Roberto Blanco Torres

Dizia Proudhon que por baixo de todas as questons humanas lateja um problema religioso. Podemos parodiar o grande revolucionário das ideias dizendo que no fundo de todas as luitas sociais há umha questom moral. No nosso conceito, o principal problema da Galiza é um problema de moralidade. Os lindeiros da moralidade estám, neste século de mentidos refinamentos e bastardas ambiçons, confundidos ou revoltos no remoinho toleante do tráfego dos homens.

Por sobre do sentido da moralidade -que é o cimento das grandes e fecundas ideias e o faro luminoso das mais singelas belezas- ponhemos os galegos, nas nossas relaçons e nos nossos feitos, qual umha aureola de glória, a cativa condiçom da necessidade, e miramos para o estômago como único objectivo, qual único ideal.

Todo no retábulo da nossa mira regional é falso, hipócrita, pequeno e pobre. As conviçons nom determinam a conduta das pessoas. (…) A verba que cultiva todas as postemas do praticismo, essa baixa e absurda andrómena da ignoráncia, essa paulinha que é decote o móbil das nossas acçons.

Os políticos aldrajam o nome da Galiza, e fam escarnho da cidadania galega. Todos o sabem e calam.

Os jornais defendem as suas conveniências, procuram a satisfaçom dos seus desejos egoístas, escatimam a verdade, defendem por quatro quartos a causa mais enlixada. Todos o sabem e calam.

O caciquismo afoga as almas e merca a livre personalidade dos homens.

A hipocrisia religiosa é um meio para dissimular o empodrecimento das consciências, sem que haja fe nobre e pura.

E todos o sabem e calam.

Por onde haverá que começar a prometeica empresa de regenerar o nosso povo e erguê-lo do fango?

Galicia, Diario de Vigo. 19-09-1924. Adaptaçom ortográfica do Galiza Livre.