Quando o inimigo tem que negar por activa e por passiva umha realidade, é que ela (para além de ser molesta) existe e é palpável, significa cousas importantes e vive.

Isto acontece com as prisioneiras políticas no Estado espanhol, a mesma negaçom do evidente constitui a sua maior afirmaçom. Os prisioneiros e prisioneiras polítcas som umha mais das expresons de luita contra a negaçom secular que padecemos como povo: “España una y no 51”. Mas o certo é que a sua negaçom constitui, e deve seguir constituindo, a afirmaçom e evidência palpável de que continuamos, contra vento e maré, existindo como naçom.

A continuaçom depende da mocidade e de apostas arriscadas e sinceras para com o País.

Dentro e fora da prisom vivemos tempos que ainda estám por mostrar-se de todo aos nossos olhos. Junto com umha extrema dureza das circunstâncias, do embate do inimigo e dos seus planos de futuro, parez que a indiferença e a tibieza em formas e fundos se tem apoderado da maior parte das pessoas. Custa digerir mudanças tam veloces, novos cenários, falta de referentes, transformaçons sociais em andamento… mas precisamente o perigo destas mudanças (que nom vinham nem mentadas nos livros de formaçom) é que podem fazer-nos adiantamentos perigossissimos sem nós ter-nos apercebido da gravidade da situaçom.

O independentismo galego e com ele a mocidade organizada, da mao da sociedade, vem-se envoltos numha maré neoliberal absurda, num ambiente social narcisista e presumido, nocivo e onde o que manda é o mercado.

Um ambiente tóxico e planejado polo inimigo do que convém fugir por própria sobrevivência e polo futuro do País. Mantenhamo-nos à margem dos seus valores e fagamos valer os nossos como legítimos e genuínos. Nom haverá revoluçom possível sem pessoas cientes do que significa para a saúde coletiva o caminho que nos tem preparado Espanha, como tampouco o haverá se essa certeza nom se converte em acçom. Necesitamos formaçom a todos os níveis, mas sobretodo vontade e decisom para reverter este caminho face a escuridade: ou si ou nom.

Convém, antes de nada e tendo em conta o panorama imperante, salvaguardar as nossas organizaçons e estruturas do poder, da concorrência, do mal ambiente, do ruxe-ruxe. Pouco nos importará ter no caletre grandes projetos de futuro se nom somos quem de conservar os do presente.

A irmandade e o reconhecimento mútuo nom só é um valor próprio e antagónico ao sistema, é sobretodo a engranagem necessária para funcionar bem. Este é o caldo de cultivo para que projetos e cumplicidades agromem.

Ferverá a rede (suponho-o, claro) os jornais, as nossas cabeças e canetas tratando de ensarilhar as peças e entender o panorama actual. Intuimos coletivamente que atravessamos tempo duros, de reforma por parte do inimigo e de recurte de direitos para nós. Mudança de civilizaçom, apontam uns; violência preventiva dos Estados, outros; judicializaçom, medicalizaçom e encarceramento do que nom querem que saia na foto.


Umha cousa parez clara no que nos toca a nós como povo: o inimigo invirte esforços em atacar Galiza. Leva séculos roubando a nossa identidade, as nossas tradiçons, língua, mas deixando na sua própria legalidade umha porçom de espaço para confiar ingenuamente o nosso futuro coletivo nisso que dérom em chamar “café para todos”. Mas que vai passar quando isso, antes do que depois, lhes seja demasiado? Nada significárom nem significarám as realidades nacionais no seio do Estado espanhol quando se trate o asunto da sua própria sobrevivência e do futuro do capitalismo no seu seio. E esta será a tarefa principal da nossa mocidade: artelhar projetos para salvaguardar a nossa naçom de um futuro agressivo e ser cientes do seu perigo. Hai que plantar-se nesta tarefa contra a paz social, as manifestaçons pacíficas e noticiadas, a revoluçom de camisola e tecnificada. O futuro é duro e a resposta terá que estar à altura. Podem dizer que somos “quatro tolas”, “sem base social”, “nostálgicas”; mas quatro tolas com as cousas bem claras. E convém nom esquecer que a cada passo mais, a violência preventiva do Estado fai que apareçam loucas por toda parte: dizer verdades, manifestar-se, manter-se à esquerda… todo será considerado ilegal e perigoso.

Do nosso povo contra isto saírom sempre e saem respostas das que sentir-nos orgulhosas. O cerne da questom sempre foi o mesmo: salvaguardar o próprio da rapina, ser fideis e coerentes com as nossas geraçons de militantes desde que tal fôrom chamadas, nom claudicar, em definitiva. Esta tarefa nom é egoísta nem precisa justificaçom perante ninguém. Sem mais, com a nossa aportaçom contribuimos desde o nosso país a quebrar esse futuro preto para o conjunto da humanidade.

Quem defende o seu com decisom e valentia, receberá a visita do inimigo raivoso e decidido a fazer dano. A resposta contra isto é solidariedade em todos os sentidos, multiplicaçom de projetos, mais iniciativas e ilusom frente as suas misérias quotidianas.

Vivemos em umha carreira de fundo onde cada quem vai até onde quer, mas só por intuir que se pode dar umha resposta digna e coletiva, merece a pena aportar um grau de areia. A meta pode que seja difusa, ser diferente para cada qual, ilusionante ou nom segundo se mire, mas nom esqueçamos que o caminho e os acontecimentos desta carreira é o que nos vai oferecendo a oportunidade de chegar ou nom. Assi que correr e pôr-se à tarefa é o que hai que fazer sem mais demora. Isto sempre foi e será assi. Ainda que o inimigo pretenda despistar, as cousas estám mui claras para quem as queira ver. Assi que maos à obra.

Viva Galiza Ceive!

*Publicado no Terra Livre o 27 de junho de 2013.