Miguel Anxo Fernán-Vello. Cospeito, 1958. Escritor e político. Foi deputado no Parlamento espanhol em duas legislaturas entre 2016 e 2019. Fai parte de Anova, a formaçom liderada por Beiras, do que é amigo íntimo. Apresenta-se como número um da candidatura por Lugo de Galicia En Común às eleiçons ao Parlamento galego do próximo 12 de Julho.
Os Peares, 2 de julho. “Feijóo nom nasceu aquí”, conta Miguel Anxo Fernán Vello, em campanha, na terraça dum restaurante dos Peares sobre o Minho a piques de topar co Sil, coa presa a um lado e no outro umha das altíssimas pontes da via rápida que deixárom a aldeia esmagada. Continuidade franquista contra a vida dos rios e da gente. mas Feijóo nom nasceu aqui, insiste Fernám Vello. “Grazas presidente por coidar de nós”, informa mália todo umha faixa colocada à entrada da localidade. “Feijóo foi um senhorito de Ourense que vinha de visita de quando em quando, como agora”.
Para reclamar-se rapaz de aldeia, Feijóo iniciou aqui a campanha que o levará (informam as sondagens) por quuarta vez à presidência da Junta. Já nom o é… Feijóo foi avelhentando cos seus votantes, mas ainda lhe alcança. E Fernán Vello veu até aqui para combater o mito co seu ar de poeta francês arrebatado. A gauche divine (dim os inquéritos) tampouco lhe alcançará esta vez. mas o candidato por Lugo de Galicia En Común confía em mobilizar as esquerdas nacionalista e republicanas para botar o Feijóo “esse pequeno ditador com ares napoleónicos…”
Feijóo cuida da aldeia, começando pola sua, como di o cartaz?
Os Peares representa, no plano simbólico e no plano material, o desleixo, essa Galiza rural que está desprotegida e sofre o abandono, um castigo. Aqui faltam recursos essenciais: sanitários, educativos, económicos… Em onze anos de governo Feijóo, a Junta nom levou adiante plam nengum de transporte, ou reativaçom do comércio de proximidade no rural. A Galiza interior devem estar no primeiro plano da atençom das instituiçons para reverter esta situaçom. Em Galicia En Común temos moi claro que deve ser assim.
A que lhe fijo máis dano Feijóo nestes onze anos, à cultura ou à paisagem?
Feijóo, como antes Fraga, dedicárom-se a eliminar os resortes identitários do país, começando pola destruiçom do património histórico-arqueológico, como acabamos de ver estes dias coa destruiçom dum jácigo neolítico por umha pá mecánica… É um ataque continuo a todos os sinais profundos da identidade. E isso passa também em todos os eidos de expressom da cultura: no teatro, nas artes plásticas, na literatura… Desde o 2009 houvo ademais um retrocesso notório. E isto vai parelho à destruiçom do património natural. A nossa riqueza material nom é objeto de proteçom nem foi nem é objeto de preocupaçom por parte da Administraçom Feijóo.
Como está a naçom, o nacionalismo… também está afetada por Feijóo ou ficará a salvo de novo passe o que passe o domingo?
Temos que entender que estas nom som umhas eleiçons dumha administraçom autonómica do Estado. Som umhas eleiçons de autogoverno, tenhem um carácter nacional. Galiza é umha das naçons mais antigas de Europa. Somos umha naçom cultural, e temos que ser também umha naçom social, que cuida do bem-estar das pessoas. A naçom tem que estar em sintonia coas demandas das classes populares. Galiza tem um gram potencial, e isso demonstra-se nom só na criaçom cultural, senom também na resistência diante das imposiçons de poderes económicos. Merecemos um futuro e por isso estamos a fazer esta campanha chamando à mobilizaçom das esquerdas. E Galicia En Común está preparado para assumir essa Galiza que vem.
Este Parlamento colonial é umha ferramenta útil na construçom dessa naçom, ou é apenas o espaço que lhes deixa o Estado às forças nacionalistas institucionalizadas?
Temos que converter o Parlamento numha ferramenta útil para a defensa da identidade material e simbólica do país. É um instrumento mas temos que instaurar umha democracia plena num ato de sintonia coa sociedade, cousa que nom se dá… Feijóo nom practica o diálogo. Galiza nom pode ficar alhea ao processo de reconfiguraçom do Estado, necessitamos avançar no autogoverno e na autodeterminaçom. Há que utilizar o Parlamento como um instrumento criativo, como instrumento de reafirmaçom e de reconstruçom da sociedade galega na sua expressom política.
Logo, nom basta com desenvolver as competências?
Temos que desenvolver a democracia, porque vivemos numha democracia amputada, como diria Saramago. Nem sequer as competências da autonomia se estám a exercer. Feijóo acabou por converter a Junta num pabelhom de repouso. Feijóo evita exercer as competências, vemo-lo agora no caso de Alcoa. O problema vemo-lo também nos meios de comunicaçom públicos. Nom há democracia, há manipulaçom e tergiversaçom contínua da realidade.
Que há que fazer para normalizar a relaçom do governo cos meios de comunicaçom públicos?
Há que fazer cumprir o Estatuto da CRTVG. A sociedade galega no pode aturar mais esta lacra, toda essa manipulaçom e ocultaçom. Também é preciso atualizar a própria lei de meios para que os meios públicos cumpram a sua funçom pública e nom podam ficar ao serviço dum partido.
Cal foi a principal ensinança que tiram da crise de Alcoa?
É umha hecatombe para Lugo e para Galiza… som 5.000 famílias afetadas. O que aprendemos é que é preciso ativar duas vontades políticas para salvar Alcoa: a da Junta e a do governo do Estado. Pensamos que há que intervir e abrir vias a umha nacionalizaçom que cada vez parece mais necessária. A lei permite isso.
E da crise da covid19?
Aprendemos que o neoliberalismo aplicado à política é umha rua sem saída. Beiras, já no 2012, dixo que os recortes matam. Hoje é umha verdade universal… pudemos comprová-lo. Na Galiza, a única saída é o cambio de governo na Junta e a ativaçom dum plam de choque económico que situi o público no lugar que lhe corresponde.
Qual foi o melhor conselho que lhe dérom para esta campanha, e quem lho deu?
A nossa organizaçom, Anova, age como um cérebro coletivo. Eu, pessoalmente, som aberto aos matizes que se precisam na política. Penso que a política é um exercício do coletivo imediato que busca resolver problemas que se produzem na sociedade. Conselhos?… dentro de Anova, temos logicamente um referente, e um mestre, que é Xosé Manuel Beiras. Mas tamém há outras pessoas às que eu escuito muito, umha delas é Antón Sánchez, que é umha pessoa mui próxima ao latejar social. Eu aprendo deles.
Se lhe tivesse que pôr um titular a esta campanha, qual seria?
Penso que esta é umha campanha para construir o futuro. É um lema mui acertado… Eu diria: Galiza precisa construir o futuro num momento histórico, os anos vinte do século vinte, para afiançar o nosso ser político e o nosso autogoverno.
E para a campanha de Lugo?
Pois diria que Lugo precisa superar o estado de abandono, o desleixo que leva sofrendo durante mais de trinta anos.
Onde vai estar a chave para botar Feijóo da Junta nestes últimos dias de campanha?
Na mobilizaçom das moças e dos moços. Na mobilizaçom da gente trabalhadora e do rural e do mar. Na mobilizaçom do voto das esquerdas nacionalistas e republicanas. Se conseguimos ativar isso…
Que passa coas eleiçons na Marinha?
Antes que pensar no processo eleitoral há que pensar na saúde das vizinhas e vizinhos. A Junta tem competências plenas em matéria sanitária, e o Presidente deve informar aos ciudadaos do que sucede e seguir as pautas que marquem os médicos. A informaçom através dos meios públicos está cancelada. A oposiçom pediu esta segunda-feira a comparecência de Feijóo no Parlamento para explicar o que está acontecendo e as medidas que vai tomar. Antes de decidir nada, há que ter essa informaçom.