Militantes independentistas levam quatro décadas a sentar nas bancadas da Audiência Nacional espanhola, com o denominador comum da parcialidade judicial e a animadversom da mídia comercial. Em 2020, porém, um novo elemento entrou em cena: pola vez primeira activistas eram acusadas de fazer trabalho exclusivamente político, à luz do dia, e as suas organizaçons ameaçadas com a ilegalizaçom. O feito motivou umha vaga solidária sem precedentes na Galiza e até mesmo em outros territórios do Reino de Espanha. Desde a ditadura fascista, Estado espanhol nunca se atrevera a deixar fora do jogo político legal forças políticas e sociais nacionalistas.

Trás quatro sessons maratonianas de declaraçons e declaraçons, ficou quase pronto para sentença o julgamento que, dirigido polo magistrado Guevara, dirime a possível ilegalizaçom de Causa Galiza e Ceivar, e condenas de entre 12 e 4 anos de prisons para vários militantes e simpatizantes de ambas estruturas. Apenas resta mais umha sessom, em 3 de novembro, para fechar formalmente esta fase do processo. O risco de elevadas multas e inabilitaçons também paira sobre todas e todos eles. Na vista oral, caracterizada polo tom bronco e curtante do juiz, nomeadamente com os advogados da defesa, a inteligência espanhola desdobrou todo o seu arsenal argumental para varrer a causa galega: existe um ‘independentismo radical’, por palavras da guarda civil, que tece todo um entramado por volta da resistência galega. Como tal, todo activista envolvido em actividades a prol da ruptura da Galiza com Espanha seria um delinquente em acto ou potência, a trabalhar baixo a tutela dumha hipotética organizaçom armada. De se ratificarem as teses das brigadas e serviços de informaçom, trabalhos até o de agora legais como a vindicaçom da memória combatente galega, a assistência a presas e presos, a crítica radical à monarquia, passariam a ser perseguidas e punidas.

Num discurso contundente ao tomar a última palavra, o militante de Causa Galiza Joám Peres manifestou que a organizaçom ‘conhecia profundamente a natureza do tribunal’ e concluiu que ‘for qual for a decisom final do mesmo, os implicados seguiriam a ser independentistas e patriotas galegos’. Também na primeira sessom do julgamento, o militante de Ceivar Ugio Caamanho declarou que ‘esperava que dentro do direito penal do inimigo que se nos aplica nom se inclua doravante a deslegitimaçom da audiência nacional espanhola, um tribunal de excepçom’.

Num seguimento minuto a minuto, o nosso portal narrou polo miúdo o que acontecia na sala 2º da AN, acompanhando assim o trabalho de meios como Galiza Contrainfo, que extractárom as imagens dos momentos mais memoráveis da vista oral.

Vaga solidária

Apesar da emergência sanitária, perto de 1000 pessoas inçárom as ruas de Compostela no passado 18 para mostrar a sua solidariedade com as doze imputadas da Operaçom Jaro. Além da cifra, é chamativa a composiçom dum acto onde se encontrárom independentistas, quadros do nacionalismo institucional, anarquistas, militantes de base dos centros sociais, sindicalistas, activistas feministas, amizades e familiares das processadas ou dos presos arredistas ainda em cadeias espanholas. Tal pluralidade, que é também social e profissional, patenteou-se no manifesto solidário que, com mais de 2000 assinaturas, circulou pola rede dias antes do acto de protesto.

Crítica institucional além das fronteiras

A esquerda independentista além das nossas fronteiras pronunciou-se abertamente contra o atropelo, seguindo o ronsel dum nacionalismo maioritário, o galego, que foi contundente na hora de rechaçar a tentativa demonizadora em curso. BNG, CIG ou Galiza Nova fôrom inequívocos no apoio aos independentistas, apesar de reconhecerem, como fijo Bieito Lobeira na testemunha da defesa do julgamento, que ‘diferenças tácticas os separam de Causa Galiza’.

No País Basco, a esquerda abertzale somou-se à campanha solidária: deputados e senadores de EH Bildu acompanhárom encausadas em Espanha, e mesmo a propaganda solidária apareceu em ruas bascas. Na Catalunha, organizaçons como as CUP ou La Forja somárom-se a distintas iniciativas, como foi o caso do manifesto ‘Muro solidário.’

Também a esquerda revolucionária castelhana e madrilena fijo acto de presença, com o alento habitual que fornecem quando se trata de secundar retaliadas na Audiência Nacional: Movimento pola Amnistia de Madrid, Izquierda Castellana, Yesca, entre outros, participárom activamente na campanha de apoio a processadas e processados.

Protestos e prisons

Desde que o movimento solidário era um dos alvos da iniciativa repressiva, várias ex-presas e presos políticos agradecêrom publicamente o apoio que no seu dia recebêrom das estruturas solidárias, defendendo assim o direito a organizar a assistência a prisioneiros e a denúncia dos abusos que padecem. A pressom à luita anti-repressiva é tam intensa que no próprio juízo chegou a apontar-se como delito o parabenizar publicamente os aniversários das presas e presos galegos.

Também os presos e presas da actualidade achegárom o seu grauzinho de areia à campanha solidária. Na rede circulou de novo o manifesto em que o CPIG analisava a conjuntura política em que nos movemos com motivo da Operaçom Jaro, e os integrantes deste colectivo decidírom-se a um rechaço de bandexa no primeiro dia de juízo como denúncia simbólica da ofensiva judiciária contra o movimento galego. Renunciando aos menus que fornece a prisom, independentistas em presídio acompanhavam simbolicamente os protestos que se produziam na rua.