Nas semanas prévias intentamos tirar algo de luz sobre duas supostas fontes de energia renováveis que poderiam resolver o problema energético que atravessa a humanidade: a energia eólicae o hidrogeno verde. A primeira tem um potencial limitado, que dificilmente alcançaria o 5 ou 6 % do atual consumo mundial, e a segunda, como já se explicou, nem é umha fonte de energia, mas um vetor energético. Chegamos à conclusom de que nom resolveriam o problema energético e do mesmo jeito que debulhamos as limitaçons destas duas “fontes de energia” poderíamos continuar a fazê-lo sobre outras supostas alternativas aos combustíveis fósseis: a energia hidroelétrica, a energia solar, a energia nuclear, os biocombustíveis, a energia das marés, a geotermia… Mas chegaríamos sempre à mesma conclusom: nenhuma delas tem capacidade para compensar a queda na produçom das fontes de energia fósseis que se avizinha nas vindouras décadas, e polo tanto nom solucionam o problema.

Ponto de partida

Para começar há que fazer umha radiografia da situaçom atual. A principal fonte de energia primária a nível mundial é o petróleo (que inclui o petróleo cru convencional e os petróleos nom convencionais) que representa o 33,1 % do total, seguido do carvom (27,0 %), o gás natural (24,2 %) e já no quarto lugar a energia hidráulica (6,4 %), ou melhor dito a hidroelétrica, por enquanto a energia hidráulica apenas é destinada à produçom de energia elétrica. O mesmo acontece com a energia nuclear (4,3 %). Só depois aparece a energia eólica (1 %) e a energia solar com um raquítico 0,5 %, cifra que inclui toda a energia solar destinada para a produçom de eletricidade (nom só a fotovoltaica).

Isto significa que praticamente o 90 % da energia primaria consumida a dia de hoje nom é renovável (os diferentes tipos de petróleos, carvom, gás natural e energia nuclear de fissom). Só a queda num 10 % na produçom energia nestas fontes significaria que haveria que compensar a caída duplicando as energias renováveis. Cousa a dia de hoje pouco factível, por enquanto a principal fonte de energia renovável, a hidroelétrica, está já amplamente explorada nos países ocidentais.

Um problema difícil de resolver

A recorrência com a que se volve constantemente ao problema energético é representativo da sua importância. Superado o pico do petróleo convencional no ano 2006, o pico do carvom no ano 2015, com a previsom de que o pico do gás natural se alcance ao largo da presente década e com a pouca capacidade de crescimento (em termos absolutos) das energias renováveis, é necessário encontrar umha soluçom à escassez de energia.

Um dos termos na moda é a eficiência. Se os processos onde é empregada a energia som mais eficientes, pareceria lógico que necessitássemos menos energia. Porem, na pratica acontece o contrário. Desde a Revoluçom Industrial, as melhoras na eficiência das tecnologias onde é empregada energia deriva sempre num incremento de consumo. Esta aparente contradiçom é conhecida como o paradoxo de Jevons, polo que quando se melhora a eficiência de um recurso, neste caso a energia, é empregado em maior medida porque a eficiência permite novos usos nom considerados anteriormente.

Neste sentido, a História mostra que a eficiência por si soa nom implica umha reduçom no consumo de energia. Para umha reduçom efetiva do consumo é necessária também pôr limites, quer dizer, restringir o consumo energético dalgum jeito. Um racionamento. Mas é necessário lembrar que o crescimento económico é consequência do crescimento da energia disponível e se limitas a energia disponível estás limitando também o crescimento económico. E aí é onde devemos pôr em questom um sistema económico que necessita ineludivelmente o crescimento económico e, em consequência, de energia para sobreviver.

No fundo nom se trata dum problema técnico, mas dum problema político. É urgente mudar a perspectiva com a que afrontamos a realidade e como deve ser a nossa relaçom com a Terra. Melhorar a eficiência sim, porque será útil quando comece o racionamento, mas também reconhecer o absurdo dum sistema que ignora os limites da natureza.