Desde a Coordenadora Nacional da Marcha Mundial das Mulheres em Galiza manifestamos o nosso rejeitamento ao argumentário interno do PSOE, publicitado nas redes sociais por varias militantes desta organizaçom, baixo a denominaçom “Argumentos contra as teorias que negam a realidade das mulheres” e manifestamos o nosso total arroupe às nossas companheiras trans, frente a este ataque.
O documento, assinado por Carmem Calvo Poyate (Secretária de Igualdade), José Luís Ábalos (Secretário de Organizaçom), Alfonso Rodríguez Gómez de Celis (Secretario de Relaçons Institucionais) e Santos Cerdán León (Secretario de Coordenaçom Territorial e Relaçons Partido/Governo) é um argumentário no que sintetizam a posiçom política respeito deste tema, e vai dirigido ás Secretarias de Igualdade, Secretarias de Organizaçom, porta-vozes do Partido em todo o Estado Espanhol e organismos da UE.
Pretende ser um documento aclaratório sobre conceitos fundamentais no feminismo como som o sexo e o género, mais é empregado para distorcer a teoria queer e que se questione a existência do sexo biológico, já que de fazê-lo, segundo estas pessoas, “desdebuxaria-se a realidade das mulheres”.
Rejeitamos integramente o escrito assinado por parte importante do governo do Estado, num âmbito que é o direito das pessoas, já que estamos a falar de direitos humanos. Falamos da primeira vez que parte dum governo democrático do Estado Espanhol, supostamente progressista, construi um argumentário para o debate feminista do sujeito político da luita das mulheres interferindo e mesmo atrevendo-se a dar carnés de quem é ou nom mulher, no que se nega que as mulheres trans sejam mulheres, dividem em mulheres reais e que nom o som, falam de biologia, de nascer com uns ou outros genitais, quando está demonstrado que o sexo vai mais aló dumha dicotomia biológica e o feminismo leva décadas com um rico e intenso debate para combater ao patriarcado integrando a diversidade e pluralidade do movimento político.
Aliás o texto simplifica umha realidade que é complexa. Ou, que passa coas pessoas intersexuais? Que passa coas pessoas que nascem com cromosoma XX com pene ou XY com vulva? Que é o que pretendem? Realizar umha análise de sangue e observar os genitais para autorizar quem pode ir a um banho, vestuário dum ou doutro género, ou fazer parte dumha luita política como a feminista? Onde querem colocar as pessoas trans? Pretendem derivá-las a um lugar especifico porque som cousa aparte, pessoas com umha patologia como se pretendia identificar até há bem pouco?
O que constitui umha enfermidade é infetar de ódio um discurso que vai mais aló dum debate sobre as distintas posturas ou mesmo teorias do feminismo. Pode-se discrepar sobre a teoria queer, mas nom se pode afirmar o compromisso cos direitos das pessoas trans e ao tempo, questionar que tenham reconhecimento jurídico. Isso é um exercício de hipocrisia e o único que conleva é umha xenreira que vai medrando, que vai alimentando a extrema direita e que umha pequena faísca no momento justo é o que se necessita para prender lume e fazer desaparecer todos os direitos conseguidos até o de agora.
Nom som os primeiros no mundo em encher de ódio os discursos, outros países já o figérom, como Alemanha, Russia, EUA ou Hungria que recentemente negárom o direito para viver ás pessoas trans com umha lei que nega o seu direito para ser quem som.
Nom podemos permitir que quem governa e legisla espalhe discursos de ódio e isto nom tenha consequências, que se utilicem estruturas partidárias e o poder que lhes dá o governo para defender opinions contrárias aos direitos humanos a conta da vida doutras pessoas.
Porque a realidade é está, há mulheres, há homes e há pessoas nom binárias, ou respeitas a sua existência ou nom respeitas os dereitos humanos. O feminismo nom tem aberto um debate sobre se as mulheres trans som ou nom mulheres, sobre se som reais ou nom, porque as discriminaçons que sofremos tenhem a ver coa construçom social do que é ser mulher. Ademais de sofrer a discriminaçom e machismo por sermos mulheres, por identificar-nos como tais, sofremos abusos misóginos polas etiquetas que esta sociedade vê, e que por muito que queiram ocultá-las, segue a julgá-las. Somos discriminadas por ser mulheres racializadas, pola nossa orientaçom afetiva, por viver numha naçom colonizada, por falarmos na nossa língua, por fazer parte da classe trabalhadora, por sermos precárias, por nom formar parte do sistema heteropatriarcal e capitalista em que vivemos. E por muito que falemos de intangíveis e nom queiramos vê-lo, no entanto nom consigamos umha igualdade real, isto seguirá passando.
Nom imos ficar caladas ante estes discursos de ódio. Nem ante os discurso bárbaros nem ante os mais subtis. Às portas da comemoraçom do 28 de junho, em que a maior parte dos partidos políticos, e concretamente o PSOE, alçarám a bandeira multicor proclamando o seu apoio à luita LGBTI exigimos menos exercícios de hipocrisia e mais compromisso real cos direitos das pessoas. E co lema feminista (transfeminista) por bandeira: SE ATACAM UMHA, RESPONDEMOS TODAS!
Galiza, Junho de 2020.