Temos ouvido tantas vezes que o sistema vai estoupar que quando está estoupando nom o vemos, nom reconhecemos os seus feitos.
As duas crises das ‘tecnológicas’ da década dos 90, pugérom em evidência o iminente colapso do dólar. O milénio estreava-se com grandes estudos e debates sobre a insostibilidade do petrodólar.
A crise de 2008 foi a crise dum sistema financeiro baseado em dita moeda, que nom dava mais de si, a sua burbulha pinchava-se e no canto de aproveitar e pôr em andamento um novo sistema financeiro multipolar, parcheou-se o grande pinchaço e injectárom-se grandes cantidades ingentes de dinheiro público, que foram substraídas dos orçamentos sociais e que seguimos a pagar com os interesses dumha dívida pública crescente, e pola mingua do gasto social (em Euskadi, desde 2008 a 2017 diminuírom o 11 % das camas hospitalares, mentres o governo espanhol, em 2018, gastou ao dia 54,66 milhons de euros em defesa, o custe duns nove hospitais meios equipados).
Ouvimos tantas vezes que o sistema vai estoupar que quando está a estoupar nom o vemos, nom reconhecemos os seus feitos. Embora é certo que no-lo ocultam com o covid-19, com a injecçom do medo permanente, e com o exército na rua e nos partes diários, por se acaso tomássemos consciência do que o estoupido realmente significa. Criárom-nos tantas realidades virtuais, que quando a realidade mais crua está aqui, nom somos quem de vê-la.
Um resumo desde o início. Que é o petrodólar ?
Ao final da Segunda Guerra Mundial, os USA autoproclamavam-se potência mundial, e em julho de 1944 com os acordos de Bretton Woods estabelece-se umha nova orde económica mundial baseada no dólar, USD, do que era garante o FMI (que nasceu nessa cimeira). As moedas ficavam sujeitas ao patrom ouro a umha taxa fixa, e aproveitando as suas vastas reservas de ouro e a sua posiçom após a guerra, o USD virou a moeda de reserva no ámbito mundial (a inícios da década de 70, por volta de duas terceiras partes das resrvas de todos os Bancos Centrais estavam em USD).
Em 1971, enfraquecido polas guerras na Ásia (Coreia, Vietname), Nixon rachou com a paridade ouro, e deu-lhe livremente à máquina de fazer dólares. Ante a contestaçom da França, a Alemanha e outros países, respondeu com um gesto sem precedentes, o acordo bilateral Arábia Saudi-USA, polo que em troca de protecçom militar, Arábia Saudi comprometia-se a vender todo o seu petróleo apenas em dólares, nenhum país podia pagar com a sua própria moeda. A Alemanha, por exemplo, devia de mercar papel de dólar a USA para poder pagar com ele a compra de petróleo, nascia assim o petrodólar. Contra 1975, todos os países produtores de petróleo da OPEP aderiram ao tratado e vendiam apenas em dólares, com o que os USA nom estavam na obriga de criar riqueza natural ; abondava com activar a máquina do dólar e exportar papel a todo o mundo, ante a procura crescente de petróleo. E obviamente, mandar o seu exército a quem se atrevesse a pô-lo em causa.
Com a queda da URSS e a ‘globalizaçom’, esta orde económica mundial perversa e antinatural virou num dos axiomas inquestionáveis sobre os que se basea o sistema energético, geopolítico, financeiro e económico mundial.
As guerras do petrodólar
Com a entrada do euro a guerra monetária intensificou-se e levou-se ao campo militar. No ano 2000 o Iraque começou a vender petróleo em euros e (casualidade?) as torres gémeas fôrom arrasadas em setembro de 2001. em 2002, o Iraque cambiou em euros todos os seus petrodólares nas suas cámaras acoiraçadas. Uns meses depois, os USA começárom a invasom do Iraque, e as vendas de petróleo volvêrom a realizar-se em dólares.
Em 2006 Irám atreveu-se a desobedecer, isto dizia o jornal americano Bolpress em agosto de 2006 : ‘Irám lançou um arma muito mais letal que a guerra, umha bolsa que vende o seu petróleo em euros no canto de dólares. A China, a Índia e outros países já indicaram que também estám muito interessados na nova bolsa iraniana do petróleo.’ APÓS 2006, os USA acusaram o Irám de instigar grupos terroristas como Al-Qaida no Iraque, impujo novas sançons contra as suas instituiçons, e até mesmo levou a cabo umha rusga na embaixada iraniana do Iraque.
Em 2011, o líder líbio Muammar al-Gaddafi foi derrocado e assassinado brutalmente após a sua decisom de vender petróleo em euros e introduzir o dinar-ouro. Em 2014, de forma conjunta, Irám, a Venezuela e a Rússia encetam a política de ‘desdolarizaçom’. Mas o ataque final inicia-se em 2017, quando estes países assinam com os BRICS, encabeçados pola China, a venda de petróleo em Yuans, apoiados pola China num patrom ouro (o patrom ouro que rachou Nixon em 1971).
Nascimento dumha orde financeira multipolar
USA respostárom com umha rápida desestabilizaçom política do Brasil, e da Venezuela (segundo país exportador de petróleo aos USA) mas já nada podia contra a China e a Rússia, e a sua influência imparável. Em 2018, a China, na cimeira de Shangai, assinou todos os contratos de futuros de petróleo e gás a 30 anos em yuans-ouro, com todos os produtores que lhe quigeram vender.
E todo este desmantelamento do mundo unipolar do dólar está-se a compaginar como desenvolvimento desde 2013 do que chamam ‘Nova Rota da Seda’, o plano chinês de investimentos e infraestruturas comerciais mais grande que se tem plantejado nunca. Nom só inclui estradas, rotas de caminhos de ferro, portos, aeroportos e infraestruturas de transporte, também inclui normas e estándares, alfándegas, tribunais, comércio electrónico, e todos os países e continentes podem incluir-se, desde o Ártico à América Latina.
Os USA vem como foi afundindo o seu sistema monterário e económico, levando à destruçom progressiva dos ‘velhos petrodólares’ e à descida brusca da ‘procura de dólares’. A resposta de Trump foi intensificar a guerra comercial-alfandegária e a desestabilizaçom política. A sua estratégia em 2019 arrastava as economias reais, e falou-se no cerre do ano de ‘desaceleraçom’ e ‘entrada em recessom’ dos grandes países do G-20.
Qualquer país prefere yuans-ouro que dólar-papel, isto fijo com que a Arábia Saudi vaia começar a vender à China nesta moeda. No fim de semana do 6-8 de março Arábia Saudi detivo (ao que parece com ajuda da espionagem russa), umha tentativa de Golpe de Estado, organizado por umha facçom da própria família real, e acusou os USA de serem os instigadores. Nas suas declaraçons dixo que racha de vez com o petrodólar e com o acordo de Nixon de 1971. Imos ver até onde leva tal declaraçom.
Os tubarons financeiros estám a saquear a economia real, a afundirem as bolsas mundiais e a mercar com umha depredaçom total, enquanto estamos em confinamento, mas apenas falam do Covid19. O Banco Europeu fala de injectar 750000 milhons de euros, e os USA falam de 2 bilhons de dólares (ainda ampliáveis a 2,5 bilhons); o FMI, por seu turno, diz que vai somar 1 bilhom de dólares mais ; cantidade que vai levar a dívida pública dos países a uns níveis insostíveis, que vai volver a pressionar nom para curtes, mas para a supressom de grande parte do sector público, quando se amossa mais preciso do que nunca. Trata-se dumha transfusom urgente e desesperada para a borbulha do dólar que estoupou, e de foma colateral para os seus tubarons.
Todo isto enquanto nos falam de pandemias (fortuitas ou interessadas), aplicam-nos a Teoria do Shock, querem afazer-nos a partes militares diários, e afirmam que é umha grande crise económica que a trouxo dumha forma tam veloz o Covid19; a maior do último século, maior que a de 1929, afirmam.
Nom nos dizem que um novo sistema económico está a ver a luz, que o eixo económico já se tem deslocado, e que o até o de agora ‘gendarme’ do capitalismo depredador nom tem mais que negociar de igual a igual novas regras para umha economia multipolar e mais comunal, ou seguir atrincheirado por trás do seu armamento. De analisarmos esta realidade económica, recordaremos que a Covid19 atacou a China no mesmo momento em que os estados da UE estavam a plantejar utilizar a teconologia 5G da chinesa Huawei, ou que a Liga Norte da Itália estava a apoiar o eixo Rússia-China em todas as cimeiras mundiais, ou que a Itália mercara petro-yuan ; se concluímos que a a indústria armamentística-biológica-farmacológica estám fortemente unidas e precisam obter recursos urgentemente com o dólar desintegrando-se, se…fazemo-nos perguntas e na verdade procuramos respostas fora dos partes militares diários…talvez isto deite umha nova luz, onde o centro é umha luita de classes da elite contra o povo, que vai ser tam intensa que quiçá fosse preciso um ‘enfraquecimento vírico’ e um ‘ensaio geral de controlo social.’
Desde a consciência e o conhecimento dumha diagnose real poderemos colocar umha via diferente a este capitalismo depredador, umha via onde o social e o comunitário autogerido por umha democracia directa ponha a economia ao serviço do povo, e nom os povos ao serviço da economia.
Publicado originalmente no web da CGT. Traduçom do Galiza Livre.