O juízo decorrerá entre os dias 19 e 22 de Outubro na Audiência Nacional e, com todo rigor, poderá-se qualificar de ‘histórico’. Se bem nos últimos quarenta anos dúzias de galegos e galegas passaram por esse tribunal acusados de relacionarem-se, dum ou outro modo, na luita violenta contra o Estado, é a primeira vez que a judicatura espanhola julga cidadás galegas polo seu envolvimento na intervençom política e social pública e pacífica. Um feito que nom passa desapercebido à parte da sociedade galega organizada, que chama a atençom sobre o enorme passo adiante na vulneraçom de direitos.
Se nos retrotrairmos na história, comprovaremos como na década de 30, o arredista Fuco Gómez foi perseguido pola justiça e a polícia da República espanhola por dar a lume um manifesto independentista que chamava a proclamar o Estado galego. Para além da ditadura franquista, onde toda expressom dom movimento galego estava proibida, o Estado dito democrático interveu com violência contra as organizaçons Galiza Ceive (OLN) e Partido Galego do Proletariado, Assembleia do Povo Unido, Assembleia da Mocidade Independentista e Briga. Mas nunca em décadas de história os processos repressivos chegárom a sentar militantes políticos no banco dos réus em Espanha. Agora farám-no, pedindo severas condenas para militantes de Causa Galiza e Ceivar.
Conservadorismo extremo e severidade
O juizo que preside o tribunal é Alfonso Guevara, um dos magistrados que condenara em 2013 quatro militantes galegas a pesadas penas de prisom, acusando-os de ‘pertença a resistência galega’. O papel de Guevara é conhecido em meios galegos, e de facto a defesa das processadas, segundo informa o blogue dos encausados, já ‘iniciou trámites para recusar este magistrado, dada a indefensom que provocou em juízos anteriores contra cidadás e cidadaos galegos.’
As petiçons fiscais, independentemente do resultado final do juízo, som já de seu ferramentas dissuasórias da participaçom social e política : 102 anos de prisom no total, quase 400000 euros em ‘sançons’, e morte civil, política e laboral das processadas, ao ficarem excluídos dos trabalhos na administraçom e de se candidatarem em eleiçons.
No blogue dos encausados e encausadas adverte-se que ‘A gravidade de que está em jogo nom se limita à repressom selvagem sobre doze cidadás e cidadáns galegos. Aliás, a Audiencia Nacional coloca no seu ponto de mira a organizaçom política Causa Galiza e o organismo anti-repressivo Ceivar. Ambos poderiam ser tipificados como ”organizaçons criminosas” de que fariam parte as pessoas encausadas e, portanto, disoltos ipso facto por parte do tribunal de exceçom política.’ É por isso que implicadas fam um chamado à solidariedade, enfatizando que ‘ojuízo já nom afeta só um setor minorizado da sociedade galega que se identifica com teses de rutura com Espanha, mas, também, o conjunto desta sociedade e, em particular, a milhares de nacionalistas, pois a ilegalizaçom dum projeto político e a colocaçom dumha permanente Espada de Damocles sobre os setores que o defendem implica umha degradaçom ainda maior, se couber, das fraquíssimas liberdades democráticas atuais.’