Entrevistamos a María Álvarez Hortas, também conhecida como Yupiyeyo, ilustradora e realizadora de audiovisuais que aborda coa sua arte temas como a visibilizaçom da realidade LGBTI e forma parte do Colectivo Minhoco (Miñoco) e fai comics.
Formas parte do Coletivo Minhoco (Miñoco) que une a diversas ilustradoras galegas para promover o seu talento. Que eventos levades a cabo como coletivo?
O coletivo actualmente está bastante parado, porque vam 9 anos desde que o criamos e em geral estamos todos bastante ocupados com trabalho e projectos pessoais. Inicialmente a nossa atividade centrava-se em fazer mostras coletivas e participar em eventos onde pudéssemos vender o nosso material ilustrado, mas agora é algo que fazemos pontualmente umha vez ao ano ou cada dous. Também organizávamos atividades de balde como o Drink&Draw ou similares, pensadas para a difusom da profissom e também como ponto de encontro para profissionais e amantes do debuxo. Atualmente a maior atividade que tem o coletivo é de docência, já que impartimos un curso de cómic de forma regular durante o curso escolar, e desenvolvemos obradoiros de debuxo e ilustraçom ao longo do ano.
Temos falado de reunir-nos para dar-lhe umha volta ao enfoque do coletivo mas é complicado, andamos sempre com muito trabalho e muitos de nós também colaboramos na organizaçom do Autoban, o festival de autoediçom de banda desenhada que se celebra na Corunha, que nos quita bastante tempo. Eu gostaria de recuperar algumhas atividades e, sobre todo, o fanzine coletivo Compota de Manatí, mas haverá que aguardar a um momento no que tenhamos forças e tempo para levá-lo a cabo.
No 2018 criache os cartazes do Entruido da cidade da Corunha. Nalgúm deles saiam Drag Queens e noutros curas. No caso das Drag Queens, querias visibilizar esta realidade e também mostrar umha visom pessoal da mesma?
A minha intençom com esta série de cartazes era representar as diferentes formas de entender o entruido. Por umha banda, o entruido tem muito de crítica ao poder e as instituiçons, é umha festa pagá e com muita retranca, por isso triunfam desde sempre disfarces relacionados com o mundo da política ou das religions. Mas nom é nada novo, de feito, o cartaz no que sai o cura nom é mais que umha representaçom do Enterro da Sardinha corunhês, do que tomei referências atravês de diferentes fotografias da prensa. E tanto o meu cartaz como o que figera Guitiám o ano anterior somente reflectiam umha realidade, nom tinham umha intençom especialmente satírica contra a igreja.
E por outro lado, o entruido também é umha homenagem a aquelas figuras, reais ou fictícias, das que gostamos e que admiramos. E por ai vam os cartazes das heroínas de ficçom e das drag queens. No primeiro foi um pouco o contraponto aos típicos disfarces infantis, dos seus herois favoritos, que geralmente soem ser figuras masculinas. E no segundo, queria homenagear as drag queens dumha forma especial, já que é mui típico dos homens heterosexuais e cis travestir-se nessas datas, mas que muitas vezes leva-se a cabo dumha forma burlesca e pouco respeituosa. E ainda que non tenha tradiçom em Galiza, as drag queens estám também vinculadas ao entriido, como no caso das Ilhas Canarias.
Por outra banda, com os cartazes de curas, gerara-se muita polémica. Crês que se foi demasiado longe neste sentido?, julga-se dum jeito implacável o humor menos politicamente correto na atualidade?
Creio que é um tema complexo que mais que ter a ver com o humor politicamente incorreto, tem que ver com como está a evolucionar a sociedade em certos aspeitos. Antes fazia-se humor sobre temas mui delicados e ninguém o recriminava nem pensava nas consequências que podia ter, cousa que tampouco é necessariamente boa. Agora mesmo há umha maior consciência arredor de coletivos minoritários e marginais, que historicamente fôrom esmagados polo humor, e que esse humor perpetuava preconceitos arredor deles. Creio que o problema é que a gente, em parte pola ultraconetividade que oferecem as redes sociais e internet, fala ou escreve primeiro e nom reflexiona acerca do significado dumha piada, dum texto ou dumha cançom. E por outro lado, o poder estabelecido apoia-se nesta corrente generalizada de sentir-se ofendidos, e aproveita para arremeter contra essas cousas que nom das que nom gostam ou que considera perigosas.
De tudo isso surge o debate dos limites do humor, que eu acho muito interessante. Para mim, o contexto é algo muito importante quando se trata de fazer humor. O humor ainda é uma forma de comunicaçoom na qual estám envolvidos mais elementos do que a própria mensagem, como o interlocutor e o contexto. E o último é frequentemente esquecido. Por exemplo, umha piada sobre pedofilia, que pessoalmente nom me zombaria muito, entre um grupo de amigos que nom aprova essa prática, suponho umha piada inofensiva, mas a mesma piada numha reuniom da igreja teria uma aparência bastante diferente.
No entanto, som totalmente contra a legislaçom sobre humor ou palavra, em qualquer caso deve ser o comediante que avalia o que ele deve dizer ou nom, e a pessoa que recebe a mensagem terá que se distanciar e nom considerá-la como algo pessoal. Mas quem fai humor também deve assumir que, se outra pessoa nom gostar, ela terá todo o direito de se manifestar contra. A liberdade de expressom é para todos, mesmo que nom gostemos do que os outros dizem
Também pertences ao mundo da banda desenhada… é mais difícil para uma mulher fazer uma diferença nesse setor tradicionalmente mais masculinizado?
Eu acho que no mundo da ilustraçom em geral nom existe um preconceito tam grande em relaçom aos criadores e, por exemplo, no campo do álbum ilustrado, muitas mulheres trabalham. Sim, é verdade que no mundo dos comics existem muitos mais autores masculinos, mas acho que isso se deve a uma questom histórica e social. Antes, a banda desenhada tinha umha perspetiva totalmente masculinizada, e muitas mulheres nom notavam as histórias ou o modo como eram contadas. Pessoalmente, no círculo em que me movo, nunca me sentim desprezada por ser mulher nem questionado o meu trabalho por ser umha.
Hoje existem muitas mulheres fazendo banda desenhada, mas elas nom tenhem tanta visibilidade porque, afinal, som os autores estabelecidos que som mais relevantes e, exceto em casos específicos, som quase todos homens. Eu acho que em 5 ou 10 anos estaremos muito próximos de umha paridade em termos de criaçom de quadrinhos, nom apenas para a evoluçom do setor, mas também para a evoluçom da sociedade em geral.
Que projetos estás realizando durante esta quarentena daqueles que podes avançar algo para nós?
Bem, agora nom estou fazendo nada pessoal. Tivem a sorte, financeiramente, de trabalhar numha empresa antes da minha quarentena e também sou trabalhadora por conta própria; portanto, na maioria das vezes, faço projetos para clientes e praticamente tudo no campo do desenho gráfico.
Estou tentando retomar o meu projeto cômico “Hay alguien ahí?”, Para enviar para a internet o último volume que editei, mas estou tendo dificuldades para encontrar um lugar para fazê-lo. É umha pena nom ter tempo, porque tenho muitas cousas em mente que gostaria de me materializar, mas, pola minha experiência como freelancer, sei que preciso aproveitar esse momento de trabalho para economizar, porque certamente estám chegando tempos difíceis. Até entom, tenho certeza de que poderei me dedicar aos meus projetos pessoais.