O Agrupamento Europeu de Cooperaçom Territorial (AECT) Rio Minho e as Eurocidades do Minho anunciam “açons contundentes de protesto” para atingir a “ré-abertura urgente das passagens que comunicam a Galiza com o norte de Portugal”.

Desde o passado 16 de março, perante o avanço da Covid19, os dous estados ibéricos decretarom o encerramento temporário de nove pontos de passagem entre o norte de Portugal e a Galiza. A única via que continua aberta para cruzar ao país vizinho é a que comunica Tui com Valença do Minho, provocando engarrafamentos de até duas horas e arrodeios de até 200 quilómetros que as trabalhadoras transfronteiriças tenhem que fazer para chegarem aos seus empregos.  

Impacto económico e social negativo para a Euroregiom

Segundo o deputado de Ponte Vedra e diretor do agrupamento transfronteiriço, Uxío Benítez, as vilas que fam parte da euroregiom estám “afogadas” polos limites na comunicaçom “o que impossibilita o mantimento das intensas relaçons socioeconómicas entre ambas as margens do rio”. Certamente, a dimensom do problema vira ainda mais preocupante quando analisamos o impacto destas restriçons numa área geográfica artificialmente separada em dous Estados e caracterizada polo seu grande dinamismo social, económico e cultural. Note-se que o tráfego médio diário de veículos pesados de mercadorias e de ligeiros para esta zona fronteiriça é de 47% do total de trocas existentes ao longo de toda a fronteira entre os estados espanhol e português. Além disto, as taxas de desemprego ao longo das duas beiras do Minho som menores do que as médias estatais respetivas, partilhando uma longa e consolidada tradiçom de cooperaçom, assim como um património linguístico, arqueológico, arquitetónico e cultural comum.

“Galiza é uma prolongaçom de Portugal ou Portugal uma prolongaçom da Galiza. O mesmo dá”.

Ramóm Outeiro Pedraio (intelectual e republicano galeguista)

Protestos perante restriçons de mobilidade irracionais

Os dados de pessoas infectadas por coronavírus testemunham um nível de incidência baixo e semelhante entre o norte de Portugal e a Galiza, facto que torna paradoxal o encerramento quase total da fronteira numa etapa de escalonamento caracterizada por uma maior mobilidade. Como pano de fundo, os representantes políticos e vizinhas/os de aquém e além Minho criticam o centralismo madrileno e lisboeta, cego perante um intenso relacionamento que, sob diversas formas jurídicas e políticas, uniu o atual norte de Portugal e a Galiza durante séculos e que hoje vigora como o espaço mais povoado -375.995 habitantes- e dinâmico de toda a fronteira entre os dous estados.

Sinal na fronteira entre Galiza e Portugal. MSN

Os modos de protesto e presom, que estám a ser estudados, procurarám por em manifesto de maneira “simbólica e chamativa” o descontentamento, quer dos líderes políticos, quer da cidadania alvo destas limitaçons de direitos nom justificadas. Ademais, o diretor da AECT contatou com o secretário geral da Associaçom de Regions Fronteiriças Europeias (ARFE) Martín Guillermo Ramírez, com o intuito de que este último comunique o protesto polo encerramento da fronteira à responsável da Comissom Europeia, Ursula Von der Leyen.

Confinamento identitário

O Governo da Espanha, após defender através dos seus porta-vozes -em inúmeras ocasions- que “el vírus no entiende de fronteras”, anunciou na passada semana que as pessoas procedentes doutros Estados, entre eles Portugal, terám que estar confinadas durante quinze dias. Destarte, uma pessoa procedente duma zona com alta incidência de coronavírus, como Madrid, nom terá que fazer confinamento de quinze dias na Galiza por uma simples e a-científica razom: é espanhola; enquanto um vizinho do Porto deverá estar confinado se quiger cruzar o Minho, mália que proceda duma área geográfica com um menor índice de contágio por Covid19.  

Anyol

O estado espanhol, com a sua estratégia militarista, centralista e ineficaz perante a pandemia deixa entrever, no entanto, a razom última que a justifica: a unidade do Estado por cima da saúde pública.