Se nos últimos meses alertávamos neste portal sobre a fraude do chamado hidrogeno verde, esta semana foi notícia que na localizaçom da antiga central térmica de Meirama, em Cerzeda, Naturgy pretende instalar umha indústria de produçom deste tipo de hidrogeno.
No verao passado foi publicado no BOE o peche definitivo da central térmica de Meirama e desconectou-se definitivamente da Rede Eléctrica Espanhola. Antes de rematar o ano também começárom os labores de desmantelamento da central. Assim, o que foi um símbolo do colonialismo extrativista na Galiza, mas também um emblema da batalha das classes populares contra a usurpaçom da Terra, seguirá sendo explorado polo capital. Se na década de 1970 o projeto da central térmica e da mina a céu aberto provocara levantamentos vizinhais, agora o novo projeto reservado para Meirama jogará a favor do liberalismo verde, mas em qualquer caso continuará a poluir.
Já no mês de novembro, durante a celebraçom das jornadas organizadas polo novo Ministério para a Transiçom Ecológica, o presidente de Naturgy anunciava a intençom da empresa energética de construir umha fábrica de hidrogeno verde de 50 Mw. de potencia na antiga central de carvom. Deste jeito, o gigante energético quere apanhar parte dos 1.500 milhons de euros em ajudas dos fundos europeusque formam parte da Estratégia Europeia do Hidrogeno.
Sem saber ainda os detalhes do projeto, a ideia é aproveitar a água do lago das Encrovas e, empregando a energia gerada num parque eólico de 49,5 Mw. que está projetado em Meirama, produzir o já famoso hidrogeno verde. É dizer, para que o hidrogeno seja considerado “verde” o processo de eletrolise, polo qual se obtém a molécula de Hidrogeno a partir da molécula de água, deve estar abastecido por energias renováveis. O saldo energético será, como deixa claro o segundo lei da termodinâmica, notavelmente negativo. Para obter mais informaçom sobre a aberraçom energética que implica este tipo de tecnologia pode consultar-se a web especializada The Oil Crash (I), (II) e (III).
Umha das vantangens de Meirama, segundo apontam os expertos, é que conta com infraestruturas que ainda se conservam da central térmica, como por exemplo, umha grande conexom à rede elétrica. Mas compre lembrar que esta conexom foi empregada durante décadas para verter a energia produzida na central térmica à Rede Elétrica, enquanto no futuro vai ser para que cheguem as ingentes quantidades de energia que se vam consumir no processo de eletrólise da água. Há que anotar neste ponto que o hipotético parque eólico de Meirama tem umha potencia máxima (a pleno rendimento, com todos os moinhos funcionando a máxima potencia, cousa que poucas vezes acontece) de 49,5 Mw. Assim as cousas, este parque eólico nunca daria abastecido a nova fábrica de hidrogeno verde, polo que haveria que trazê-la de algum outro sitio.
O liberalismo verde: nem liberal nem verde
Esta corrente de pensamento político assenta-se por um lado na ideia de que o sistema socioeconómico capitalista nom é o responsável da crise ecológica em curso, o responsável é a natureza humana. E por outro lado, sustem que só o atual sistema socioeconómico pode fazer fronte à crise ecológica e social com apenas efetuar algum ajuste pontual. Além disto, também afirma que só a própria dinâmica capitalista pode corrigir a trajetória da humanidade cara ao colapso. Só através da inovaçom tecnológica, característica que segundo esta corrente é exclusiva do capitalismo, é que será possível num futuro continuar crescendo economicamente sem destruir por completo a biosfera. E nesta carreira de inovaçons tecnológicas, as energias renováveis estám à cabeça.
Seguindo esta lógica, as principais empresas responsáveis da crise ecológica demandam o apoio do Estado para empreender o rumo cara ao abandono dos combustíveis fósseis ao tempo que os responsáveis públicos anunciam eufóricos os ingentes subsídios cara às empresas energéticas como triunfos políticos.
À luz está, o rumo é equivocado porque, como no caso do hidrogeno verde ou da energia eólica, estes som projetos energeticamente injustificáveis, ou abertamente incoerentes desde um ponto de vista ecológico. Este tipo de projetos nom podem entender-se desde umha perspectiva energética ou ecológica, só como um jeito de trasvasar dinheiro público a maos privadas.