Nos últimos dias estamos a receber numerosas denúncias sobre o incumprimento de medidas preventivas contra o coronavirus em diferentes âmbitos, entre eles: as urgências sanitárias ou a atençom domiciliar. Hoje achegamo-nos ao mundo laboral da limpeza, graças ao testemunho dumha trabalhadora da USC, que nos explica quais som as suas condiçons laborais e as medidas adotadas pola Universidade contra esta doença vírica.

G.L. Quantos anos levas trabalhando para a USC, na limpeza? Melhorarom ou piorarom as condiçons laborais nos últimos anos?

Trabalhadora. No âmbito da limpeza levo muitos anos, mas na Universidade nom tantos. Em comparaçom com o que há por ai as condiçons da USC som melhores que na maioria de lugares, que polo geral estám bastante precarizadas como pudem comprovar. As condiçons, nestes últimos meses, estavam a melhorar devido a umha luita com o reitor e com a universidade para que passemos a fazer parte do pessoal laboral, dado que a concessom da empresa encarregada la limpeza acabou.

Concentraçom de trabalhadoras da limpeza da USC. Fot. CIG.

G.L. Como influiu a crise do coronavirus no teu trabalho como profissional da limpeza?

Trab. À crise nom se lhe deu importância até a semana passada quando se começou a falar de paralisar a universidade para evitar o contágio, mas nós estivemos a trabalhar no venres passado como qualquer outro dia, sem material de prevençom, nem nenhum tipo de diretriz a seguir, quando já se decretara o feche das universidades e esse dia o alunado nom acudira aos centros. O pior do assunto é que anteontem, martes 17 foi o dia em que nos proporcionarom o material adequado para trabalhar, e o dia de ontem, mércores 18, proporcionarom-nos as permissons de trabalho para circularmos, por se nos para a polícia. Isto quer dizer que estivemos a trabalhar no luns sen nenhum tipo de medidas, em pleno estado de alerta. Levando em conta a instituiçom que é a USC e o que representa, creio que deveria ser mais ágil perante umha crise de tal magnitude, dado que qualquer trabalhadora pudo ter-se contagiado, e levar o virus às nossas famílias.

G.L. A USC é umha instituiçom pública que deveria ser exemplar no cumprimento dos direitos laborais e na proteçom da saúde das trabalhadoras. Isto é assi? Sentes que podes fazer o teu trabalho com segurança?

Trab. Estes dias várias pessoas com doenças respiratórias e de grupos de risco forom enviadas a casa, mas isto foi já em pleno estado de alerta. Felizmente nom há positivos por Covid, mas si umha pessoa está ingressada com pneumonia. A USC tivo umha capacidade de resposta mui lenta e pobre ante a crise, mas por sorte, nom temos que lamentar nada até o de agora.

G.L. Nestes tempos vemos como vivemos num sistema que trata às pessoas com grande desigualdade. Por exemplo, muitos políticos tele-trabalham, enquanto há muitas pessoas que estám obrigadas a assistirem a trabalhos nom prioritários socialmente para nom perderem o emprego. Tiveste medo de perder o posto se nom assistias ao trabalho para proteger a tua saúde?

Trab. Nunca tivemos medo a perder o trabalho, mas si que a USC chegou a falar dum ERTE se nom se ia trabalhar durante a quarentena. É compreensível que a Universidade queira desinfetar todas as faculdades, mas dá a impressom de que é imprescindível ou um bem de primeira necessidade neste momento, quando agora mesmo nom o é.

G.L. O trabalho de limpeza está mui feminizado e, por este motivo, também desvalorizado. Que pensas que deveria melhorar nas condiçons laborais do teu grémio?

Trab. Esta-se a ver que os trabalhos mais precarizados e pior vistos pola sociedade estám a ser os mais necessários ante a crise, e estase-lhe dando o reconhecimento que merecem.

Manifestaçom das trabalhadoras da limpeza da USC. CIG

G.L. Como trabalhadora, observas no teu trabalho atitudes machistas por parte de usuários, chefes ou companheiros?

A pesar dos grandes avances dos últimos anos, a figura do encarregado costuma ser um homem, sendo a imensa maioria mulheres neste grémio. E por desgraça, continuam a existir diferentes formas de como um encarregado se dirige às suas empregadas, ou aos seus empregados, dependendo do gênero. Por enquanto, as condiçons laborais melhoram entrando a fazer parte do pessoal laboral da USC, algo polo que se luitou durante todo o ano passado, com protestos e manifestaçons.

G.L. Queres acrescentar mais algumha cousa?

Dar-vos as graças por dar-lhe visibilidade e valor ao trabalho que levamos a cabo e que muitas vezes nom está valorizado pola sociedade.