O preso político vasco Patxi Ruiz leva 18 anos na cadeia, dispersado a centos de quilómetros da sua aterra, em prisons como Soto del Real, Almeria, Puerto de Santa Maria, Huelva o Valdemoro, e boa parte destes anos estivo em galerías de isolamento. Na atualidade encontra-se na cadeia de Múrcia, onde o passado 11 de maio deu inicio a umha greve de fame e sede. Para achegar-nos à sua situaçom e reivindicaçons conversamos com Iñigo Muerza, que forma parte do seu grupo de familiares e amizades.
Como se encontra Patxi depois de tantos dias de greve?
Temos que dizer que a dia de hoje, 27 de maio, Patxi leva já 16 dias de greve de fame, dos quais os 12 primeiros passou-nos fazendo greve de sede também. Entom, ainda que a situaçom se estabiliza-se um chisco ao verse na obriga de beber auga, queremos remarcar que a sua situaçom segue a ser grave. Logo, a nível anímico, a pesar de que a voz se lhe nota cansa, como é lógico, queremos dizer que se encontra bem, e saca mesmo forças para mandar-nos ânimos a nós.
Que desencadeou a decisom de auto-lesionar-se e dar começo à greve de fame e sede?
Os feitos concretos começam com umhas concentraçons que Patxi junto a outros presos do módulo 8 da cadeia de Murcia II começam a fazer a raiz da crise da pandemia do Covid-19, reclamando uns direitos que eles consideram fundamentais e muito básicos. Entre outras cousas, a liberaçom dos presos enfermos, presos aos que lhe queda pouca condena, também pediam medidas de seguridade para eles como luvas e máscaras, que se garantisse os seu direito a ter comunicaçons, etc.
Creio que ao quarto dia de concentraçons, das quais Patxi todo o tempo sublinhava que eram pacíficas, silenciosas… umha carcereira ao subir às celas pediu-lhe o cartaz, ao que ele se negou dizendo-lhe que era o seu direito concentrar-se no pátio e di-lhe que se quer colher o cartaz que o tem na saca mas que el nom lho vai dar. Ela colheu-lho e Patxi pediu-lhe o número de identificaçom, ao que ela se negou. Entom aí começa todo. Patxi sobe à cela e ao cabo dum anaco sobe a carcereira acompanhada do chefe de módulo, e dim-lhe que lhe vam dar a identificaçom mas começam a ameaçá-lo. O chefe de módulo di-lhe entre outras cousas que já se vai inteirar do que vai passar, que o vai passar muito mal, e bem aí é quando começa umha escalada de tensom. Patxi ante essas ameaças fai-se uns cortes no brazo a modo de protesta, isto quijo deixar-no-lo muito claro desde o começo. A raiz desses cortes levam-no a enfermaria e ali tem outro choque co médico da cadeia, que nom atende a Patxi como ele considera. Nesse momento o médico di-lhe que nom o quer atender e di-lhes aos carcereiros “llevaros a este mierda de aquí”.
A Patxi leva-no de novo à cela e depois, mais tarde, volvem saca-lo já co director e o subdiretor de seguridade da cadeia, com os que tem umha conversa mui tensa em tom ameaçante. Nesse ponto de tensom e ansiedade decide pôr-se em greve de fame e sede.
Estes diríamos que som os feitos que o empurrárom a tomar essa decisom, mas em todo caso queremos remarcar que isto nom é um feito isolado nem casual, senom que tem um percurso. Patxi leva já 18 anos anos na cadeia, com todo o que isto supom. Todas conhecemos bem que as cadeias espanholas som centros de extermínio desenhadas para aniquilar as pessoas a todos os níveis, e em caso de militantes políticos como é o caso de Patxi essa estratégia está muito mas refinada, aplicando medidas de excepçom dentro do que é já a excepcionalidade da cadeia. E como dixem, a Patxi detivérom-no em 2002 e, depois de sofrer brutais torturas durante cinco dias a maos da Guardia Civil, passou durante estes 18 anos por diferentes prisons. Também como amigas e familiares de Patxi queremos dizer que ao longo destes anos ele entendeu a cadeia como um espaço de luita e que neste sentido ele nunca deixou de denunciar e protestar contra os abusos e injustiças que se vinhérom dando tanto contra a sua pessoa como contra os seus companheiros, tanto políticos como Sociais, e isso na cadeia tem um custo engadido à própria dureza que já tem a prisom. Todo isso a ele levam-lho fazendo pagar durante todos estes anos. Estes últimos feitos som a pinga que colma um copo que estava bastante cheio.
A atitude da prisom cara a ele, mudou em algo ao longo destes dias?
Pois da cadeia nom pudemos aguardar nada bom, primeiro porque como familiares e amigos já conhecemos um bocadinho o que é a prisom de Murcia II, e segundo pois porque hai que lembrar que o mesmo director da cadeia estivo implicado nos feitos que levarom a Patxi a por-se em greve de fame e sede. No canto de para as ameazas que verteu contra el o jefe de módulo, o que fixo foi sumarse a essa dinámica ameazante, assím que nom podíamos aguardar rem. Mas mesmo assím vimo-nos um pouco surprendidos pola atitude que tivo a prisom. Primeiro hai que dizer que nom lhe fam nim caso a Patxi até o terceiro ou quarto día, coa excusa de que eles nom sabíam que estava em greve de fame e sede, o qual evidentemente é mentira porque, primeiro, Patxi já o comunicou desde o primeiro dia mediante instância ao julgado, e segundo, porque desde o primeiro dia também começárom a chegar faxes e chamadas à cadeia denunciando esta situaçom. Polo tanto, era mentira e, tendo em conta que umha greve de sede somada à de fame pode ser questom de cinco ou seis dias, a cadeia nom se comunicou com ele a este respeito até o terceiro ou quarto dia. Isso para começar, o qual já nos parece muito grave.
Nós temos muito claro que a vida de Patxi à cadeia nom lhe importa rem e estám-no-lo a corroborar os feitos. Por outra banda, em quanto à atitude da cadeia também temos que dizer que os advogados, que fôrom a comunicaçom direto e os que podem ter contato mais fluido com Patxi já que em teoria podem comunicar com ele sempre que queiram, recebérom todo tipo de trabas, nom lhes colhiam o telefone, umha atitude que nom facilitou para nada o seu labor. O mesmo com o médico de confiança, quem também tivo dificuldades para aceder aos informes médicos para poder fazer um seguimento do seu estado de saúde e da sua evoluiçom. Por outra banda, também há que dizer que o médico co que tivo o “choque” com Patxi o día de autos, quando lhe voltou tocar ir à enfermaria da prisom a atendê-lo, negou-se a fazê-lo, estando Patxi com um estado de saúde muito delicado, já que isto ocorreu quando levava arredor dumha semana sem comer e sem beber.
Logo também nom houvo nengumha facilidade por parte do julgado da Audiência Nacional . Há que dizer que Patxi quando levava mais dumha semana de greve de fame e sede mostrou-se disposto a nom pôr trabas a que o levassem ao hospital, sempre que fosse mediante auto do juiz de Vigilância Penitenciária da Audiência Nacional, e esse auto ainda nom chegou. O julgado, sabendo isso, ainda nom o tramitou. A Patxi sacárom-no ao hospital com um auto do julgado de Mula, e isto é um dado que aos advogados surprendeu-nos bastante. É umha cousa inédita, totalmente estranha. Foi o julgado de Mula quem ditou o auto para hopitalizar a Patxi e ele, pensando que era da Audiência Nacional, nom pujo trabas para que o hospitalizassem. Foi no hospital quando se deu conta de que o enganaram e que o auto nom era da Audiência Nacional, diante o qual pediu a alta voluntaria e foi levado de novo à cadeia.
Som feitos que demostram um pouco qual está a ser a atitude, tanto da cadeia como do julgado, e bom, pois para dizer em positivo praticamente nom há rem, salvo que Patxi nos dixo algumha vez que alguns dias a atençom foi boa. Segundo o médico que esteja, a atençom e o trato estám a ser corretos, mas é o mínimo que se pode aguardar quando um está em greve de fame e sede, e a cadeia já sabe que de certo dia em diante essa pessoa pode morrer em qualquer momento. Com todo, eu também queria dizer que se nom é pola pressom que exercemos a familia e advogados, e sobre todo, a pressom de toda a gente que estivo a chamar à cadeia todos os días e mandando faxes ao julgado e à cadeia, tememo-nos que a atitude igual poderia ter sido mesmo pior.
Que condiçons teriam que mudar para que Patxi deixará a greve?
Para responder a isto passamos-vos as reivindicaçons que ele mesmo nos fijo chegar ponto por ponto. Primeiro queremos dizer que Patxi exige que a cadeia assuma a responsabilidade que tem nesta situaçom e que garanta a sua seguridade e integridade. A este respeito e já indo às reivindicaçons, a primeira é denunciar e exigir que se suspenda a atitude que mantém o diretor, o médico e os carcereiros, é dizer, o fim das ameaças, as malheiras e os insultos. Segundo, deixa claro que a sua luita é política, e pom como condiçom para sair vivo ser trasladado a Euskal Herria e junto a ele o resto dos presos políticos bascos e bascas. Terceiro, que todos os presos políticos que nom sejam de Euskal Herria sejam achegados o máximo possível aos seus lugares de residência. Para rematar, Patxi quer expressar todo o seu carinho aos luitadores e luitadoras que permanecem firmes, também a esses do EPPK (Coletivo de Presas e Presos Políticos Bascos) que estám a manter com firmeza os princípios e ideais que os levárom à luita. E junto a estas exigências, Patxi quer fazer chegar umha forte aperta e o seu agradecimento a todas as pessoas que agitarom Euskal Herria e o apoiárom. Queremos lembrar que Patxi nom se encontra dentro do Coletivo de Presos Políticos Bascos e que já no seu día mostrou o seu desacordo com o que é a linha oficial da esquerda abertzale.
Este feito fijo-os saber com os seus motivos a través de uns escritos que fijo públicos. Em todo caso, isto nom foi impedimento para manter umha boa relaçom com os companheiros de prisom do EPPK. E a respeito das reivindicaçons, isto já mais a modo pessoal, creio que ele o que está a fazer é mandar um aviso da gravidade da situaçom que se vive nas cadeias, e em concreto, sobre a urgência e necesidade de que os presos políticos bascos sejam levados a Euskal Herria.
Lembrou-se também, por suposto, dos militantes políticos de outras naçons que se encontram dispersados. Eu creio que isto é um aviso, umha chamada de atençom, que está a fazer dumha maneira muito crua, mas o positivo, na minha opiniom, é que a gente assim o está a entender, e de algumha maneira, com toda esta mobilizaçom e esta ola de solidariedade que houvo, a mensagem que lhe quere devolver a Patxi é que colhe o seus testemunho e que se fai cárrego da sua luita. Eu, como amigo, creio que isso pode ser chave para dar umha soluçom satisfatória, primeiro para Patxi, e depois para os presos e para nós.
Umha das reivindicaçons de Patxi é que o trasladem a Euskal Herria junto às demais presas e presos políticos bascos. Todos os anos se fam grandes mobilizaçons na rua arredor desta reivindicaçom. Credes que se estam a dar os pasos nesse sentido? Há umha aposta política real para rematar coa dispersom?
Eu só podería dar umha resposta a nível pessoal,, e neste caso estou a falar em nome da família e amigos de Patxi. Creio que é umha resposta que deveria dar Patxi em todo caso, que é o que deu começo a esta luita. E nesse apecto, só me resta dizer que para quem nom o saiba, ele enquadra a sua atividade política e militante no Movimento pola Amnistia e contra a Repressom, que se enmarca fora da linha oficial da esquerda abertzale. Nesse aspeto, como che digo, é umha pergunta que em qualquer caso corresponderia responder a Patxi, já que cada um dos seus amigos e familiares seguramente tenhamos a nossa opiniom do assunto, e ademais, é algo que teria muitos matizes.
Como estades vivendo vós, como amigas e familiares de Patxi toda esta situaçom?
Com bastante angustia e muita tensom, sobre todo ao comezo, quando estivo em greve de fame e sede, sabendo que a greve de sede engadida à de fame é umha questom de poucos días. A pressom era muito grave nesse aspeto. Para nós foi um tralhaço o dia que soubemos que se pugera em greve e de todo o que passara, e de aí em diante começou umha carreira a contra-relógio, que era, como che dixem, questom de dias.
O primeiro era saber em todo momento como se encontrava Patxi, qual era o seu estado de saúde, a atençom que estava a receber… Aí encontramos muitas dificuldades. Para começar, a cadeia nom aplicou desde o primeiro dia o protocolo que se deve aplicar nestes casos, com a escusa de que eles até o terceiro dia nom sabiam rem, polo que nom estava a ser atendido como é devido. Depois também tivemos dificuldades para que o médico de confiança pudesse aceder aos informes de Patxi. Nom lhe deixárom comunicarse com ele diretamente, e nesse sentido houvo muitas trabas.
O estrês que nos gerou todo isto foi muito grande, engadido a que estamos intentando encontrar umha soluçom satisfatória para a luita de Patxi. Foi, resumindo um chisco, umha mestura de sentimentos. Um pau muito grande ao começo, depois angústia em certa maneira, e muita raiva também pola atitude que está a ter a cadeia.
A luita que está a levar adiante Patxi está a remover as ruas enchendo-as de solidariedade em Euskal Herria, Galiza, Madrid… passando por Venezuela, Argentina e Irlanda. Como estades a sentir vós essa solidariedade? E Patxi?
Queremos remarcar que toda a solidariedade que estamos a receber está a ser impressionante, tanto em Euskal Herria como fora dela. Por suposto nom nos esquecemos de todo o ânimo que está chegando desde Galiza. Se há algo que realmente nos está a dar forças para gerir toda esta movida é a solidariedade que nos está a chegar. Com respeito a Patxi, ele já pergunta como está a rua, se a gente está a mover-se… Nesse aspeto pede informaçom sobre todo o que está a passar, e dalgumha maneira por telefone estamos a fazer-lho chegar.
Eu creio que todo isso, na duríssima situaçom que está a sofrer, está a dar-lhe muitas forças. Assim que nom nos resta mais que agradecer-lho a toda a gente que desde o começo e de forma incondicional vos debrocastes com ele, e em concreto queremos enviar um saudo muito grande a toda essa gente da Galiza que se está a somar à luita de Patxi, que é a luita de todas as presas e presos políticos. E para acabar queremos enviar também um saúdo muito grande para Patxi, que saiba (e sabe-o) que estamos com ele. O mesmo a todos os presos e presas políticas bascas e do mundo. E por suposto um saúdo muito grande a quem, na Galiza, estades a luitar pola liberdade do vosso povo. Ânimo, Eskerrik asko e vemo-nos no caminho!