Falamos com Maca, integrante de Bouba Pandereteiras, grupo de mulheres que recuperam a tradiçom musical galega.
Realizades um importante labor de conservaçom e posta ao dia de temas musicais xurdidos nas aldeias de Tordoia, especialmente na Pontraga. Quanto há de tradiçom em Bouba Pandereiteras e quanto de novidoso, dentro dessa fidelidade às origens?
Tal e como nós o entendemos nom há nada mais actual que a música tradicional.
Ademais de aportar-nos um vínculo emocional co que somos e co que nom queremos esquecer, mostra-nos como os problemas sociais de há 100 anos som os mesmos que temos hoje, as emoçons e sentimentos humanos, também som os mesmos. Si que é certo que filtramos certas cousas que já nom se ajustam à sociedade que temos ou que desejamos ter, mas nós fazemos música tradicional.
O arraigo à terra e ao rural está muito presente nos vossos temas. Cara onde credes que temos que trabalhar todas como sociedade neste senso?
O nosso projecto nom teria sentido de nom estar asentado no rural e de nom ter nacido na Pontraga.
Cremos que sem umha comunidade forte e unida na que apoiar o projecto teriamos quedado no caminho há muito tempo. Por isso, nom só atravês das Bouba senom também doutros projectos como a Associaçom Brisas do Quenllo da que fazemos parte, intentamos ser coherentes, contribuir a manter um rural vivo, tecer redes e coidar o mais que podemos a comunidade que nos sustenta.
É fundamental, para nós, fazer trabalho local. Chegamos à conclusom que nom vale de nada entregar-se ao trabalho de base nas grandes cidades se isso supom abandonar a nossa aldeia, a nossa vila. Nom se pode berrar contra o despovoamento e a morte do rural se, conscientemente, contribuímos a ele.
Temos diante nossa, neste momento de crise mundial, umha mostra e umha oportunidade de repensar a opçom de voltar ao rural e reconetar coa natureça, da que tanto sabiam as geraçons anteriores e nós somos grandes desconhecedoras. Os movimentos ecologistas do momento, diante da crise ambiental que estamos a viver, ainda que se mostram potentes, precisam dum rural vivo; precisamos, em geral, dum cámbio de valores e de forma de vida, desde a humildade e o trabalho, sendo conscientes de que é necessaário esse retorno, a nível individual e coletivo.
Que significa o feminismo para vós e em que aspeitos del credes que há que facer especial fincapé?
Falamos de fio transversal que estrutura às Bouba. Para nós o trabalho na conservaçom das redes comunitarias nom quita que se enfoque em que evolucionem e troquem, especialmente naqueles termos de injustiça e desigualdade social. Queremos sociedades justas.
Pode-se pertencer a umha comunidade de estrutura tradicional movendo os marcos sociais, cambiando os paradigmas de pensamento e as atitudes, desde a proximidade, o sentirse um/ha mais, de igual a igual para poder mover umha ideia feminista em rede e lograr chegar ao maior número de pessoas.
Temos o exemplo de mulheres fortes ao nosso arredor, que conseguírom criar filhas com ideais feministas a pessar da sociedade, e agora é a nossa quenda, fica ainda muito por mudar.
O sector da cultura está a ser um dos mais castigados pola pandemia. Xurdírom iniciativas nas redes sociais nas que participachedes, umha delas com o lema #Nonnoscanceles, para lograr o adiamento e nom a cancelaçom dos eventos culturais já programados. Como credes que se pode atalhar este problema?
Gostaria-nos que esta crise trougesse cambios que dem nalgo positivo. Que se valorem as iniciativas culturais que jurdírom estes dias e o necessárias que fôrom. É momento de valorar se a cultura en geral é importante, mas sobre todo a cultura que se fai no país, que é riquísima e superpotente.
A campanha é útil desde o momento no que fai visível um problema estrutural. Sabemo-nos parte dum sector despreçado desde há muito, muito antes desta crise sanitária.
Por umha parte somos conscientes de que há uns orçamentos públicos que já estavam aprovados para umha série de atividades que tinham data, e pide-se que essas atividades nom se cancelem, as profissionais do sector atopamo-nos em condiçons mui delicadas.
Por outra banda, somos conhecedoras de que muito do movimento cultural que se organiza neste país parte de pequenas associaçons e entidades sem ánimo de lucro que trabalham arreo para poder organizar conteúdo cultural, e sabemos que fai falta tempo para que poidam, desde estes coletivos, volver a tomar decisons e reorganizar; nom é fácil nestes casos nom cancelar.
O verdadeiramente importante de todo isto é que esta crise deveria servir para que desde o sector cultural, com todos os seus diversos e variados agentes, pidamos dignidade dumha vez, respecto e apoio polo nosso trabalho.
Já vimos pola internet que o COVID-19 nom imposibilita que ensaiedes, que projectos novos tedes en mente?
Pois, como anunciamos recentemente, estamos estreando o formato trio e trabalhando no que será o projecto novo, com novo repertório, novos formatos…
Também é certo que estamos revisando-nos a nível pessoal. O momento que estamos vivindo fai que miremos mais a fundo ainda como queremos encarreirar o nosso futuro tanto pessoal como artístico. Por isso nom podemos dar nengumha data de cando começaremos a soltar cousinhas novas porque priorizamos tomar con mais calma o processo de criaçom e que o projeto leve a linha que queremos que leve.
Seguiremos apostando por ponher em valor o nosso, desde a resistência mas com calma, o nosso ritmo é o da aldeia… toca ficar atentas às redes.