Numha denúncia sostida no tempo que está a ter boa acolhida nas redes, o colectivo eumês Terra está a acusar a empresa Endesa, e a assinalar a cumplicidade da Junta, nos vertidos que ameaçam o rio que dá nome à comarca. Trata-se de mais um capítulo da luita entre vizinhança, ambientalistas e grande corporaçom, que leva livrando-se já durante vários lustros.

A incompatibilidade entre a saúde ambiental dos nossos rios e os interesses empresariais nom é nova. No caso do Eume, a terrível agressividade do gigante industrial Endesa motivou várias mobilizaçons e denúncias. Se repassarmos as hemerotecas, veremos que há no ano 2011 colectivos ambientalistas e vizinhais concentravam-se junto a barragem da Capela para denunciarem a ‘ilegalidade dos encoros galegos.’ Para as e os denunciantes, as eléctricas incumpriam reiteradamente a Lei de Pesca e, Endesa, particularmente ‘tem em situaçom de sequestro o rio Eume.’

Numha triste reiteraçom de comportamentos delitivos, as grandes eléctricas actuantes na Galiza levam décadas a vulnerarem a legislaçom vigorante. A Lei de Pesca, com quase 35 anos de vida, obriga a manter os chamados ‘caudais ecológicos’, com o objectivo de que as águas que seguem à zona encorada continuem a albergar vida. Idênticos problemas aos registados no Eume dam-se nos rios Jalhas, Sil e Úmia.

Junta minimiza

Com os caudais por baixo do que permite a legislaçom, a poluiçom do Eume com produtos tóxicos pujo-se a nu neste outono. Tal foi a alarma social motivada polos vertidos nesta ocasiom, que até a Junta, através de Águas da Galiza, emitiu umha declaraçom de estado de emergência sobre a turbidez do rio Eume. Os níveis de poluiçom tivérom mesmo consequências no abastecimento de água no concelho de Pontedeume, principal núcleo de populaçom da comarca.

Tencionando um equilíbrio impossível entre interesses populares e empresariais, a directora de Augas de Galiza, Teresa Gutiérrez, moveu-se numha dupla direcçom: depois de afirmar que a turbidez vinha dum ‘processo natural’, confessou que a empresa o fijo ‘rematadamente mal’, mas a um tempo tirou ferro à situaçom, acougando os eumeses e eumesas: ‘nom topamos produtos tóxicos nas águas’, manifestou.

A verdade dos factos

A questom nom semelha tam clara. O deputado nacionalista Ramom Fernandes afirmou em comissom parlamentar que Endesa reconheceu que, com o aumento do caudal do Eume a partir de novembro, ‘os vertidos vam repetir-se’. Aliás, a própria empresa reconheceu que ‘o 10 % dos caudais som tóxicos.’

A realidade resultou neste caso difícil de ocultar, desde que o baixo nível de água do encoro e as obras das válvulas do fundo permitírom tomar fotografias do acontecido, que logo dérom a possibilidade de realizar análises da água. Os lodos, que a Junta reconhece como ‘potencialmente tóxicos’ acumulárom-se trás quase 50 anos de actividade mineira na central das Pontes, e rematárom por desaguar no rio.

Colectivo Terra esclarece os feitos

O peso da acusaçom popular recaiu no colectivo Terra, que socializou nas redes sociais o abuso. Polas palavras do colectivo, estamos ante um caso de ‘desprezo absoluto polo património natural da Galiza. A empresa Endesa Generación S.A. admitiu que poderia poluir o rio com o seu projecto ‘Modernizaçom dos esgotos do fundo da barragem do Eume’. Tal projecto contou com o apoio da Junta. No seu informe, Endesa reconheceu que as suas obras iam afectar a fauna de ribeira e a vegetaçom, aliás de produzirem mudanças organolépticas na água.

Segundo o texto literal da empresa, verám-se atingidos ‘componhente físico-química da água do rio, fito e zoobentos, peixes e pesca fluvial ; os efeitos som irreversíveis, embora recuperáveis.’ Em 2015, o DOG avalava a desfeita, sendo Gonzalo Mosqueira Martínez o director de Augas de Galiza.