(imagens: Rente ao Couce) Por volta de 50 pessoas desafiárom hoje o frio e a ameaça de chuva nos Ancares para acodirem ao acto que o movimento associativo da montanha organizava a prol dum dos seus vizinhos mais ilustres. Rente ao Couce e Património dos Ancares nom deixárom passar o ano para recordar que, há mais dum século, Fuco Gómez nascia em Ouselhe. Com tal motivo, ambos os colectivos convocárom umha caminhada lúdica e formativa que inaugura umha rota polos espaços da infáncia e juventude do militante galego. A ideia é que, sem muita demora, esta rota esteja sinalizada como elemento de divulgaçom histórica.

Os e as assistentes juntárom-se às 11 da manhá ao pé do monólito que, diante da igreja de Ouselhe, lembra Fuco Gómez. A peça fora ergueita num acto semelhante ao de hoje, há exactamente vinte e dous anos. Na altura, vizinhança da paróquia, com a colaboraçom da CIG, quigera colocar um modesto monumento com umha placa comemorativa, agradecendo a Fuco os serviços emprestados ao país na sua longa trajectória.

Desta volta, foi Xavier Moure, de Património dos Ancares, o que glossou a figura deste moço becerrense e deu notícia dos espaços da sua infáncia, precisamente os que iam ser percorridos polos caminhantes no dia de hoje. Um panfleto que repassa a sua biografia foi repartido, e o roteiro iniciou umha marcha de mais de 12 kilómetros cara a sua aldeia natal, Montanha de Agra. À volta, Rente ao Couce e Património dos Ancares deixárom um ramo de flores na lembrança do homenageado.

Silêncio institucional

Até o de agora, 125 anos depois de ter nascido Fuco Gómez, nenhuma instituiçom dos Ancares tem dado o passo para promocionar a sua figura. O afastamento do Fuco do poder, manifesto em vida, e a claridade das suas teses, fai difícil assimilá-lo e rendibilizá-lo politicamente por parte dos partidos espanhóis. Além de versificador, lexicógrafo, autor do primeiro manual para a aprendizagem de galego, organizador da comunidade emigrante, Gómez foi um manifesto independentista que fundou em 1922 o Comité Revolucionário Arredista Galego, e lançou contínuas proclamas insurreccionais a prol da soberania galega. E se as suas posiçons eram contundentes na distáncia, também o fôrom na terra, pois na década de 30 chega à Galiza com a intençom de alentar um processo secessionista. A franqueza e contundência dos seus postulados levárom-no mesmo a chocar com as elites galeguistas, e a ser perseguido polas autoridades republicanas.

Homenagem pendente

A figura de Fuco foi analisada por vários investigadores, caso de Bao Abelleira, Xurxo Martínez ou Uxío Breogán, mas em qualquer caso, a sua figura nom alcançou a difusom massiva de outros vultos do movimento galego.

Como curiosidade historiográfica e política, nestes dias natalícios, a pesquisa historiográfica das redes sociais levava à descoberta dum postal de felicitaçom arredista editado polo CRAG há 91 anos, e que possivelmente chegaria massivamente desde a emigraçom aos galegos e galegas de interior.

A pequena homenagem que hoje artelhou o associativismo comarcal pode ser um pequeno passo para a verdadeira homenagem nacional que a Galiza, e particularmente o independentismo, ainda lhe devem a este becerrense.