana reflita o seu rejeitamento a um regionalismo político que batia cos seus interesses de classe.
Porém, é bem que fagamos justiça literária e saibamos arredar a mulher da literata. Porque como literata é umha das grandes e nom é merecente da marginaçom misógina à que se submeteu e submete a sua obra. As suas novelas e relatos curtos assim o acreditam. A sua vida amorosa, sexual e privada só devera interessar desde o ponto de vista feminista ou sociolóxico. Celebremos o centenário profundando e debatendo na obra e deixemos os monlhos rosados para os chefs dos realities. Nom vaia ser que por tratar-se dumha mulher celebremos o morbo e convertamos o seu espistolário num epistoleiro, como dim os irmaos potugueses para aludir ás colecçons de cartas.
Converter a obra da autora de Los Pazos de Ulloa num monlho rosado de sobremesa alienada é perverter a literatura ou fechá-la ao conhecimento das futuras geraçons afastando-nos do graal e do corvo dos escudos da Galiza nossa e da Galitzia ucraniano-polaca.