O professor Graeber faleceu esta semana em Veneza. O antropólogo era reconhecido pelos seus inovadores trabalhos acerca da burocracia, a política e o capitalismo. Foi umha das figuras mais visíveis do movimento Occupy Wall Street, que lutava contra os privilégios flagrantes do 1 % da povoaçom mais rica.

Nasce em Nova York em 1961. Seu pai lutara na Guerra Espanhola com as Brigadas Internacionais e sua mãe era membro do Sindicato de Costura de Mulheres Trabalhadoras ( Ladies’ Garment Workers’ Union). Estudou em Nova York e Chicago e esteve dois anos em Madagascar fazendo estudos antropológicos com a prestigiosa bolsa Fullbright.

Exerceu como professor na Universidade de Yale, da que foi expulsado pelas suas ideias políticas. Logo emigrou ao Reino Unido, onde exerceu na Escola Londinense de Economia (London School of Economics).

Com a publicacom de Dívida: Os primeiros 5.000 anos da economia obtive reconhecimento internacional. No livro, Graeber explora a violência que há detrás de todas as relaçons baseadas no dinheiro e chama à eliminaçom das dívidas nacionais e pessoais. Graeber expôm umha história alternativa da apariçom do dinheiro e dos mercados e analisa como a dívida, que num princípio se referia a umha obriga moral, passou a ser umha obriga económica. Isto passa a significar um cambio crucial, pois a cuantificaçom da dívida fai que esta quede convertida em um assunto de impessoal aritmética, com o que começam a justificar-se coisas que doutro jeito nos pareceriam umha ultragem ou umha obscenidade. Quando alguém nos deve um favor, nom se nos ocorre pedir-lhe mais do que nos pode dar, sem embargo se a dívida passa a ser um número e ainda por riba os acredores formam parte dum complexa estrutura que só maneja cifras, começa a justificar-se que haja pessoas sem teto, em condiçons de vida deploráveis ou que morram abandonadas. O livro insiste na maneira em que a violência, ou a ameaza de violência converte as relaçons humanas em matemáticas.

Nesta obra também se questiona o mito do troco como a anterior maneira em que as sociedades se regulavam antes da apariçom do dinheiro. Esta ideia, respaldada pela maioria dos economistas, nom tem nehuma evidencia científica e o estudo da antropologia demonstra que isto nom sucedia assim, senom que as pessoas intercambiavam os seus bens excedentes sem quantificar de jeito preciso o que umha lhe devia a outra.

Graeber admirava a Revoluçom de Rojava e os seus estudos antropológicos levara-no a pensar nalguns traços das sociedades primitivas, sem hierarquias, como as mais justas para organizar-se. O intelectual estado-unidense era pois, anarquista, mais gostava de recalcar que o anarquismo era o que fazias e nom unha identidade.