Na passada semana foi anunciado um acordo entre os três grandes partidos a nível europeu para “remoçar” a PAC. Depois de vários tentativas de consenso frustradas, os mercados e o dinheiro impugérom-se e o acordo foi assinado em 42 horas. A imprensa comercial chamava o acordo de “revolucionário”, mas aginha veremos que nada vai mudar numha Europa surda e cega perante um futuro a nível ambiental cada vez mais complexo e incerto. Tracejamos três eixos para achegar-nos ao que vém: umha PAC continuista e perigosa para o agro galego.
Antes de anotar qualquer um dado a respeito da PAC, cumpre lembrar a sua importáncia para a Europa. Durante os próximos sete anos vam destinar-se até 400 000 milhons de euros à mesma, dos quais o Estado espanhol receberá por volta de 47 000. Ou o que é o mesmo, igual quantidade que a recebida pola crise do COVID-19. Por tanto, nom é tarefa menor para a UE: umha vez fracassada como projecto insiste e resiste como a segunda potência criadora e exportadora de alimentos a nível mundial confiando a sua viabilidade futura na única política realmente comum que logrou concretar.
A intensificaçom-mecanizaçom que só benefícia a empresa e as exploraçons grandes
Galiza é, no contexto do estado espanhol, o lugar onde mais tratores de segunda mao se compram. Contamos com o parque de tratores mais infrautilizado, por cima de Castela-León. Esta tendência à mecanizaçom do sector primário, que investigadores da área têm chegado a qualificar como caótica a até excesiva, intensifica-se de maneira mui marcada nos anos 60, durante a ditadura franquista. Obedece à especializaçom leiteira do nosso País e, para o investigador Bruno Esperante da USC, nom é um processo neutral. Os USA, através dos pactos com o fascismo espanhol e os seus créditos, financiárom em boa medida a mecanizaçom do agro galego naquela altura. Nos anos 70-80 produce-se umha compra maciça de maquinária agrrícola. Este papel reitor e tecnificador hoje cumpre-o Europa.
Um dos eixos fundamentais da política agrária proveniente na Europa é, precisamente, a compra de maquinária agrícola. Durante o ano 2019 as ajudas recebidas no agro galego fôrom de 40 milhons de euros, contando as geridas pola Xunta e o Fondo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural. Este dinheiro está centrado em três aspectos: reforma de instalaçons, compra de construcçons e compra de maquinárias. O que o sistema chama “competitividade” traduziu-se no desmantelamento do agro galego através da tecnificaçom e concentraçom do mesmo. A metade desses 40 milhons de euros fôrom destinados a planos de melhora, que na maioria dos casos estám associados ao aumento e crescimento das exploraçons.
O estado espanhol conta, aliás, com umha outra ferramenta de tecnificaçom e mecanizaçom: o Plan Renove de maquinária. Na Galiza nom tivo o sucesso aguardado, e financiou apenas 21 solicitudes de compra de maquinária por valor de 145.147 euros. Mui por cima desta cifra está Castela e Leom, que ocupou quase todo o montante económico em financiar semeadoras de alta tecnologia.
A agroindústria galega, grande beneficiada na PAC
O Movimento Ecoloxista da Limia já nos anos 90 denunciou em Bruxelas a concentraçom parcelária desta zona do País. Foi como um aviso para o que viria depois: um dos seus activistas sentado perante um juíz pola gigante galega da agroindústria Coren.
Ponhamos o foco na Coren. Estamos a falar da maior cooperativa agroalimentária do estado espanhol. Os antecedentes da actual Coren hai que procurá-los na UTECO dos anos 62 e no seu fundador, Eulogio Gómez Franqueira. Nos inícios a empresa comprava polos nos USA que depois engordava na Galiza. O seu proveedor era a gigante Swift, hoje absorvida no macrocomplexo JBS radicado no Brasil. Entre os anos 70-80 Coren entendeu a necessidade de fechar o ciclo e foi cobrindo todas as suas necessidades: incubadora de polos, fábricas de pensos, matadoiros, classificadora de ovos, cadeia de alimentaçom… O seu sucesso absoluto está marcado em múltiplos gestos, mas assinalemos dous: no ano 87 asume a representaçom perante a CEE da totalidade das empresas de polos. No 97 é o mesmo Filipe VI o que inaugura umha central de processamento de incubaçom rescém criada.
No ano 2009 factura 1000 milhons de euros. No 16 amplia ainda mais o seu nicho de negócio e, em analogia com as suas parentes americanas, cria um centro de melhora genética em Celanova. No 19 lança-se à producçom de cereais, para ela mesma produzir a matéria prima de pensos e insumos: 50 hectares de monte comunal em Ferreira de Pantom. Tem negócios a nível internacional, entre eles Porugal, que lhe reportam o 41% das vendas. Gómez-Franqueira recebe a medalha Castelao, nom esqueçamos, no 1996… Poderiamos continuar, mas o retrato está bem claro.
Agora vamos com os milhons que recebeu e recebe Coren de Europa, do fundo da PAC. É, neste momento, por detrás do Grupo Entrepinares, a segunda perceptora de dinheiro europeu. Coren recebeu no anterior exercício da PAC e segundo dados da imprensa oficial, por volta de 1,3 milhons de euros. Novafrigsa, matadoiro da sua propriedade, médio milhom. Por diante de Coren destaca, como dizemos, Entrepinares. A produtora de queixos de Mercadona tem em Vilalva umha central de processado ( Proláctea) que superou no 2019 os 300 milhons de facturaçom. Recebeu 2,1 milhons de euros do fondo da PAC no mesmo exercício antes comentado.
Mas se ponhemos as cousas no seu sítio e dizemos que estas corporçons nada tenhem a ver com o agro, devemos citar também o caso da tecnológica R, que recebeu do fondo da PAC 1,3 milhons de euros para pôr em marcha a rede Pontevicus.
Mas volvamos a Coren e analisemos para que servem esses milhons. No ano 2020 um ambientalista do MEL é citado a declarar denunciado por Coren, que lhe exige nada menos que 1.000.000 de euros por danos na sua imagem e falsas imputaçons. Mas de falsas nom tenhem nada e os dados e denúncias a fio desde hai anos por parte do ambientalismo assi o certificam.
A comarca ourensá recebe mais de 100000 toneladas anuais de xurros sem tratamento algum. Recebe e nom pode absorver: as suas águas tenhem uns níveis de nitrato altissimos que as fariam nom potáveis. Para além disto, esta contaminaçom discorre polas águas subterráneas e chegaria ao Lima contaminando águas pluviais até do país vizinho.
A cárrega gadeira que suporta a Limia é insuportável: equivale à que teria 1,4 milhons de pessoas só no 1% de superfície. É umha autêntica loucura.
Um estudo do CSIC analisou as águas da comarca e concluiu que tinha os nitratos por todo o alto, tanto como os maiores índices mundiais. Os nitratos matam vida e som cancerígenos.
Isto é apenas a colecçom de dados da realidade que deixa e comporta um tipo de exploraçom agrária entendida como um negócio: maximizar benefícios e minimizar meio natural e responsabilidade alimentária. Esta é a foto fixa da PAC e das suas políticas e quartos na Galiza.
A degradaçom de solos
Galiza perde anualmente 15 hectares férteis. Como é possível tal cousa no País dos mil rios e a máxima do “Galicia verde”? Nom só é possível, é também catastrófico e pom em questom a nossa viabilidade alimentária. Hoje estima-se que só o 20 % da superfície agrária galega tem a suficiente vida orgánica como para poder cultivar. E que passa com o 80% restante? Mais do 40% do nosso solo está degradado e as causas som diversas, entre elas, claro, Coren também conta. Incêndios, eucaliptizaçom venhem a ser as principais causas evidentes. Abandono de terras e devalo demográfico, outros eixos que acompanham. Segundo o índice de gravidade do Inventario Nacional de Erosión de Suelos situamo-nos num umbral mui grave.
O SLG denuncia em Fevereiro do 2020 que Galiza sofre um preocupante acaparamento de terras, ponhendo como exemplo este dado: o nosso sector lácteo disponhia de 350 000 hectares para o seu trabalho no ano 1989. Hoje reduzem-se a 220 000. Numhas jornadas do sindicato agrário umha das suas activistas denunciou que somos dos países europeus com menos percentagem de terras agrárias: um 22% frente a média europeia do 40%.
Menos superfície agrária, mais degradada e mais concentrada em poucas maos: o caldo de cultivo perfeito para o colapso alimentário e a nula viabilidade do nosso sector primário. Nom é só motivado pola PAC todo isto e podem-se assinalar múltiples factores, mas a relaçom com as políticas europeias é mais do que evidente: fornecem o marco de concorrência voraz capitalista para arrasar com todo, natureza e mundo labrego. O próximo periodo da PAC, recentemente negociado e impulsado, apesar da envoltura verde, é continuista. Favorecerá a agroindústria, marginará a producçom pequena e nom acotará a degradaçom do solo. Venhem tempos de luita.