(Imagem: residência Sam Carlos em Cela Nova/ Adiante.gal) Nas últimas semanas tem aumentado a sensibilidade com as familiares e vizinhas que malvivem nas residências de idosas. Medram as vozes que chamam a quem ali vivem ou trabalham e construir um outro modelo de sanidade pública galega. Investigar e conhecer um pouco mais a fondo que é o acontece arredor destas instituçons, desvelar a que intereses responde a actual negligência que atravessam e em geral podermos ter uns mínimos de informaçom sobre o tema, além das qüestons mais espectaculares e sensacionalistas, é o objectivo deste artigo.
Como bem escreveu Garcia Canglini, “nas cisons dramáticas da gente que nom vive onde nasceu”, onde melhor se alviscam, ou um dos lugares onde mais se albiscam, é nestas residências.
Só devolvendo o protagonismo aos actores sociais a ter em conta neste ámbito existe a posiblidade de “reorientar o itinerário” e concebé-lo de outro jeito “como um processo aberto que pode desenvolver-se em várias direcçons”. Se desde este portal tratamos de dar voz a afectadas, trabalhadoras e usuárias, também queremos fazer análise para a acçom.
Censo
Há já quase vinte anos, em 2001 viviriam no nosso país 567.323 personas maiores de 65 anos, que suporiam o 21,04% do total da populaçom (8,5 pontos por cima da percentagem correspondente a 1975), das quais quase o 59% som mulheres. O processo de feminizaçom continua avançando com a idade, pois as que rebassariam os 75 anos suporiam algo mais dos dous terços das pessoas mais envelhecidas.
Segundo datos da UE, a cidade de Ferrol ocuparia o posto 27 no ranking de cidades envelhecidas da Europa; num total de 946 urbes onde maior presença de pessoas de mais de 65 anos há entre as suas habitantes, ao serem o 25,7 % do total. Ourense é a 72.ª do continente (tendo em conta também que arredor do 12 % das habitantes da Província de Ourense superam os 80 anos). Nesse índice as cidades galegas ocupam o seguinte posto: Corunha, 94ª; Lugo, 221ª; Vigo, 242ª; Compostela, 254.ª e Pontevedra, 380.ª
Número de residências e proprietárias
A dia de hoje existem 223 residências, distribuidas de forma desigual por todo o território CAG (nom dispomos de dados da Galiza oriental) De todas elas, a Junta tam só gestiona diretamente 24, as restantes estám, na sua maioria, en maos de empresas privadas. Em torno a um 80% das vagas tenhem umha gestom privada. Há 19.500 vagas em residências de maiores mas nom dispomos de datos de quanta gente as está a atender. Sabe-se que arredor do 90% das trabalhadoras som mulheres, igual que as residentes.
Entre todos estes centros destacam os da “Fundación San Rosendo en Ourense” cumha oferta de ao menos 1.215 vagas (o 93,09% das mesmas na província de Ourense) e entre as religiosas o “Instituto de las Hermanitas de los Ancianos Desamparados” com ao menos 15 residências e 2.216 camas distribuidas por todo o país, que suporiam o 8,98% e o 25,37% das instituiçons e as vagas.
Ademais, trabalhadoras e usuárias apontam a um crescente interesse por parte dos ‘fondos abutre’ na gestom privada destes centros.
A distribuiçom espacial de las residências com fins lucrativos reflexa umha tendência à concentraçom no eixo atlántico, relacionada com a desvertebraçom estrutural que sofremos como naçom, e apesar de que nesta zona do país os índices de envelhecimiento som os menos acentuados.
Acesso a residências
Galiza está à cola no acesso as residências de maiores no Estado espanhol, relacionado isto com que as nossas maiores cobram umha pensom meia das mais baixas do Estado (895 euros). A diferença entre obter um quarto numha residência pública ou concertada ou ter que optar polo sistema privado é considerável. A meia do preço por usuária num centro “público” é de quinhentos euros mensuais, mentres que no caso dos privados o custe varia entre os 1.200 e os 1.950, e muitas superan os 2.000 euros.
Calcula-se que a lista de aguarda para o acesso a umha praça pública oscila entre as 1.500 e as 2.000 pessoas. As províncias da Corunha e Pontevedra enchem practicamente três quartas partes desta lista.
O chamado já por muitas “narcopresidentinho” Núñez Feijoo anunciou há já um ano que se construiriam sete novos centros nas sete cidades dentro do plam “Como na Casa”, o que suporiam 900 vagas mais, anúncio que se enquadra na jeira pre-eleitoral, e na procura de votos num caladoiro especialmente orientado para o PP.
Contravindo a “Organizaçom Mundial da Saude”. Residências, coronavirus e maus tratos.
30 de Março de 2020. As duas residências de maiores da empresa DomusVi na área sanitária de Vigo venhem de ser intervidas pola Junta de Galiza ante o elevado número de contagiadas polo coronavirus que estavam a registar, perto de 200. O centro de Aldám teria-se convertido no maior foco de contágio num centro assistencial de todo o país, ao serem 105 as anciás que dérom positivo em coronavirus, assi como dous trabalhadores del centro, como constatan fontes das autoridades. Até a manhá do dia 30, a Conselharia de Política Social dava conta só da infeçom manifestada em seis usuárias e dous trabalhadores, mas os resultados das análises confirmárom a escalada e contágio massivo.
Desde a Federaçom Galega de Usuários e Residências REDE afirmam que o virus está causando afecçons graves en várias anciás, mentras trabalhadoras da instituçom denunciam nom contar com meios suficientes para protegerem-se, feito que teria levado a renunciar a parte dos membros do serviço de limpeza e a algúm auxiliar de enfermaria recém contratado.
A OMS apontava este passado ano que o ideal seriam cinco o seis internos por cada centro, algo infinitamente longe da realidade que vivem as nossas maiores. Advertia ademais de que o 33% das pessoas recluídas em residências de maiores sofre maltrato. Por outra banda, no Informe do Portal Mayores, número 47, referido a 8 de fevereiro de 2006, o nosso país já ocupava daquela o antepenúltimo puesto por cobertura no Estado espanhol, diante da Regiom de Múrcia e Ceuta.
Mortes evitáveis
Nos últimos dias diversos meios alternativos apontam a falar de crimes. Trabalhadoras anónimas declaram: “(…) deixadez de responsabilidades que nom pode seguir justificando-se por erros ou falta de previsom. Tampouco com as excusas de que nom se consegue pessoal ou nom há posibilidade de mercar material de protecçom porque o mercado internacional acapara. Qualquer explicaçom será inadmisível.”
Em muitas das residências nom há nem test para conhecer os casos com coronavirus. Ademais, muitas das que estám em maos de empresas privadas nom estám a facilitar informaçom. O 37% do total de falecimentos por coronavirus corresponde a pessoas maiores que viviam nas residências.
O cinismo é claro, os direitos fundamentais som vulnerados vulnerados. Quiçá na jeira post-crise o povo passe factura a essa casta política irresponsável que permite que esta desfeita for possível.