O que é a operaçom jaro?
Em 2015, a Guardia Civil assalta os domicílios de 9 militantes da organizaçom política Causa Galiza. A maior parte dos meios de comunicaçom, dependentes dos subsídios governamentais, difundem a tese policial de as detidas serem terroristas, sem recolher o testemunho das pessoas afetadas, infringindo os princípios deontológicos básicos do jornalismo. Como consequência, ilegaliza-se o partido durante doze meses. Três anos depois, em 2018, sob o nome de “Operación Jaro II”, som detidas três militantes do Organismo popular anti-repressivo Ceivar, integrando a sua causa no sumário comum. Em 2020, após cinco anos em que as 12 ativistas sofreram, segundo a sua defesa, indefensom jurídica, o representante do Ministério Público acusa-as de fazerem parte duma “organizaçom criminosa para o enaltecimento do terrorismo” e fai um pedido para elas de 102 anos de cárcere, além duma possível ilegalizaçom das organizaçons mencionadas anteriormente.
Que tribunal vai julgar as independentistas galegas?
A instância judicial encarregada de julgar e emitir sentença é a Audiência Nacional. Trata-se duma órgao especializado em terrorismo e crime organizado que fora criado em 1977, antes do debate constitucional, sob uma normativa de “duvidosa legitimidade democrática”, como reconheceria o professor de Direito Lorca Navarrete. A sua formaçom constituía, ademais, “um atentado contra o direito ao juiz natural” segundo o jurista Peces Barva, um dos sete redatores da constituiçom espanhola de 1978. Porém, o facto que melhor reflete a origem antidemocrática deste Tribunal é que, além de herdar as funçons do Tribunal de Orden Público (TOP) franquista, mostrou uma aberrante continuidade dos seus magistrados, como indica o politólogo Lluc Salellas no seu livro El franquisme que no marxa: “10 dum total de 17 juizes fôrom promovidos do TOP ao Tribunal Supremo ou à Audiência Nacional”.
Na atualidade, estando ainda vigente a Lei Mordaça, até um terço da atividade deste Tribunal, de acordo com as investigaçons da jornalista Elisa Beni, articula-se em torno aos conhecidos “delitos de opiniom” que, segundo a Plataforma em Defesa da Liberdade de Informaçom, acarretárom “condenas por terrorismo a pessoas sem nenhuma relaçom com atividades violentas, só polas suas opinions em redes sociais ou polas suas criaçons como versos ou cançons”. É alargada a listagem de pessoas e coletivos afetados nos últimos anos: a tuiteira Casandra, o cantores Pablo Hasel e César Strawberry, o rapeiro Valtonyc, a banda A Insurgência, a Operaçom Aranha, o caso de Altsasu ou o proceso de independência Catalám, entre outros.
Que direitos e liberdades poderiam estar em causa no julgamento da Audiência Nacional?
O Observatório para a Defesa dos Direitos e Liberdades Esculca, num rigoroso relatório sobre a Operaçom Jaro, indica que poderiam estar em perigo “os direitos de associaçom, de reuniom, de participaçom e pluralismo político” ao se constatar uma “progressiva expansom da noçom de terrorismo alargando este conceito para condutas até o momento consideradas expressons dos direitos e liberdades fundamentais”.
Com este procedimento estaria em perigo nom apenas os direitos e liberdades dos 12 militantes galegos, senom também o valor que tem o pluralismo político no ordenamento jurídico dum Estado social e democrático de Direito.
Esculca
É de salientar que, como reflete o texto do Observatório, a definiçom de organizaçom terrorista “seja despossuída da sua componente jurídica essencial, isto é, a conduta violenta, que nom se configura imprescindível do ponto de vista penal”. Som, no entanto, outras as açons suscetíveis de serem consideradas criminosas: mobilizaçons, manifestaçons, atos de propaganda política, etc., ao serem qualificadas como atividades de natureza terrorista, ainda que estas sejam “públicas, pacíficas e ao abrigo da legalidade vigente”. Deste modo, segundo a associaçom, estaríamos perante uma “quebra ao respeito dos direitos e liberdades fundamentais dos imputados, em concreto, aos direitos de liberdade de expressom, manifestaçom, associaçom, reuniom e aos direitos de participaçom política”.
Com este procedimento, finaliza a exposiçom de motivos, estaria em perigo nom apenas os direitos e liberdades dos 12 militantes galegos, senom também o valor que tem o pluralismo político no ordenamento jurídico dum Estado social e democrático de Direito.
Quais som as iniciativas populares para a defesa dos direitos e liberdades das 12 militantes galegas?
Manifestaçom nacional pola liberdade
Sob a legenda Nem ilegalizaçons, nem encarceramentos decorrerá a manifestaçom nacional no vindeiro domingo 18 a partir das 12:00 h. na Alameda de Compostela, a 24 h. do início do juízo político, segundo informa o coletivo de pessoas e entidades afetadas Teimudamente Alçadas pola Independência Nacional. Segundo a organizaçom, a mobilizaçom cidadá pretende ser “um aceno de país em apoio às 12 pessas encausadas desde há 5 anos numa montagem política e, também, de exigência à Audiencia Nacional de absoluçom e liberdade para estas e continuidade do status legal de Causa Galiza e Ceivar, que a montagem pom em perigo”.
A manifestaçom cidadá, segundo a entidade convocadora, percorrerá várias ruas da capital galega rematando na Praça das Pratarias. Lá, a ativista de Esculca Elvira Souto e o cantautor galego Baldomero Iglesias Mero dirigirám umas palavras aos e às presentes, denunciando a montagem policial, judicial e política conhecida como Operación Jaro e chamando à solidariedade com os 12 independentistas galegos e galegas processadas.
A umha semana para a grande manifestaçom em solidariedade com as 12 independentistas julgad@s na 'Audiencia Nacional', chamamos à mobilizaçom em defesa das liberdades democráticas na Galiza. NEM ILEGALIZAÇONS, NEM ENCARCERAMENTOS #OperaciónJaro @CausaGaliza @Ceivar_OPAR pic.twitter.com/mswYST3ydI
— Independentismo galego em pé (@12_empe) October 11, 2020
Todas frente a Jaro lança a campanha “solidariedade culpável”
O espaço de difusom de solidariedade frente a Operación Jaro está a promover uma campanha de “autoinculpaçons solidárias” com o hastag #solidariedadeculpavel. Dezenas de pessoas estám a enviar fotos de recebimentos populares a presas e de selfies com o cartaz da campanha.
Encetamos campanha de autoinculpaçons solidárias✊🏽✊🏽✊🏽 Como fazer? Se estiveste em algum recebimento a presas e tens forma de localizar umha foto na que se che veja, publica-a com o hashtag #solidariedadeculpavel e mencionando-nos. Tb podes fazer-te um selfie com o cartaz ✊🏽📸 pic.twitter.com/kEVjlzPsZO
— Todas frente a Jaro (@JaroTodas) September 28, 2020
Manifesto de solidariedade com as 12 independentistas galegas processadas na Audiência nacional e com as organizaçons Causa Galiza e Ceivar
Som mais de 1500 as pessoas solidárias e assinantes dum manifesto em que expremem o seu rechaço às acusaçons do Ministério Público de “pertença a banda criminosa” e “enaltecimento do terrorismo”, assim como a sua confiança “em que se imponha a justiça e a verdade” no julgamento.
Concentraçons, assembleias informativas e intervençom de rua marcam a campanha prévia ao julgamento
A diversidade de iniciativas é grande, espalhadas por todo o país, e organizadas horizontalmente como consequência das assembleias informativas abertas que conseguírom tecer uma rede de apoio solidário com os coletivos e pessoas afetadas. A seguir, informamos das próximas convocatórias:
Concentraçom em #Vigo perante o juízo político contra 12 independentistas . Participa e difunde! pic.twitter.com/NJIiGsEBTX
— Independentismo galego em pé (@12_empe) October 10, 2020
Em Alhariz 👉 Palestra sobre o recurte de direitos fundamentais no estado espanhol, com umha ativista catalá dos CDR, uma companheira de @EsCULcA e umha encausada na #operacionjaro #operaçomjaro 📢 pic.twitter.com/PWrqX23mCk
— Todas frente a Jaro (@JaroTodas) October 8, 2020
Nesta madrugada, as ruas de Compostela volvérom aparecer inçadas de faixas que denunciam o juízo político contra 12 independentistas derivado da montagem polocial conhecida como #OperaciónJaro. @CausaGaliza @Ceivar_OPAR pic.twitter.com/r3R1hfNzBj
— Independentismo galego em pé (@12_empe) October 10, 2020
Aumenta o apoio de entidades galegas e internacionalistas
Mais de 70 coletivos, partidos políticos, sindicatos e associaçons da Galiza tenhem manifestado a seu apoio, em defesa dos direitos civis e políticos das 12 militantes acusadas e contra a ilegalizaçom de Causa Galiza e de Ceivar. Além dos apoios nacionais, a solidariedade ultrapassou as fronteiras recebendo o suporte de entidades doutros países: Agora (País Llionés), Askapena [Solidariedade Internacionalista] (Euskal Herria), Candidaturas de Unitat Popular (CUP) (Països Catalans), Endavant (OSAN) (Països Catalans),Red Roja (Espanha) e Sortu (Euskal Herria).