A contaminaçom atmosférica continua a crescer apesar da crise sanitária. As drásticas medidas de confinamento e restriçom da mobilidade aplicadas em muitos países frenárom brevemente as emissons de gases contaminantes à atmosfera. Mas foi apenas umha miragem, pois segundo relata o novo informe da Organizaçom Meteorológica Mundial, os níveis de concentraçom de CO2 registrados durante o mês de Julho deste mesmo ano marcárom um novo registro histórico ao alcançar-se a cifra de 414,38 ppm (partes por milhom).

Estes dados som publicados apenas uns dias depois de que a agencia Cochilco (Comisión Chilena del Cobre) publicasse o seu último informe. O Estado chileno, responsável de produzir umha terceira parte do lítio a nível mundial e dono da metade das reservas mundiais deste metal, descreve no documento que para o ano 2030 aguarda-se que a demanda anual de lítio se situe entre as 1,15 e as 1,80 milhons de toneladas, enquanto a demanda no ano 2019 apenas alcançou as 323 mil toneladas.

Estes dous feitos estám relacionados. A lógica preocupaçom polo degradaçom do médio ambiente está sendo aproveitada por novos lobbies tecnológicos para tirar lucro económico. Neste sentido, o capitalismo verde leva anos a promover um novo produto de consumo: o carro elétrico.

Um novo mercado

As principais marcas de automóveis já contam com algum modelo eléctrico, mas agora o que cobiçam é umha eletrificaçom geral do parque automobilístico mundial que implica a mudança dos motores de combustom para os motores elétricos. Este impulso que a indústria do automóvel quer fazer do carro eléctrico terá como consequência umha maior demanda de lítio, pois é o elemento principal na fabricaçom das baterias eléctricas.

A mudança tecnológica que vai implicar esta eletrificaçom do parque de automóveis mundial disparará a demanda deste metal. Como já se descreveu mais arriba, aguarda-se que na próxima década a demanda anual de lítio ultrapasse facilmente o milhom de toneladas, o que supom umha demanda entre três e seis vezes superior à atual. Ante esta situaçom, as grandes empresas de mineraçom estám a mexer-se para apropriar-se deste recurso.

Um negócio que também afeta a Galiza

E no médio desta nova mudança económica-tecnológica, a Galiza nom fica à margem porquanto umha das principais reservas de lítio da Europa está situada na regiom que vai desde o sul da Galiza até o norte de Portugal.

Neste sentido, a empresa Recursos Minerales de Galicia, S.A. presentou umha solicitude de exploraçom para a mina Alberta I, que afetaria os concelhos de Beariz e Aviom, e poderia estender-se até os concelhos de Forcarei, A Lama e Cercedo, atingindo umha superfície de 1.500 hectares. Ante este projeto mineiro criou-se a plataforma Mina no Cando Nom, que está formada pola vizinhança dos lugares afetados e por diferentes coletivos e organizaçons.

Segundo informa a associaçom ecologista Adega, a Junta quere aprovar a permissom de concessom de exploraçom para este projeto mineiro sem passar o devido trâmite de Avaliaçom de Impacto Ambiental. Compre lembrar que o projeto mineiro produziria águas ácidas e situaria-se a escassos 300 metros das vivendas. Todas as irregularidades que se estám a produzir no procedimento som descritas com detalhe na web de ADEGA.

A história é bem conhecida: contaminaçom de aguas com derrames de aguas acidas e metais pesados, entulhos ao ar livre, destruiçom de montes e do patrimônio cultural da zona para o beneficio econômico de umhas poucas pessoas.