Rematárom os tempos de certezas. Como afirma Zizek, já nom há umha só alternativa; agora, manejam-se mais opçons. E, mália que todo pode ir a pior (ecofascismo, na geopolítica internacional; nova Transiçom, ainda mais condicionada polo franquismo que a primeira, no Estado espanhol), todo aponta a que o próprio conceito de “normalidade” está a ser posto em questom na crise sistémica (sanitária, ambiental, social, económica) que vem. Os horizontes mas também os abismos, abrem-se.
No Reino de Espanha, a podrémia do “Estado das autonomias” acompanha ao progressivo descrédito da monarquia borbónica; na última década, e sempre neste contexto, na Galiza apreciamos mudanças em torno à percepçom dumha parte da populaçom (na mocidade, mormente) verbo da nossa realidade dependente e subsidiária. Recentemente, umha sondagem feita em pleno andaço, deixou-nos alguns indicios de interesse: quase o 55% elegeria ampliar o “status” da autonomia atual, quer ao modelo federal (+35%), quer a um vieiro cara à independência (19%). No Estado espanhol, só Catalunha, Euskadi (que duplicariam o nosso sentimento indepe) e Navarra por mui pouco, superariam este deveço de ir mais alá. Pola contra, Galiza estaria mui perto de Catalunha, Euskadi e Navarra no tocante a rejeitar qualquer involuçom no eido territorial. Em definitiva e com todas as precauçons que se queiram, semelha que se estaria a configurar um espaço soberanista, no que poderíam confluir o federalismo e o independentismo galaicos, com umha ampla margem para a açom social e política na nossa terra.
Estamos em tempo eleitoral. Desejo-lhe ao BNG um bom resultado, porque será decisivo para desalojar ao PP da Xunta; e isso, nom é pouco. Porém, também entendo que o Bloque decidiu que “agora nom toca” superar o atual marco autonómico tutelado e desvalorizado, tal e como arela umha boa parte do povo galego. Digo-o sem acritude e sem pretender interferir nas suas expectativas o 12-X; nom obstante, como aponta Causa Galiza, “a gestom autonómica carece dos instrumentos de decisom política necessários para enfrentar com garantias o que vem acima”; algo que resulta ainda mais evidente se partimos da atual estratégia recentralizadora, na que coincidem os principais partidos políticos hispanos. Daquela, mesmo no melhor dos casos (bi-tripartito na Xunta), a rutura democrática co regime do 78 desde a perspectiva nacional, situando a conquista da soberanía no horizonte político imediato, continua a ser pertinente.
Nom digo nada novo se afirmo que artelhar dissidências em comum na Galiza tem enormes dificuldades, habituados como estamos a que todo vaia polo rego. Porém, umha vez que a gente supere o medo paralisante do andaço e se apóprie do espaço público, as anomalias (no sentido desobediente, de quebra da “normalidade” imposta, co que Xurxo Souto utiliza o termo) confrontadas co neoliberalismo consumista e depredador no que estamos mergulhad@s, podem propiciar um ambiente adequado para transitar por carreiros que superem a divisom intrínseca ao eido eleitoral e partidista.
Em consequência, sem obstaculizar o devalar interno de cada umha das organizaçons políticas existentes, acredito na sementeira de areias de diálogo e colaboraçom (já propostos por César Caramês) para alentar um potente movimento germinal a prol de todas as nossas soberanias; desde abaixo, sem tutelas e sem condicionamentos prévios. Seria, segundo a terminologia que maneja Joseba Sarrionaindía, como umha praça pública valeira na que todo estivesse por construir em mao-comum; um ponto de encontro que sintamos como próprio nacionalistas, esquerdistas vários, anarquistas ou republicanos. Dito em palavras de Henrique Del Bosque Zapata, estamos a falar dum “movimento transversal que vaia desde o mais pequeno centro social até as organizaçons de maior dimensom política e social, passando por pessoas e grupos diversos”. Só assim, co alicerce da quase invisível malha comunitária e cooperativa que suporta o devalar do país, sem desbotar a nengum nem a nengumha insurgente, sairemos das “nosas vaguedades”.
Mais alá.