(Imagem: lobo numha vila da Marinha) Vai ser no domingo dia 30, no concelho marinhao de Jove, quando se celebre umha nova batida de lobos autorizada pola Junta. O apoio oficial a esta caçaria, escudada em argumentos de alegada defesa dos gadeiros, motiva a oposiçom ecologista. ADEGA ou Verdegaia, aliás de Ecologistas em Acçom e entidades animalistas, fizérom pública a sua análise sobre a iniciativa que ‘contradiz a legislaçom’ e ‘nom vai solucionar os problemas dos gadeiros’.

Ecologismo pom seriamente em causa que a caça autorizada de lobo, mas também de espécies como o javali, paralisem realmente os ataques destes animais contra a cabana gadeira e os cultivos. Na controvérsia mediou mesmo umha entidade internacional, a Fundaçom Franz Weber, associaçom suíça que preconiza extender a todo o continente (também à nossa terra) o método utilizado no cantom de Genevra. Desde 1974, no país helvético proibe-se totalmente a caça do lobo e ‘instalam-se sistemas de prevençom e dissuasom, ou do contrário palia-se dignamente cada ataque do lobo’ com medidas económicas. Para tal fundaçom, a normativa galega está ‘fora de época’ e nom ajuda a rebater os tópicos mais comuns, ainda vigorantes em parte da populaçom galega: acredita-se que esta espécie é numerosa, nom sofre nenhum perigo de extinçom, e pom seriamente em risco a forma de vida dos labregos.

Numha posiçom distinta, ainda apoiando a protecçom do lobo, situa-se o Sindicato Labrego Galego. Ao longo de toda esta década, a central camponesa vem ponhendo o acento na insuficiência ‘absoluta’ das medidas compensatórias da Junta, e salientando que na realidade produzem-se mais ataques contra a cabana gadeira do que reconhecem os registos autonómicos. Com efeito, o SLG mostra-se totalmente a favor do convívio entre ser humano e fauna selvagem, mas insiste em que ‘os custes da protecçom do animal nom podem cair em exclusiva na populaçom rural.’

Grupo Lobo Galicia e Proxecto Rebinxe salientam ‘papel chave no ecossistema’

Entidades dedicadas à conservaçom do mítico animal no nosso território tampouco ficárom paradas perante a batida iminente. É o caso do Grupo Lobo Galicia e o Proxecto Rebinxe, duas associaçons que estám envolvidas na elaboraçom dum censo de ámbito ibérico sobre a saúde do lobo.

Imagem: lavoz.es

Contra os lugares comuns que contraponhem o lobo à sociedade agro-gadeira, manifestam que os lobos ‘jogam um papel chave nos ecossistemas (…) regulando por exemplo as populaçons de ungulados selvagens e evitando a propagaçom de doenças no gado’. Aliás, os colectivos deslegitimárom o ‘alarmismo’ propagado, ao seu juízo, polo alcalde de Jove, declarando que ‘o lobo nom supom um perigo real para o ser humano’. Como prova da afirmaçom, as entidades dim que nas últimas décadas nom existírom ataques do lobo ao ser humano em todo o território ibérico. Grupo Lobo e Proxecto Rebinxe dirigírom-se assim ao conjunto da populaçom, para precisar que no caso de se avistarem os lobos perto dumha localidade (na Marinha fôrom vistos até nas praias) nom se deve ter medo, ‘pois o animal atinge o 94% do território galego.’

Legislaçom vaga

Resta por esclarecer se a Junta tem realmente potestade legal para autorizar a eliminaçom física de exemplares de lobo. Na realidade, existe umha certa contradiçom, desde que a lei ampara em determinadas condiçons a sua caça desportiva, enquanto a administraçom europeia destina grandes fundos e esforços à sua recuperaçom.

Como em todos os ámbitos, a Galiza está neste caso baixo a última palavra de Espanha. E a concepçom espanhola diz, na sua Directiva de Hábitats, que ao norte do rio Douro que si está permitida a caça do lobo, em razom da sua abundância. Segundo o eufemismo político, no norte peninsular, as populaçons de lobo podem ser alvo de medidas de ‘gestom’. Para o ecologismo, da palavra ‘gestom’ nom tinha que derivar-se necessariamente morte, mas na realidade é esta medida drástica a que se está a tomar.

Alternativas, também na Galiza

Para além do seu direito a existência como habitante deste planeta, nom faltam focagens que defendem também a conservaçom escrupulosa do lobo atendendo à sua rendibilidade social e económica. O caso mais conhecido é o da Serra da Culebra, na Seabra, território do leste galego sob administraçom samorana. Lá funciona o chamado Centro do Lobo da Serra da Culebra. O seu director, Jesús Palacios, tem defendido o valor desta entidade por ‘criar emprego directo e indirecto’, e aliás por desestacionalizar o turismo. A atracçom que genera este animal no imaginário das nossas sociedades, quer no rural quer no urbano, pode explicar que até 42000 pessoas se desloquem cada ano à Seabra para visitarem este centro de defesa do lobo.