Seica nom te deche conta?
tam cego estás?
deixaches a tua vida em maos alheias?
por que deixache de luitar?
O antagonismo nos conflitos sociais está mui bem expressado no lema: as únicas luitas que se perdem som as que nom se dam ou abandonam. ainda que às vezes tivemos que dar algum passo atrás (bem taticamente ou por nom ter a força necessária), temos comprovado que os avanços da classe obreira estám na direçom contraria, cara a diante. A semelhante conclusom deveria chegar quem quiger confrontar de verdade co entramado político-institucional estatal e o sucursalismo espanhol na nossa Terra.
Tradicionalmente as utopias concebiam-se nos maus tempos. Deveríamos manter as tradiçons por muito que hoje a distopia ou antiutopia pareça a tendência que nos conduz para umha sociedade imaginária indesejável em si mesma. Dalgum jeito a pandémia, entre outras cousas, obriga a reformularmos o que estamos a fazer porque levamos bem tempo vivendo numha sociedade arrepiante.
Imos a isso:
Suponho que coa chegada da fase mais aguda da crise económica e social intuímos acontecimentos de moitas dificuldades. O cadeado do “estado de alarma” co que nos tenhem fechados nom vai poder termar muito tempo do que se está cozendo nas águas da indignaçom e das necessidades mais básicas da gente. A resposta dependerá do que queiram fazer as organizaçons políticas e sindicais e também de todos nós. Umha de duas, ou tomamos a iniciativa ou tomarám-na outros. Numha situaçom grave como a que nos toca viver, vam-se agudizar todas as contradiçons e como conseqüência poderemos apreciar que nom há só situaçons claramente “sistémicas” ou de “cambio real”, aparecerám “contras” e ainda mais variedade como as transitórias, intermédias ou híbridas, que jamais estarám definidas claramente. A protesta destes dias na rua Núñez de Balboa em Madrid e só umha pequena prova disto. Se os que melhor vivem berram pola liberdade privilegiada, nom é difícil imaginar que farám os que nom tenham recursos para alimentar-se, pagar o aluguer ou a hipoteca, etc.
Quero supor que algo aprenderíamos das crises do capitalismo que fomos vivendo e padecendo. quando menos teremos chegado à conclusom de que nom podemos esperar resultados diferentes, fazendo o mesmo de sempre. Se isto é assim, já nom é pouco.
Obrigatoriamente tenho que entrar no terreio da política partidária para desenvolver algumha das minhas ideias. Quem pense que a dialética vai seguir na mesma lógica que se intuía em janeiro, está errado e deve revisar a sua análise. Vou adiantar algo da minha. É previsível que a gobernança do Estado e a oposiçom sigam agindo e posicionando-se nos mesmos parámetros de hoje. Sabem do beneficio mutuo para as formaçons que encabeçam estes dous polos. De se confirmar a previsom, o bipartidismo recuperará a hegemonia funcional no devandito entramado político e institucional que foi desenhado para umha alternância cíclica, entre a socialdemocracia e dereita liberal de cara a umha homologaçom europeia, nos derradeiros tempos da ditadura franquista.
Ainda que recentemente houvo um certo ilusionismo de cambio cos partidos emergentes, a dinâmica demonstrou que gerir só o descontento nom é umha alternativa. É mui possivel que a pandemia suponha a centrifugaçom de muitos dos apoios eleitorais para encher outra vez os espaços exclusivistas dos dous partidos que governam no Estado desde 1977. A recomposiçom do mapa de representaçom estaria motivada, por una banda, os experimentos nom servírom para melhorar nengumha das expectativas dos seus votantes e, pola outra, por entender parte do eleitorado que som estes dous atores políticos os que tenhem mais experiência na gestom e acreditam neles, estabilidade e a possibilidade de consenso para recentralizar, quando menos, parte do aparelho institucional do Estado. Em síntese, “cavalos grandes, andem ou nom “.
Quiçá os nacionalismos das naçons sem Estado, neste antagonismo estrutural, podam ser outros sobreviventes desta nova crise, ainda que o Procès xa demonstrou que nom temos possibilidades reais no marco da Constituçom espanhola, para poder fazer umha consulta sobre outra escolha diferencial na articulaçom territorial.
Num primeiro momento, a CIG deveria fazer um movimento como sindicato maioritário, primeiro fazendo um chamamento na Galiza às outras alternativas sindicais propondo um debate nos centros de trabalho, cos desempregados e por toda a geografia galega em assembleias abertas. O objectivo -tal e como adiantei noutro artigo- seria: construir um dique de contençom luitando e negociando cos governos para amortecer a meteórica e profunda contracçom da atividade, com históricas destruçons de emprego e a necessidade de fazer nacionalizaçons estruturais para salvar determinadas empresas e os balances de conjunto do tecido industrial. Paralelamente, um segundo dique para as rendas salariais no período de inatividade mais o de transiçom e resgatar a todos os trabalhadores que fôrom considerados como essenciais nesta crise com um programa de emprego fixo e salários justos. Na convocatória das assembleias abertas deveríamos converger coas forças políticas nacionalistas e da esquerda.
Este proposta tática trata de situar a cadaquém diante das suas responsabilidades tanto coa classe obreira, como co conjunto da sociedade. Permitirá saber das fortaleças e debilidades para concretizar os seguintes movimentos e com quem teremos que fazê-los.
O pacto entre o sindicalismo espanhol, patronal e goberno do Estado que acabam de assinar, ainda que afunda nas políticas laborais injustas e regressivas, nom tem que ser um atranco. Nom vai ter nengumha utilidade para as bases dos dous sindicatos. Todo o contrário, porque nem garante salários, nem empregos, nem protecçom social. O modelo económico espanhol está sustentado sobre umha gram dependência do crédito e da dívida para financiar investimento, consumo mais especulaçom. O financiamento da dívida pública e das empresas vai erguer a inestabilidade de jeito exponencial na nova crise e fará impossível dar umha resposta ás necessidades sociais baixo o jugo desta dívida.
Sabemos que importante é criar organizaçom de massas sustentada nas nossas bases e, no possível, das dos demais e do conjunto da classe trabalhadora que nom está disposta termar mais destes pactos porque som acordos para perder dos nossos direitos. Se tomamos o caminho de ir à confrontaçom, evidente que o fundamental será como fazê-lo(?).
Tem que ser o tempo para um projeto novo para a naçom galega, que sem esquecer o velho, o que se está a fazer, tente de novo somar esforços da gente do comum, sobre do organizado, de quem resiste ao poder estabelecido individual ou coletivamente, de quem participa nos movimentos sociais, de quem queira debater e impulsar um processo constituinte que nada terá que ver coa Constituiçom espanhola, tanto na consolidaçom de formas antagónicas de poder como na articulaçom, impulso e apoio a políticas concretas da disputa do poder.
Na concreçom dumha estratégia sempre aparecem novos problemas. Clausewitz tinha umha frase mui ilustrativa respeito disso: “na estratégia todo é singelo, mas nom todo é fácil”.
Na acçom política é normal encontrar-se nalgumha encrucilhada, o que obriga a tomar decisons. A situaçom atual nom é doada, exige decidir-se por umha estratégia dimensionada nos parâmetros do legal e agir dentro dos seus limites, combinando-o, isso sim, com um discurso mais ou menos de esquerda e autodeterminista no que todo o fazer tem a focagem nos votos e na açom parlamentar. Ou bem outra, achegada o mais possível aos limites do ordenamento institucional e legal (apoiando-te na representatividade), para tratar de superá-los quando a direcçom política em conjunçom co movimento de massas decida a confrontaçom dos nossos interesses nacionais e de classe cos do Estado, o capitalismo e todos os privilegiados materiais-sociais-institucionais das classes sociais dominantes (alguns deles som os da rua de Madrid, por isso qualifiquei a sua demanda da liberdade).
Umha vez definido o curso estratégico a seguir, e quando da teoria vaiamos à realidade, aparecerám outras trabas, porque o terreio da açom é o da incerteza, da sorte e do medo. É fundamental umha força material que poda enfrentar nom só o Estado, senom também ás burocracias das organizaçons de massas (sindicais, políticas, sociais), como condiçom para poder desenvolver as tendências mais progressivas da situaçom. A “estratégia do desgaste” é o fundamento das orientaçons das correntes que acreditam na linha política,”mais nada que parlamentarismo”. Sinto dizer que os que pensam assim estám mii condicionados para dirigir um processo desta natureza.
Vimo-lo na Grécia, onde o governo de Syriza chega ao governo teoricamente para enfrentar um ajuste imposto pola Unióm Europea (UE) e remata a sua andadura fazendo a gestom dele, mália que a maioria da populaçom dera o seu apoio para resistir. Esta nom é mais que umha ensinança que mostra a onde levam as opçons estratégicas de reforma em momentos de crises.
É veremo-lo aqui no 2021 quando de novo a UE obrigue o Estado Espanhol aos ajustes polo déficit público que no presente ano vai consentir e ademais é possível, polo de agora, seguir financiándo-se nos mercados de sempre. Daquela, a socialdemocracia fará algo semelhante, quando menos parcialmente, ao que fijo com Zapatero no referente a congelaçom das pensons, ajuste salarial no funcionariado, prestaçons sociais, etc., e nom porque os devanditos ajustes tenham as mesmas condicionalidades daquele resgate, senom porque nom será de balde aceder aos fundos europeus. Nesse contexto, provavelmente escacharám as alianças políticas no governo estatal e nalgumhas autonomias.
Do ilusionismo político da mutualizaciom da dívida coa emisom dos coronabonos passaremos, de novo, à realidade da Europa do capital interessada só em que cada quem pague as suas faturas da crise pandémica e à campanha publicitaria “nom deixaremos que ninguém quede atrás”, deixará ao descoberto a mentira e o entreguismo. As utopías podem ser um sonho, umha reivindicaçom ou umha possibilidade. Diante de nós a possibilidade de colher polo caminho da confrontaçom ou colher cara ao retrocesso. Defendo que é melhor arriscar nesta linha estratégica assumindo as demandas de justiça e igualdade dos explorados da nossa Terra e dumha pátria que quer ser ceive e dona de seu, antes que ter complicidade ativa ou passiva cos ajustes que venhem e a pobreza que traem consigo para a maioria do povo.
É verdade que (a utopia) está espalhada por muitos sonhos individuais e coletivos. O trabalho que temos por diante é fazer que todos somem para fazê-la realidade. Sejamos o pesadelo dos que tentam roubar os nossos sonhos.
[Galiza, 20 de maio de 2020]