Falamos com Ricardo Castro, Secretario Geral da CUT, arredor do 1º de Maio e da vulneraçom do direito de manifestaçom e liberdade sindical coa recente proibiçom da Caravana de Carros convocada para a vindoura sexta-feira em Vigo como fundo.

O lema da CUT para este 1º de maio é Capital Vs Vida, que se quijo fazer visível com esta escolha?

A nossa proposta é visibilizar que o capital e a vida digna som conceitos dialéticos, antitéticos. Dentro do sistema capitalista fai-se imposível que as pessoas tenhamos umha vida digna, e quando falamos de vida digna nom o fazemos, obviamente, em termos capitalistas. Para nós a dignidade nom é ter um salário que permita medrar na roda do consumo, senom ser homens e mulheres livres, com capacidade de compromisso, coas nossas necessidades vitais (trabalho, cuidados, cultura, lazer…) cobertas.

O estado de alarme obrigou a artelhar o 1º de maio dum jeito diferente e na CUT achou-se preciso fazer presença nas ruas. Qual foi a proposta e por que?

Desde que o Estado espanhol decretou esta situaçom, produziu-se um fenómeno de reduzionismo crítico, começou a mover-se todo numha dialética de guerra e baixo o mantra da unidade de Espanha e de todas a umha. Desde a CUT fomos conscientes de que esta estratégia tem por finalidade imobilizar-nos na alienaçom para, depois da saída do COVID-19, impor um neoliberalismo selvagem que leve à recuperaçom da sua plusvalía. Para nós, era vital romper co discurso dominante e mandar a mensagem de que seguiremos nas ruas, nom imos calar, daí a convocatória da manifestaçom rodada que nom implicava contradiçom nengumha cos critérios sanitários, sim cos ideológicos.

O TSXG vem de desestimar o recurso interposto pola CUT contra a resoluçom da Subdelegaçom do Governo de Pontevedra que acordava a proibiçom da manifestaçom convocada para o 1º de Maio. Que leitura fas disto?

Claramente umha leitura política, nom existe a separaçom de poderes e há umha clara ordem do ministério do interior, nas maos do torturador Marlaska, de eliminar qualquer oposiçom ou discurso discordante co Estado. Segundo podemos traduzir da sentença nom estamos num estado de alarma, senom de excepçom ou no que eles queiram para cada momento. Aqui nom há nem dereitos fundamentais nem cousa que se lhe pareça. Só se admitem manifestaçons que levem trapos coa bandeira de Espanha e lhes aplaudam às forças e corpos de seguridade do Estado.

De várias organizaçons está-se a denunciar a vulneraçom do direito fundamental de manifestaçom e liberdade sindical, assim mesmo a Cut acaba de interpor recurso no Tribunal Constitucional contra a decisom do TSXG, que expectativas há ao respecto?

O TC é o último recurso, a tentativa de demonstrar coas suas armas que estám a infringir a sua bíblia favorita, a Constituçom Espanhola. Nom sabemos que percurso vai ter dum ponto de vista legal, supomos que estará condicionado polo momento político em que resolvam. Em qualquer caso, a CUT fijo o que tinha que fazer e situou, penso que acertadamente, o centro da questom, que nom é outro que demonstrar que ou pelejamos na rua polo nosso ou vam-nos afogar.

O estado de alarme está a gerir-se desde umha lógica repressiva, sacando o exército e a polícia à rua. Som moitas as imagens que nos chegam de violência cada dia, aumentando cara a sectores que já a vinham recebendo e estendendo-se ao conjunto da populaçom. Cuidas que vem para ficar?

Essa é a clara intençom do governo e todo o teatrinho do Congresso, contando ademais com ministras e ministros da autoproclamada esquerda rupturista. Ontem iniciárom o processo de desescalamento e curiosamente elegem o modelo napoleónico do estado centralista para fazê-lo, a província, um novo exemplo da sua intençom de sair desta crise com mais Espanha e mais capitalismo. Querem conseguir, co seu discurso monolítico, alienar a classe trabalhadora até o ponto de que aplaudam aos mesmos que há uns meses, e dentro de nada, vam estar repartindo violência contra nós. Vem para ficar e haverá que responder neste sentido.

Como achas que podemos enfrentar esta situaçom desde o sindicalismo de classe?

A única saída que temos é a unidade popular e a consciência de classe, com estes dous elementos poderemos artelhar umha contestaçom que deve ser nas ruas e de confrontaçom co sistema, nom há terceiras vias possíveis.