Pomba Lugilde é umha directora, actriz e pedagoga teatral galega. Coa sua companhia de teatro Producións Paloma Lugilde leva os proxectos da Escola de Teatro e Dança Palimoco e Palimoco Teatro (a parte infantil) e Teatro baixo da area (a linha de investigaçom). Pomba também estivo a cargo da aula de teatro da USC-Lugo e exerce um importante labor no eido do teatro social, trabalhando com presas de centros penitenciários, com Amnistia Internacional e com pessoas com síndrome de Down.

Que é o que te leva, como criadora cénica, a participar em projectos com umha vertente social?

Sempre acreditei no teatro social, bebim e bebo muito da filosofía do Odim Teatret, do seu sistema de troco. Creio que ganhamos todos e todas. E acho que umha sociedade sem teatro está morta.

Trabalhache durante anos com presos do Centro Penitenciário de Teixeiro (além de em diversas prisons do estado espanhol tempo despois). Como surgiu o projeto em Teixeiro e como foi essa experiência?

Surgiu graças ao convite da minha amiga Teresa, do grupo musical A Quenlha. É algo do que lhe estarei mui agradecida sempre. A ideia, em principio, era dar algumhas aulas os domingos polas manhás no módulo de homens da UTE (Unidade Terapéutica). Sempre fomos como voluntárias, nom era um trabalho remunerado nem subvencionado. Eu focava as sesons como no resto dos obradoiros que realizo: adestramento atoral, construçom da personagem… Depoís o projeto converteu-se em algo mais grande.

Este método atoral do que falas centra-se muito na fisicidade, na dança, e no teatro antropológico. De que jeito respondiam eles e como evoluiu o trabalho? Surgírom projetos a posteriori?

Ao principio chocou-lhes muito o meu jeito de trabalhar e olhavam-no com certo receio e incredulidade, mas finalmente formamos um verdadeiro equipo.

Montamos sketches a partir da obra Morir de Sergi Bebel que, críamos, poderia expressar muito do que eles sentiam nesse momento. Ese anseio de escolher quê camimho tomar umha vez a vida te pom aí. Ter a oportunidade de escrever o guiom da tua vida.

Representárom essa obra em diferentes institutos, fazendo colóquios co alunado. Depoís tínhamos o problema de que muitos deles nom podiam sair da prisom para agir nos institutos polas características da sua condena, entom também trabalhamos com Conto de Nadal para interpretar para as famílias. Foi incrível. Cumpre destacar que algo que nos pode parecer singelo de conseguir fora, como roupa negra, a pintura, e todos os materiais que precisávamos…volve-se algo difícil de conseguir.

Que significou para ti como mulher conduzir um grupo exclusivamente de homens? 

Abraiárom. Ademais, eu som mui pequena fisicamente. Eles eram 18 homes, a maioria bastante novos. Creio que nom esperavam isto. E eu tampouco sabia mui bem o que ia passar, tinha preparadas cousas mas foi sobre todo o improvisar e o saber escuitar o que diziam, a escuita também dos seus corpos e sobretodo das suas miradas o que foi marcando o caminho.

A este respeito, Anne Bogart di que, como diretora teatral, cumpre aceitar a falta de controlo para precisamente poder abrangê-lo. Pensas que a figura da diretora encarna dum jeito intrínseco umha figura de poder polo feito de tomar decisons por outras?

Nom falaria tanto de poder como de abertura a todo o que se move no equipo. A diretora e o diretor tenhem a obriga de tentar ilusionar co projeto. Ora bem, é normal ter moitas dúvidas porque umha está em continua aprendizagem. Também, como assistente de outros diretores, vejo que o mais difícil sempre é conseguir a confiança do equipo. Se há confiança real, todo flue. A diretora ou diretor também precisam dos seus tempos para poder recolher a proposta, para ver o invisível no visível do trabalho da equipa. Umha maneira de fazer que se move ás vezes em areias movediças, em processos de investigaçom, em tempos.

É vital e terapéutico que as pessoas que se econtram isoladas disponham de ferramentas para desenvolverem-se artisticamente. Viche umha evoluçom nas pessoas coas que trabache em Teixeiro? Viche umha evoluçom em ti? 

Vim, sobretodo em mim. Neles vim umha evoluçom de respeito entre si, comigo e co trabalho.

Em mim cambiou a maneira de ver as cousas, porque nunca se vem desde fora como se vem desde dentro. Em percatar-me da mimha própria responsabilidade com cada cousa que fago e como umha pode influir na vida das pessoas (para bem e para mal). A ver as pessoas no tempo presente. A vida é mui longa, e todas nos podemos ver aí em qualquer momento. E é mui fácil julgar desde fora. A dia de hoje tenho a sensaçom de que falhei por nom continuar, às vezes sinto-me culpável. Houvo momentos de incerteza, de nom saber como ilusionar. Também houvo momentos mui duros.

Numha carta que me escrevia um deles punha-me: “Sincero som ao dizer-che que ao principio tinha as minhas dúvidas, que esta nobre arte nom era para mim, e fôrom muitas as vezes que pensei em deixá-lo. Mas foi a tua perseverância, os teus ânimos, a tua força e o todo o apoio que me ofereceche polo que, aos poucos, isto do teatro foi qualhando em mim. Obrigado por me tratar com respeito, ainda sendo quem som e econtrar-me onde me encontro…”

Estas som algumhas dessas palavras que guardo dum deles. Mais, depois de todo, cuido que som eu a que lhes tenho que estar agradecida, e a Teresa por deixar-me estar.

Espero algumha vez poder voltar.

Tens um gosto particular por García Lorca. Na tua última produçom trabalhas co poemário Poeta em Nova York no que o autor, depois da sua viagem aos Estados Unidos, expressa a sua aversom cara ao capitalismo e a industrializaçom. Por que escolheche encenar este texto?

Levo unida a Lorca desde há muito tempo. Dumha ou doutra maneira, o teatro que dirigim até agora sempre me fai voltar a ele. Tal vez porque desde o primeiro momento me apreijou o coraçom.

A primeira vez que lim Poeta remexeu-me mas nom o comprendim. Reconheço que fiquei na superfície e nom baixei aos infernos.

A oportunidade chegaria em 2006 como diretora da companhia de teatro da USC-Lugo. Vinha de montar Joan (sobre a vida de Victor Jara através da sua mulher, Joan Jara), Mae (baseada em Mae de Máximo Gorki) e Km 526 (baseada n’As Costureiras de Claudio Rodríguez Fer e com umha dramatúrgia saída fundamentalmente da hemeroteca e das famílias represaliadas) E lim O Público. Fascinou-me desde o primeiro momento: aquelas palavras, aquele texto, aquelas personagens semelhavam-me tam próximas, tam humanas… Busquei, documentei-me e acheguei-me por primeira vez ao teatro irrepresentável de Lorca.

Em 2019, a companhia que dirijo desde há vinte anos (estes trs últimos sendo também a produtora) dá um passo para diante na procura de textos que estimulem a nova equipa. Por isso, que melhor que seguir o ronsel lorquiano com Poeta em Nova York para fazer agromar outro «teatro baixo a areia» lorquiano, coa necessidade de fazer que a verdade saia à luz nos teatros.

Nos espetáculos baixo a tua direçom sempre há umha relaçom mui íntima entre atriz-espetadora e ambas compartilham o espaço cénico. Por que?

Acredito na viagem e na respiraçom entre a atriz/ator e o público. Quero conseguir que o público esteja na vida como o ator e a atriz o estám. Adoro como começa O Público de Lorca:

– Senhor

– Qué?

– O público

– Que passe

Em que outros projetos estás a trabalhar na atualidade?

Ando com varias cousas em mente pero agora centrada no final da Escola e nas dramatúrgias de textos como Scorpio de Carvalho, Umha historia de Labirinto no Paço de Tor ou a partir do tema da emigraçom. Também umha versom Romeu-Julieto/ Romea-Julieta para o grupo Down Lugo.

Estou em processo coa produtora profissional.

Sabemos que a negligência institucional está pondo as cousas mui difíceis para a cultura, sobre todo as artes vivas. Qual é a perspetiva para o teatro galego perante esta crise sanitária?

Seguir…


Obrigado por compartires o teu tempo e estas experiências connosco, Pomba.