Vimos de escuitar reiteradas vezes por parte dos meios de comunicaçom de massas que temos que agradecer às artistas que nos entretenham durante o confinamento. É a cultura um passatempo? Bom, há um tipo de cultura que tem por vontade entreter às espetadoras, sem ningum objetivo mais alá. Isto nom tem nada de malo e todas consumimos este tipo de cultura. O problema, penso eu, está em identificar toda a cultura como um simples entretemento. Albert Camus, Simone Weil, Rosalia de Castro ou Eduardo Blanco Amor, por citar alguns nomes, nom escreviam (só) para nos divertir. As suas reflexons som quase sempre incómodas, cousas que nom gosta ouvir, mas que é necessário pôr de manifesto.

Sem elas, muitos dias teriam-se feito mais longos, sem dúvida, mas o que quero pôr de relevo é que sem elas as vozes das deserdadas ficariam um pouco mais silenciadas, as nossas vidas careceriam um pouco mais de sentido e o nosso pensamento, quiçá, seria um pouco menos complexo. O mesmo que dixem para as escritoras valeria para Jimi Hendrix ou as músicas populares das aldeias e a lista de artistas e disciplinas seria interminável. A experiência cultural consegue fazer-nos partícipes da história da humanidade e da dos nossos povos e tece fios que nos conectam com as nossas raízes e com as das outras. Por isso, cada vez que nos aparatos escuites que as artistas nos estam entretendo, apagha a tele -ou melhor já tíra-a pela ventá-, como diriam as de Dios Ke Te Krew, e dá-lhe canha à guitarra, à pena, ao sacho ou à ferramenta com a que te expresses melhor! Porque também, a cultura é do povo e nom se pode deixar em mans dumhas quantas! E ainda que escrevas de jeito inconexo e mistures varias ideias diferentes num mesmo texto, seguro que tes algo interessante que expressar! Isso sim, primeiro repara nas que o fam bem, e nunca tomes este texto como exemplo. Saúde e Primavera!