O governo espanhol autoriza no vigorante estado de alerta as consideradas “actividades económicas essenciais”, mas elmina delas a mais essencial de todas: a produçom de alimentos destinada a venda directa. Este é o meio de vida de muitas famílias na Galiza e, em ocasions, um reforço aos ingressos familiares. O feche dos mercados locais deixa na corda bamba os produtores e as produtoras e, de passagem, beneficia a sua poderosa concorrência. As grandes áreas de distribuçom de alimentos multiplicam este dia as suas vendas, alentadas polo estado de pánico. Como nas empresas atingidas por ERES e ERTES, ou no ámbito dos inquilinos que farám greve de aluguer, produtoras chamam ao protesto organizado.
O Sindicato Labrego Galego vem de espalhar no seu web um manifesto labrego, secundado a dia de hoje por mais de um cento de associaçons de todo tipo, maioritariamente entidades produtoras. O mundo labrego da Galiza reflecte indignado neste documento ao comprovar “a sua discriminaçom, mais umha vez, em favor das grandes superfícies comerciais na hora de garantir um bem essencial como é a alimentaçom.”
No caso dos territórios da CAG, a situaçom volve a pôr de manifesto a existência dum governo regional que legisla mui longe do bem comum. Pois, segundo afirmam as labregas, enquanto outras comunidades autónomas autorizam expressamente os mercados de proximidade, “a galega proibe-os.” Se bem é certo que a margem de soberania dos concelhos leva alguns deles a fomentar os mercados locais ou a apoiar o pequeno produtor (caso de Teo ou Ribadeo) a diferença de critério entre administraçons bloca a iniciativa labrega.
A saúde como pretexto
A defesa da saúde está a utilizar-se, neste cenário inédito, para a justificaçom de múltiplos abusos, o mais chamativo a eliminaçom de muitos direitos cívicos. No caso da alimentaçom, é também o argumento da saúde o que fecha os mercados locais para “evitarem-se contágios.” Porém, o SLG e o resto de entidades tenhem umha visom bem distinta da oficial: “os nossos alimentos e os nossos mercados, aplicando as normas estabelecidas polas autoridades sanitárias (…) som mais seguros nas actuais circunstáncias por celebrarem-se ao ar livre ou em espaços amplos como praças de abastos, por nom haver intermediários entre a produçom e o consumo final, por nom gerar aglomeraçons humanas, e por termos, porque assim o exige a normativa, umha melhor e mais completa formaçom em questons higiénico-sanitário.”
Indefensom
Para labregas e labregos organizados, som várias as medidas que um executivo progressista poderia ter decidido na hora de ajudar o pequeno produtor: “a compra pública de alimentos para os serviços sociais incluirem-nos na distribuiçom de cestas de alimentos a famílias que os precisarem, ou incorporaçom dos meios e experiência labregos no reparto domiciliário de cestas de produtos.”
A falta de qualquer medida deste cariz, as redes labregas afrontam a queda abrupta de ingressos, a nulidade do seu trabalho, e mesmo a perda de horas de dedicaçom. Pois enquanto as grandes superfícies trabalham com produtos tratados com agrotóxicos e conservantes, e disponhem de enormes cámaras frigoríficas que permitem conservar o produto para a jeira post-crise, os alimentos frescos e sans da agricultura labrega estragarám-se em poucos dias.
Apesar da evidência dos argumentos apresentados, e de que a activaçom dumha rede de pequenas produtoras poderia supor um alívio evidente para o agro e a vizinhança nestes dias incertos, a direita espanhola afincada na Junta, com os seus aliados do Regime empoleirados no governo central, também aproveitam a crise para reordenar as relaçons de poder: e acumular mais e mais lucros e recursos nas classes dominantes. Neste caso, nas grandes distribuidoras e transnacionais da alimentaçom.
Podes consultar o manifesto na íntegra aqui.