A Conselharia de Educaçom está a ser, nos últimos tempos, alvo de reiteradas críticas por parte dos diferentes agentes educativos galegos. Como se pode verificar, nos últimos comunicados dos movimentos de renovaçom pedagógica, sindicatos de professoras/es e AMPAS, somam-se acusaçons de “falta de planificaçom”, “gestom neoliberal da crise”, “falta de participaçom na tomada de decisons”, “involuçom pedagógica” e “insegurança na volta às aulas”. Entretanto, a cabeça visível da Conselharia, Carmen Pomar, anunciou na passada semana um incremento de 1000 docentes que, segundo a CIG-Ensino, nom corresponderia a um aumento real do professorado, senom à normal reposiçom de profissionais para cumprir com as rácios legais estipuladas. Analisamos os dados e achegamo-nos aos diferentes setores afetados para deitar luz sobre a realidade educativa galega em tempos de Covid-19.

Investimento exíguo na melhora da segurança dos centros educativos

No passado mês de junho, o Estado forneceu 120 milhons de euros à C.A. Galega para o seu investimento no Sistema de Saúde e Educativo, tendo que disponibilizar para este fim, no mínimo, o 70% do total dos recursos económicos alocados. A maior parte das autonomias e naçons sem estado do Reino incrementárom o quadro de pessoal para diminuírem o tamanho dos grupos e, como consequência, reduzirem o risco de contágio.

A Junta da Galiza, polo contrário, mantém a sua “doutrina de custo 0” segundo o sindicato maioritário, a CIG-Ensino. Imperturvável perante a ausência dum investimento real na contrataçom de docentes, a Concelheira de Educaçom, Carmen Pomar, continua a afirmar publicamente um hipotético incremento de 1000 professoras/es para enfrentar a crise da Covid19. Os dados oficiais, no entanto, nom oferecem nenhum tipo de dúvidas e testemunham uma vontade explícita de engano à sociedade galega por parte da Conselharia, com a cooperaçom de meios financiados polo própio governo galego como La Voz de Galicia, jornal que tivo que retificar as informaçons sobre este assunto após ser denunciada a sua falta de rigor por parte de Suso Bemelho, Sercretário Geral da CIG.

  

Do total dos mil empregos sinalados pola concelheira, 240 som mestras/es que se incorporarám para garantir o cumprimento das rácios (25 discentes/grupo), 543 som contratos a meia jornada (271,5 docentes a tempo completo) para o programa ARCO de reforço educativo que já se vinha desenvolvendo em anteriores anos e, em último lugar, menos de 300 educadoras/es para o resto de ensinamentos. Nom se produz nenhuma contrataçom específica para a diminuiçom do tamanho dos grupos, como recomenda a OMS e o Ministério. Destarte, o orçamento para adaptar os centros educativos à nova situaçom está associado à compra de material de proteçom, como máscaras e gel hidroalcólico, e à realizaçom de testes serológicos aos profissioais do ensino, entre outras questons.

AMPAS e novas plataformas de famílias criticam os planos da Conselharia

O início de ano académico está a tornar-se num cenário “incerto, instável, inseguro, mal organizado e enormemente perigoso para as nossas filhas e filhos”. Assim o reconhece a Conferaçom de AMPAS Galegas, quem reivindica a necessidade dum plano de acolhida emocional ao alunado, a reorganizaçom dos currículos do 3º trimestre, a contrataçom de pessoal vinculado à enfermagem e à Ed. Social, o mantimento duma distância mínima de segurança de 1,5 m. (o protocolo da Conselharia estabelece apenas 1 m. de distância interpessoal), gratuidade do material necessário de proteçom e higiene, assim como a garantia de detetar e atender qualquer fenda digital.

Para além das tradicionais formas de organizaçom familiar nas AMPAS, surgiu também uma nova plataforma de “famílias galegas preocupadas pola volta ao colégio na atual situaçom” denominada DERPA (Direito ao ensino sem risco em pandemia). Esta organizaçom demanda à Administraçom Educativa que “garanta o direito à educaçom num entorno seguro, favorável para a aprendizagem, facilitando a livre eleiçom de formaçom: presencial ou a distância”.

A segurança é uma grande preocupaçom para as famílias perante a falta de planificaçom da Junta e do aumento de surtos que se estám a produzir por todo o país. Uma situaçom em que as possibilidades de contágio aumentam e, portanto, o perigo para as pessoas com patologias prévias. Por este motivo, demandam um “sistema educativo aberto, flexível e equitativo” que proteja “o direito à saúde do alunado, docentes e resto de pessoal que trabalha nos centros educativos”.

A pedagogia ativa e crítica: também em perigo

Movimentos de Renovaçom Pedagógica como Nova Escola Galega também reagírom ao protocolo da Conselharia, no qual especifica-se que “se evitará o deslocamento do alunado na sala de aulas […] implicando nom mover-se do posto escolar”. Uma concepçom tradicional da organizaçom escolar que limita as possibilidades de desenvolvimento integral da infância, dificultando a necessária interaçom social no desenvolvimento do processo educativo. Ante esta involuçom pedagógica, Nova Escola Galega indica no seu último NEG-Opina: “nom podemos permitir que esta situaçom, ademais de significar uma dificuldade de desenvolvimento curricular do alunado, venha perverter a visom global do que significa a educaçom. Ferriére, no início do século passado, já contrapunha a “escola ativa” à “escola sentada”, na qual se lecionava um ensino abstrato e uniforme. Poderíamos dizer que a escola sentada e de ringleiras a toque de chifre nunca mais”.

Organizaçom espacial tradicional e moderna