Entrevistamos o Miguel Penas, secretário a AVV As Marias.
Que classe de iniciativas estades a fazer no vosso bairro para fazer frente à situaçom actual?
O certo é que esta crise da covid-19 apanhou à nossa associaçom num momento de mudança. Uns dias antes do Estado de Alarma ser decretado, nós estávamos em assembleia elegendo uma nova diretiva com o objectivo de dar o relevo à equipa anterior e revitalizar o trabalho vizinhal no nosso bairro. É por isso que, na vez de termos uma actividade mais convencional, com isto da crise lançamos a campanha ‘Precisas algo?’. Umha campanha que, fundamentalmente, se centra nos cuidados e nas necessidades daquelas pessoas mais vulneráveis. Organizamos umha rede de voluntariado no bairro para ajudar e atender àquelas pessoas idosas ou com diferentes graus de dependência.
Umha das actividades foi a projecçom de filmes de mulheres directoras nos edifícios. Que filmes escolhéchedes e de que temática?
Realmente, o das projecçons e os filmes foi quase umha casualidade, o dia que a policia local apareceu pola casa da gente da Unitária, que estám a fazer as famosas projecçons dos Concheiros, decidimos começar também nós. Começamos projectando mensagens de apoio à Unitária e centradas nos cuidados, nas crianças, nas comerciantes e trabalhadoras do bairro, etc… além de dar ánimos à vizinhança e de projectar os contactos da AVV As Marias, por se precisassem algumha cousa.
Os filmes de mulheres directoras foi uma ideia das vizinhas da Travessa do Escultor Asorey, nós já estávamos a colocar alguma curta anteriormente. Gostamos da ideia delas e projectamos também filmes de directoras invisibilizadas em várias sessons. Entre outras temáticas colocamos bastantes desenhos animados, quase sempre clássicos, a pantera cor-de-rosa, Mickey Mouse, mas também alguns soviéticos mudos. Outras vezes adaptamo-nos à temática do dia, como no 25 de abril que projectamos comícios daquela altura e manifestações em Lisboa.
Ademais dos filmes, também projectáchedes palavras de ordem de reivindicaçom social e de apoio à vizinhança. Participou activamente o pessoal do bairro na criaçom desses lemas?
Como já comentei na respostas anterior as mensagens de ánimo e de solidariedade som umha constante. Também as de denúncia ou celebraçom, dependendo da efeméride, e hoje ao estarmos conectados com outro pessoal doutras bairros, que também projecta, pois vam aparecendo mais. Temos algumhas sugestons de palavras de ordem ou frases que chegam das nossas vizinhas e vizinhas e outros colectivos. Digamos que o colectivo ‘Plantando Lumens’ vai em aumento, já em contacto com mais gente da Galiza e mesmo das Astúrias, Alemanha ou Inglaterra.
Por último, credes que sairá fortalecido o bairro, a nível associativo, após a superaçom desta pandemia?
Pois é algo que está por ver, como comentei na primeira resposta, a princípios de março renovamos a diretiva para poder dar descanso à companheiras da equipa anterior e para tentar envolver a mais pessoal no trabalho das Marias. É importante conseguir dar o relevo no tecido associativo para que o esgotamento, normal, das pessoas nom seja motivo para que esmoreçam os projectos colectivos. Ademais, na equipa diretiva atual combinamos novas integrantes com pessoas que já tenhem experiência acumulada no movimento vizinhal ou outros movimentos sociais.
Neste contexto, depois da emergência sanitária tentaremos desenvolver um trabalho social intenso no bairro, para que ninguém fique atrás. Também de denúncia das necessidades dumha zona de Santiago que tem uma populaçom muito aventelhentada e portanto com muitas carências. O nosso objectivo é reforçar a associaçom como projecto colectivo e dinamizador do bairro, desde um trabalho que além de ser altifalante das necessidades sociais também sirva para tercer espaços comuns que vaiam desde a organizaçom das nossas afamadas e tradicionais festas até lembrar e reivindicar a memória histórica das Marias.