Falam três dos acusado no juízo contra ativistas galegos que começa na segunda-feira na Audiência e que se enfrontam a penas de até doce anos de prisom.
“Foi no verao do 2017. Houvera umhas concentraçons polo despejo do Escárnio e Maldizer e essa noite passei-na na casa da minha parelha em Ourense. Pola manhã alguém chamou desde a rua. Assomei-me e berrou: ‘Baixa que tenho um recado da tua mãe!’ Tam pronto abrim a porta já me disseram que eram da Guarda Civil. ‘Já sabes porque te detemos, nom? Pois nom o sabia. Comecei a imaginar cousas, porque já sabes de que vam as detençons. Já me via num furgom cara Madrid. Entom, explicaram-me que estava acusado de enaltecimento do terrorismo. E calmei-me algo porque, dentro da gravidade, aquilo nom era tam grave. Foi um pensamento rápido. Levaram-me a Vilamarim, à minha casa. Foi um registo tenso… qualquer cousa: unha camisola, um CD de música, cartéis, livros… todo eram provas para eles. E insistiam muito em que me conheciam, que eu era ‘bo rapaz’, pero que depois apareceria gente de Madrid e quedaria nas suas maos e eles nom poderiam fazer nada. Insistiam em que tínhamos que quedar para tomar um café mais adiante. ‘Isso nom é atraiçoar’, diziam. O que figeram foi meter-me num carro, encarapuchado sem ver e nom vim nada durante o trajeto. Disseram que íamos a Compostela fazer provas médicas. Iam-me fazendo perguntas. Queriam que colabora-se com eles. Num momento, pararam o carro e saíram todos. Notei que estava só. Volveram entrar dizendo que se equivocaram, que volvíamos para Ourense, e justo depois, que nom, que era umha brincadeira. Chegamos o quartel de Santiago. Tomaram-me unhas fotos e as pegadas. Estivem no calabouço até que apareceu o meu advogado. Saim sem declarar ante ninguém. Ao sair vim os meus companheiros, Iria e Ugio, que também estiveram ali…”
Afonso tem 42 anos. Milita em Ceivar desde há sete ou oito anos. Ao princípio achegou-se porque a sua parelha daquela ia ter um juízo na Audiência Nacional e quijo ajudar. Começou a acudir aos atos e a relacionar-se com mais companheiros. Participou nas assembleias. Em junho de 2008 encarregou-se de dizer umhas palavras no recebimento de dous presos políticos. Esse é o primeiro ato polo que está acusado de enaltecimento do terrorismo no juízo que começa na próxima segunda-feira na Audiência Nacional contra doce ativistas galegos, dentro dos processos que seguem ás operaçons Jaro e Jaro II. Como a vista se adiou sem motivo aparente entre as reclamaçons das defensas para que se arquivassem os casos, resulta que os presuntos delitos por aquele ato de 2008 e dous mais dos quatro polos que está acusado Afonso já prescreveram. Assim que a Fiscalia engadiu unha acusaçom mais, a de pertença a organizaçom criminal para comissom do delito de enaltecimento do terrorismo, porque baixo a legislaçom anti-terrorista espanhola, que durante décadas se foi aperfeiçoando como instrumento repressivo em Euskadi, os supostos delitos nom prescrevem. Afonso, músico e trabalhador no sector do automóvel, enfrenta-se a unha petiçom de doze anos de cadeia, ademais da multa e inabilitaçom para ocupar postos públicos.
“O que buscam é a tua morte civil. Eu estou tranquilo, mais ou menos, porque nom figem nada mau, nada equivocado. Que figem? Presentar um ato de solidariedade, colher unha bandeira, participar em Ceivar ajudando a gente que está indo a cadeia ou vendo recortadas as suas liberdades por questons ideológicas…? Depois de 2017 seguim participando. A nível pessoal sei que tenho umha lousa em riba. Podo ter que passar doce anos preso. É demolidor. Deixei de fazer projetos de vida. Nom podo pensar no futuro.”
IRIA
“Há um ano, no outono de 2019, quando quiseram fazer o escrito de acusaçom, a Fiscalia percatou-se de que nom declaráramos. Pedimos declarar em Compostela por videoconferência para no ter que deslocar-nos até Madrid. Primeiro denegaram-no-lo e depois, um dia, chegou-nos um aviso de que tínhamos que presentar-nos no julgado às doce da manhã ou poderiam deter-nos. Tivemos que deixar os nossos postos de trabalho e presentar-nos. Eu estou na mesma cidade, pero o Ugio e o Afonso tiveram que vir a toda pressa. Nessas circunstâncias, negamos-nos a declarar. Nom há declaraçom nossa nengumha, nem diante da Guarda Civil nem de nengum juíz que figure no sumário.”
Iria lembra que no veram do 2017, quando foi detida, o que ela esperava era que o processo da operaçom Jaro, de dous anos antes, na que foram imputados nove ativistas independentistas, fosse arquivada. Meses antes levantara-se a suspensom de atividades contra Causa Galiza. Depois da surpresa inicial, vinheram mais. A seguinte, foi ler no escrito de acusaçom que se lhe imputavam três delitos de enaltecimento do terrorismo –a razom de dous anos de cadeia por cada um– por atos que tiveram lugar muito tempo atrás polo que o suposto delito teria prescrito.
“Eu saía para trabalhar –trabalho de administrativa– sobre as sete e quarto da manhã. Detiveram-me no garagem da minha casa. Havia unha moreia de guardas civis. Ao pouco, subiram-me ao piso para fazer um registro. Creio que a detençom e o registro no caso de Ugio foram do mais violento, segundo me disseram depois tirara-no ao cham apontando-lhe coas armas. Ugio foi em Vila Boa, em Ponte Vedra. E Afonso estava em Ourense. Todos à mesma hora. A mim levaram-me ao quartel de Compostela. A eles trasladara-nos até aqui. Vimo-nos contra as três da tarde… Unha hora depois já nos liberaram. Nom declaramos diante da Guarda Civil. Negamo-nos a fazê-lo e dixemos que só declararíamos diante da juíza ou do juiz Nunca chegamos a passar a disposiçom judicial.”
Iria tem 37 anos e começou a participar em organizaçons independentistas aos 14. No instituto militou em Estudantes Independentistas, depois na Assembleia da Mocidade Independentista (AMI) e mais adiante em Causa Galiza. Em Ceivar leva mais de dez anos. Ceivar oferece assistência jurídica a pessoas que som reprimidas pola sua militância no independentismo; fam denuncia pública da vulneraçom de direitos que sofrem as pessoas reprimidas, em especial, os presas; e também desenvolvem obradoiros sobre direitos. Iria está imputada por ter solicitado diante da Subdelegaçom do Governo os permissos para fazer recebimentos a presos independentistas em praças públicas de Compostela. Enfrenta-se a unha pena de 10 anos de prisom, 12.000 euros de multa e inabilitaçom para ocupar cargos públicos.
“O que provocam com estas cousas, e seguramente é um efeito buscado, é que as militantes colhamos medo e que comecem as disputas moitas vezes para ter unha escusa para abandonar. Eu seguim fazendo o que fazia em Ceivar. Quando levas muitos anos de militância, ainda que nom penses em algo como isto, estás mais centrada, tens mais bagagem e assumes a tua responsabilidade política. Se me chega a passar com vinte anos… pois seguro que nom estaria dizendo o mesmo. À prisom todo o mundo lhe tem medo.”
JOÁM
O 30 de outubro de 2015 a Guarda Civil assaltou vários domicílios de independentistas galegos. Era a Operaçom Jaro. “Saltei da cama, quase tiram a porta. Já estava cedendo o passador… Entraram trinta ou quarenta indivíduos na minha casa. Foram operaçons de comando, violentas. Abriram titulares em telejornais e em toda a prensa. Causa Galiza aparecia como braço político dumha suposta organizaçom armada que foi criada, digamos juridicamente, na Audiência Nacional numha sentença de setembro de 2013. Detiveram nove pessoas e trasladaram-nos a Madrid. Passamos três dias no quartel de Tres Cantos. Nom chegou a haver maltrato físico, pero si moita tensom. Submeteram-nos a interrogatórios sobre quem levava a página web, pola organizaçom de Causa Galiza, sobre opinions políticas e mesmo com alusons à nossa vida privada. Depois passamos a disposiçom judicial, do juiz Eloy Velasco, que nos imputa por pertença a organizaçom armada e por enaltecimento do terrorismo. Isso a cada um de nós. E com respeito a Causa Galiza, aplicou como medida cautelar a suspensom das suas atividades por um prazo de doce meses. Nom se chama ilegalizaçom, mas…”
Joám é un dos veteranos. Participou da formaçom de Causa Galiza no 2007, e também teve responsabilidades em Ceivar. A finais de 2016, Causa Galiza –agora de novo baixo ameaça neste processo– pudo retomar a sua atividade como partido político. Som os anos de Jorge Fernández á fronte do Ministério de Interior, de Arsenio Fernández de Mesa como diretor da Guarda Civil, de Francisco Martínez como secretario de Estado para a Seguridade, e de Santiago Villanueva como delegado do Governo na Galiza. O PP ainda nom conhecia a sentença da Gürtel e Rajoy nom sabia que acabaria fora da Presidência do Governo apartado por unha moçom de censura. Esses eram os responsáveis políticos da Jaro. Vários meios de comunicaçom receberam aviso de que tivessem cuidado na cobertura do operativo porque poderia haver “resistência armada” nos domicílios.
Em 2019, a Audiência Nacional retirou a imputaçom de pertença a banda armada aos nove investigados na operaçom Jaro. O panorama parecia aclarar-se. Mas Eloy Velasco deixa a instruçom que passa a mans de García-Castellón –um magistrado que participou en casos contra o independentismo basco e catalám, e também leva o processo contra Antom Garcia Matos, Asunción Losada e outros independentistas galego–. Este imputa aos nove acusados um delito de pertença a organizaçom criminal para comissom do delito de enaltecimento do terrorismo. O 19 de setembro deste 2020 a Audiência Nacional ordenou a abertura de juízo para um mês depois. Nomeiam Alfonso Guevara como presidente do tribunal, o mesmo juiz que no 2013 considerou que na Galiza existia unha organizaçom armada denominada Resistência Galega ao mesmo tempo que a Fiscalia resgata como prova aquele sumario.
“Este é un processo contra o independentismo organizado na Galiza. E pode sentar um precedente jurídico perigoso para o futuro do independentismo galego. Nom houvo exaltaçom nenhuma, em nenhum dos atos, de violência política. O único que tratam é de importar o modelo ‘todo es ETA’. Mas nom se dá a premissa básica da existência dumha organizaçom armada. Pero estám a aplicar aquele modelo: o terrorismo já nom é só unha atuaçom política ilegal, sono todas aquelas atividades que podam coincidir nos objetivos estratégicos. Se estiras um pouco, pois chegas mesmo até o BNG. Esta passando no procés catalam, onde nom há nengumha aposta pola violência política organizada”.
“Segar a erva de raiz”
Joám opina que o Estado espanhol é consciente de que “há unha insatisfaçom cada vez maior no campo sociológico do nacionalismo a respeito das possibilidades da via estatutária”. Também diz que se produziu um esvaziado do marco autonómico que leva a sectores do nacionalismo cara a posiçons independentistas. “É um processo lento, mas há-o”. Constata que depois do acontecido em Catalunya nos últimos anos, desapareceu a ilusom numha via de “progresso competencial que permitisse num futuro maiores cotas de soberania”. “O Estado, consciente da situaçom económica e social da Galiza”, diz Joám, “está apostando por evitar que outro conflito se lhe vaia das maos e aposta por segar a erva de raiz e manter criminalizado o independentismo condenando-o a defender-se todo o tempo dos golpes da repressom”, enquanto lembra que em Madrid se está a falar de ilegalizar forças nacionalistas com presença institucional ao tempo que o PP pede que se eleve a barreira na percentagem de voto para aceder ás instituçons.
Mas a erva segue a medrar
“Nom esperava que tanta gente, partidos, sindicatos, centros sociais… estivessem tam perto de nós. Apareceu moita gente nas assembleias locais para pedir apoios, gente que nom conhecia. Temos carinho. Vexo mesmo apoio internacional de organizaçons catalãs e bascas. Isso dá forças, claro”, confessa Afonso. “Há unha sensibilizaçom social muito clara. Vê-se isto como um processo político e há unha visom compartida e socializada dos perigos que têm”, anota Joám.
Iria reconhece que está nervosa. Serám três dias, polo menos, diante do tribunal em Madrid. Espera um ambiente hostil. Ela pensa que a sociedade civil galega reagiu com maior convicçom desta volta. “Valoro positivamente o que se está a juntar arredor, é como um grupo de contençom, de solidariedade, porque todas e todos somos militantes da política. Veremos como responde a gente na manifestaçom do domingo, a dia de hoje os atos públicos estam condicionados pola pandemia, pero estou animada, convencida de sair vitoriosa, absolta”.