Misturar o trap com a moinheira só se lhes podia ocorrer a Boyanka Kostova. Que conste que eu numca entendim o trap e nunca gostei. No entanto, estes dous rapazes, com a sua retranca, figérom que me achegasse um mínimo ao género. O trap mainstream que soa por aí esta cheio de letras sem sentido e tampouco faltam as letras machistas; se bem é verdade que isto último passa em todos os géneros, neste adoita suceder e de maneira explícita.

As letras destes dous, que tomam o seu nome dumha halterofilista de origem búlgara, podem também nom fazer sentido a primeira vez que as escuitas, mas estám cheias de referências populares à cultura galega e duma retranca grotesca. A diferença do trap de massas, os Boyanka Kosotva, nom fam constante referência a produtos de consumo para medir o valor das pessoas, senom que se rim disto e da pose de narcotraficantes de muitos destes artistas. As suas líricas incluem também críticas.

Que muitos trapeiros e intelectuais do trap afirmem que o trap é o novo punk ou a verdade sobre as classes populares, da-me a risa, sinceramente. O primeiro, o punk é um género contestatário, que critica abertamente o capitalismo e a sociedade hipócrita na que vivemos, enquanto o trap perde todo o conteúdo social que poderia ter ao fazer apologia da cultura do consumismo, expondo como objetos de valor umhas bambas ou umha camisola de determinada marca, quando sabemos que esses objetos nom tenhem nada de valor, son anacos de teia ou de plástico feito a través da exploraçom de nenas asiáticas. Porém, quiá isto nom lhe importe demasiado a umha cultura tam patriarcal, em que as mulheres ás que se respeita son mulheres que se comportam segundo o estereotipe do que é ser um homem na rança cultura nacionalista espanhola, atualizando-o e dando-lhe glamour e um pouco de cliché de feminidade, pero sem cambiar o fundo: um macho forte que sempre tem a razom, e que nom admite criticas aos seus comportamentos, porque ele é assim e romantiza os seus defectos en vez de tentar converter-se numha pessoa melhor. Segundo: nom nego que o trap seja uma expressom das classes populares, muitas vezes contraditórias, mas essa é a classe operária que queremos ser? Sermos unhas classes populares individualistas, alienadas, machistas e hipercapitalistas? Bem, nom vou ser eu quem julgue às pessoas das periferias obreiras marginadas desde a minha posiçom de privilégio de pessoa que pudo estudar na universidade sem ter que currar no entanto para sobreviver, mas eu também som de bairro e sei que a cultura de bairro nom se reduz a todos os estereotipes que reflete o trap, o bairro também é compromisso político, o bairro também som as mulheres dobremente marginadas sobre as que recaem, além das mesmas condiçons socioeconómicas ter que ocupar-se dos cuidados e trabalhar ao mesmo tempo. O bairro também é cultura de apoio mútuo e solidariedade entre vizinhas, o bairro é auto-gestom e fazer-lhe frente ao capitalismo e nom idealizá-loo porque melhorasses minimamente as tuas condiçons materiais.